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Por que você deveria cobrir a câmera do computador com uma fita adesiva agora

12 de dezembro de 2016
Postado por Rui Davi

 

Que tal se alguém ler tudo pra você? Dá o play!

*Não é um robô, pode acreditar.

Apesar da gente não viver naquele famoso reality show “do Bial”, saiba que neste exato momento pode ter alguém dando uma espiadinha em você, ao vivo e a cores.

Que tal olhar para sua webcam e mandar um tchauzinho?

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Essa nova modalidade de crime virtual se tornou tão popular que ganhou até um nome, “Camfecting“. Ocorre quando um criminoso toma controle da câmera de um computador sem autorização.

O analista de segurança online Roberto Martínez, da empresa de segurança online Kaspersky Lab, revelou ao site da Galileu que as motivações dos hackers invadirem a sua webcam vão desde a curiosidade por observar os outros, até coisas mais graves, como obsessão, pedofilia ou extorsão.

Essa última é realizada por meio de chantagens e ameaças de publicação de arquivos íntimos das vítimas caso não façam o que eles pedem (dinheiro, quase sempre).

Uma invasão não custa caro para o hacker

Essa é uma prática mais comum do que imaginamos, revela o profissional à publicação. Ele diz que com 40 dólares (cerca de R$130) é possível que alguém com más intenções e um pouco de conhecimento possa conseguir um malware chamado de BlackShades, desenvolvido especialmente para a invasão de webcams.

Segundo dados da Agência Nacional contra o Crime (NCA) do Reino Unido, o número de casos desse tipo de crime dobrou em um ano. Foram 864 em 2016 contra 385 em 2015, inclusive, foram registrados 4 casos de suicídio, todos feitos por homens.

Só o grupo hacker chinês “Ghostnet” invadiu cerca de 2 mil câmeras em 103 países. Em 2013 outras 73 mil webcams foram invadidas, informa a Galileu.

Kaspersky Lab, https://blog.kaspersky.es/sextorsion/4150/

Eu vi o que você é

Ataques no Brasil desde 2008

Segundo a explicação de Thiago Tavares, presidente da Safernet – portal especializado em crimes e segurança na rede – , para o site Folha de S. Pauloqualquer dispositivo com câmera e acesso à internet está vulnerável. Apenas o grau de complexidade da invasão é que muda.

Ele ainda diz que isso não é só coisa de filme e que existem registros de invasões como essas no Brasil desde 2008.

Para Tavares, as câmeras de dispositivos que não possuem senhas fortes são as mais suscetíveis a ataques, como as de segurança privada e babás eletrônicas, já que a maioria dos proprietários desses equipamentos não mudam as senhas que vêm como padrão de fábrica, como “123456”.

De acordo com o profissional, outra maneira que os hackers utilizam para a invasão é o envio de links e anexos em e-mails para poder instalar programas maliciosos, como o BlackShades. Usuários desatentos que clicam nesses links, baixam anexos ou instalam plugins e programas desconhecidos podem estar abrindo as portas para uma possível invasão.

Nem só de computadores vive um hacker. Os celulares também estão na mira!

Smartphones também podem ser acessados por pessoas mal-intencionadas. Se a pessoa clicar em links no WhatsApp ou baixar aplicativos de lojas não oficiais, por exemplo, a invasão pode acontecer, revela a publicação.

E mesmo que o aparelho possua um antivírus instalado, ele não irá evitar que você cometa esses erros, por isso é preciso muito cuidado e atenção no modo como navega na internet, alerta Tavares.

Wonder Howto, http://smartphones.wonderhowto.com/how-to/hack-smartphone-using-sms-275851/

Você foi hackeado

Como evitar ter seu aparelho invadido

Segundo o site Tecmundo, utilize sempre senhas fortes, compostas por letras (intercalar caixa alta e baixa), números e símbolos. Não tenha preguiça. Além disso, altere suas senhas frequentemente. Se puder, coloque seu Wi-Fi em modo oculto e mantenha seu antivírus atualizado.

Verifique o link e não clique se ele for suspeito. Antes de acessar, certifique-se de que quem mandou é mesmo confiável. Também não faça downloads de aplicativos fora da Google Play ou da Apple Store.

O site da Super Interessante alerta que algumas câmeras dos notebooks vêm com uma luz de LED para indicar se ela está em uso. Então, se essa luz acender ou piscar sem você estar usando pode ser um sinal de que alguém está utilizando a sua cam. A sugestão da publicação é que se desligue a internet e coloque o antivírus para fazer um escaneamento completo do sistema.

O método mais seguro é o menos tecnológico

Se mesmo seguindo essas medidas você ainda se sente desprotegido, dá para seguir uma atitude muito simples feita pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, e também pelo diretor do FBI James Comey, que é tampar a câmera com fita adesiva.

The Next Web, http://thenextweb.com/facebook/2016/06/21/mark-zuckerberg-defeats-hackers-piece-tape/

SEM LEGENDA

Essa pode parecer uma medida exagerada, mas o próprio FBI revelou ao Washington Post que é possível invadir uma câmera sem ativar a luz de LED.

O diretor Comey declarou à publicação que as pessoas devem ser responsáveis pela sua própria segurança online e tomar esse tipo simples e eficiente de precaução.

O que fazer se já aconteceu?

A NCA recomenda que as vítimas não entrem em pânico e procurem a polícia imediatamente. Também não se comunique com o criminoso, não pague o que ele pedir e preserve qualquer evidência do crime.

Além disso, não delete sua conta no Facebook, apenas suspenda. Depois entre em contato com o site de vídeos ou fotos para excluir o material caso ele já tenha sido publicado.

Mesmo que você não tenha tantas informações confidenciais como o dono do Facebook ou o diretor do FBI, você deve ter cuidado com sua segurança online. Afinal, ninguém deseja ter sua vida íntima exposta na internet, pelo menos sem ter um prêmio de milhões em jogo, né Bial?

Revista Galileu, Tecmundo, Super Interessante, Gizmodo, Olhar Digital

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