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Sinta-se Bem

Vício em Queijo? A ciência descobriu traços de morfina e outras substâncias

E é tudo natural de fábrica, ou seja, vem do leite da vaca.

Gabriela Roman Publicado: 02/05/2017 13:04 | Atualizado: 02/05/2017 13:15

Você conseguiria simplesmente parar de comer queijo? Nós sabemos, é praticamente impossível! A paixão mundial do universo gastronômico fica bem com quase tudo.

Mas, como nem tudo é cheddar derretido, existe um lado do queijo que você provavelmente desconhecia. Esse vício não é a toa, o queridinho dos sanduíches contém traços de morfina e outras substâncias.

Como ela foi parar lá?

Aparentemente, a humanidade sabe disso desde 1981, quando Eli Hazum e seus colegas do Wellcome Research Laboratories encontraram no alimento traços de morfina, um opiáceo altamente viciante.

De acordo com o site VegSource, inicialmente os pesquisadores pensaram que o opiáceo vinha da dieta das vacas, já que a morfina utilizada em hospitais vem das papoulas, uma substância produzida por várias plantas que as vacas poderiam estar comendo.

No entanto, descobriu-se que as vacas as produzem naturalmente em seus organismos, assim como as papoulas. Além de traços de morfina, outros opiáceos e codeínas são produzidos nos fígados das vacas e podem acabar indo para o leite.

Descobriu-se também que o leite da vaca, e de outras espécies, contém caseína, uma proteína que também produz efeitos opiáceos. Um copo de leite de vaca contém seis gramas da substância, por exemplo.

Segundo o site CARE2, a morfina está presente não só no leite de vaca mas no humano e é responsável por aumentar o vínculo da prole com a mãe, além de ter um efeito calmante nos filhotes. Isso garante que eles continuem mamando e adquirindo todos os nutrientes que precisam para crescer.

O que acontece quando bebemos leite ou comemos queijo?

Quando você bebe um copo de leite, o ácido estomacal e a bactéria intestinal quebram as correntes moleculares da caseína em casomorfinas de diferentes tamanhos, com poder analgésico parecido com a morfina.

Consequências reais

Apesar de se acreditar que esses opiáceos não conseguiam ir para a circulação de adultos porque o tamanho desses fragmentos de proteína seriam muito grandes para passar pela parede intestinal, pesquisadores franceses provaram o contrário.

Pelos menos alguns pedaços de caseína conseguem ir para a circulação sanguínea e atingem seu pico 40 minutos após a ingestão.

Assim como heroína ou codeína, as casomorfinas reduzem os movimentos intestinais e tem um efeito antidiarreico. Este pode ser o motivo de adultos acharem que o queijo segura o intestino, assim como analgésicos.

Por que vicia?

No queijo, como a maior parte de água, proteína do soro e lactose são removidos, sobram apenas a caseína e gordura. Com a alta concentração de caseína, assim como de casomorfina, o prazer é maior. Segundo Neal Barnard, médico especialista no tema:

“Já que o queijo é processado para expulsar todo o líquido, ele é uma fonte incrivelmente concentrada de casomorfinas – você pode chamar de crack dos laticínios.”

Segundo a CNBC, as casomorfinas “grudam” nos receptadores opioides do nosso cérebro, tornando a comida ainda mais difícil de resistir, como uma droga de fato. Isso combinado com os altos níveis de gordura e sal dos queijos, fazem do alimento um dos mais tentadores.

Já o Science News tem uma posição mais equilibrada. Segundo o site, o queijo, assim como outras comidas, ativa o sistema de recompensa do nosso cérebro, responsável por nos informar o que o nosso corpo precisa.

Esses circuitos cerebrais “nos dão sinais de quando alguma coisa que fazemos é boa, como comer, procriar ou beber água quando você está com sede”, diz Joseph Frascella, neurocientista no Instituto Nacional de Abuso de Drogas em Bethesda.

Esses sistemas são os mesmos utilizados pelas drogas. Por isso nosso cérebro entende as drogas como uma coisa boa e, depois, necessária para a sobrevivência. No entanto, segundo Peter Kalivas, neurocientista na Universidade de Medicina da Carolina do Sul, não é possível comparar queijo com cocaína:

“Drogas fazem coisas que a comida não faz que as torna mais viciantes… Colocar [essas comidas] no mesmo nível de algo como a cocaína é bastante exagerado.”

De acordo com Ashley Gearhardt, da Universidade de Michigan, só porque alguma coisa ativa o seu sistema opioide não quer dizer que ela é viciante.

Quando injetada diretamente em cavidades do corpo ou no cérebro de animais, a casomorfina causou alívio da dor e atrasos de aprendizagem em camundongos recém nascidos, segundo um estudo de 2009 da European Food Safety Authority. Mas se mostrou 20 vezes menos potente do que a morfina propriamente dita.

Em 1994, uma pesquisa sobre laticínios estudou ratos que receberam morfina ou casomorfina, colocadas em gaiolas diferentes. O ratos escolheram passar mais tempo nas gaiolas onde receberam morfina, ou seja, a casomorfina não produziu resultados nos animais.

Outros agravantes do “vício” ao queijo

O alimento contém feniletilamina, um químico que apresenta molécula parecida com a anfetamina, também encontrado no chocolate e na salsicha. Além disso, vários hormônios e componentes do queijo tem funções ainda não esclarecidas.

Em testes com naloxona, uma droga bloqueadora de opioides, uma parte da atratividade do queijo foi eliminada, assim como a do chocolate.

Fonte(s): Science News, CNBC, VegSource, Care2
Gabriela Roman
Roteirista, viajante profissional e amante da internet e das zueiras que vêm com ela.

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