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Viajando Sozinha, em pleno Natal, depois de um belo pé na bunda

31 de março de 2016
Postado por Thaís Aragão

Eu deveria ganhar um prêmio. Sério.

Quem viaja sozinho? Muitos, hoje em dia.
Quem viaja sozinho e na fossa? Alguns corajosos…talvez?
E quem viaja sozinho, na fossa e para passar o Natal – este feriado de comunhão, amor e comilanças felizes sem fim – em um lugar completamente desconhecido?

Euzinha aqui. Que entre o troféu, obrigada. *aplausos*

Quer dizer, completamente desconhecido não se aplicava a Nova York porque desde que me entendo por gente, saía da escola, passava na locadora e gastava minhas tardes assistindo filmes como “Ghost”, “Mensagem para Você” e “Outono em Nova York”.

Eu costumava dizer que conhecia a cidade na palma da mão, mesmo sem nunca ter pisado lá. Cada canto do Central Park, estação de metrô e ruas com fumaça saindo dos bueiros, estavam esquematizados na minha cabeça melhor do que no próprio Google Maps.

Eu queria sair de um prédio e com um copo de café na mão (aqueles longos com tampinha, claro), acenar apressadamente para um táxi e entrar como se eu estivesse mesmo atrasada para algum compromisso. Ou acordar num domingo e me arrumar para o brunch. Só pelo prazer de viver como uma local no lugar que eu sempre quis conhecer.

Mesmo em meio ao trânsito caos pré-Natal, em frente ao prédio dos correios, o cara sorri. Guarda feliz = eu feliz. 🙂

No ano anterior, na minha primeira viagem solo, havia conhecido meu namorado americano, nascido ali pertinho de Nova York. Amor vai, amor vem e o relacionamento ficou sério. Visto emitido, passagens compradas para conhecer a família, a expectativa de ver neve pela primeira vez e patinar no Rockfeller Center, com direito a árvore gigante do “Esqueceram de Mim”.

Parecia tudo perfeito, até que ele terminou comigo três meses antes da viagem. #toma

Tive que decidir entre a possível depressão de viajar sozinha nessas condições e a realização do meu sonho. Depois de muito choro e apesar do medo, vi que desistir estava fora de cogitação porque queria provar a mim mesma que conseguiria viajar sozinha, na merda e conquistar um outro nível de independência: o level hard de viajante solo.

viajando_sozinha_e_na_fossa_sossolteiros

Eu estava determinada a tirar o melhor dessa viagem e desde o primeiro dia, me esforçava para me manter feliz mas, inevitavelmente, no dia 24, a bad bateu. Véspera de Natal, todo mundo com seus amados no quentinho dos aquecedores e eu ali, sentada no High Line Park tendo a companhia apenas do vento – gelado e que cortava a minha cara.

Foi naquele momento que aconteceu a reviravolta. Como nos filmes que eu assistia, o turning point da vida da mocinha acabava de acontecer porque eu havida decidido…fazer uma tatuagem. #oi?

Sim, eu iria fazer uma tatuagem na véspera de Natal e ninguém iria me segurar.

Peguei o metrô, desci em uma das zonas de tatuagem e aleatoriamente escolhi um estúdio. Mentira, não foi aleatório, foi o que dizia na porta “PROMOÇÃO DE NATAL: 50 dólares SÓ HOJE!”.

Óbvio que contei toda a minha ladainha para o tatuador e saí de lá não só com uma tatuagem nova, mas com um “você é bem bonita por baixo desses casacos todos” como elogio e um convite para passar o Natal com ele e a família, que eu gentilmente recusei porque já iria passar a noite com judeus. #oi?²

Como judeus não celebram o Natal, eles criaram uma festa para solteiros que acontece simultaneamente em várias cidades dos Estados Unidos e Canadá. Com entrada em três boates, limousine servindo de shuttle e muita catchaça. #édissoqueopovogosta!

No pânico de passar a noite do dia 24 cantando “All by my-seeelf…don’t wanna beee”, antes de viajar pesquisei sobre festas de Natal em NY e acabei encontrando uma. Achei o evento no facebook, mandei mensagem para uma menina que tinha confirmado presença e à meia-noite estava lá com ela e os amigos, totalmente imune aos jingle bells.

E o tatuador? Esqueci meu passaporte no estúdio e quando voltei para buscar, a gente se adicionou e ele foi a minha companhia para a patinação no gelo e outros programas pela cidade até eu voltar para casa.

Sim, eu consegui. A minha viagem foi uma comédia romântica como eu tanto queria: alegria inicial>fossa>momento da virada>final feliz.

E eu ainda vi a neve pela primeira vez. Tinha como ficar melhor?

Minhas Dicas para Nova York!

Lugar perfeito para tomar o brunch e fazer a fina: The Loeb Boathouse

Fica em frente ao lago do Central Park onde tem a Bow Bridge e a Bethesda Fountain, entrada pela 5ª Avenida entre as Ruas 71 e 79.

Vá com algum match do seu Tinder para impressionar ou vá sozinho mesmo. Sinta-se chique, aprecie seus eggs benedict e leia um jornal num dos bancos do parque depois. Programa ideal para se sentir bem nova-iorquino em um domingo qualquer.

brunch-loebboathouse-ny-sossolteiros

Além do prato principal, cesta com pães e bolinhos, pastinhas…eu estava me sen-tin-do!

Se preferir um brunch de vibe mais cool ou para curar a ressaca: DiWine

Eles tem um menu fixo que custa 15 dólares e música ao vivo, o que atrai muita gente jovem, bonita e animada. Como as mesas ficam próximas umas das outras, é fácil fazer amizades. Principalmente, depois de algumas mimosas.

O ponto fraco é que pode dar preguiça de ir até lá, dependendo de onde estiver hospedado. Fica no bairro de Astoria, na esquina da Avenida 31 com a Rua 42.

Quero uma tatuagem também: St. Mark’s Place

Desça na estação Astor Pl e vá andando em direção ao East Village pela Rua 8 até achar um estúdio que te agrade.

E a tal festa do Natal? The Ball

Saiba mais aqui.

E caso vá passar uma data importante sozinho e distante de casa, assista a esse filme antes: Noite de Ano Novo. Sobre alguns solteiros no último dia do ano na cidade que nunca dorme.

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