Ciências Humanas não terão mais investimento do governo; e eu com isso?
O presidente Jair Bolsonaro usou o twittter para anunciar a “descentralização de investimentos em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)“. Segundo ele, o objetivo do Ministro da Educação Abraham Weintraub é focar esses investimentos em áreas que consideram de retorno imediato, como Veterinária, Engenharia e Medicina.
Na sequência, o presidente disse que a função do governo é ensinar “leitura, escrita e a fazer conta“. Ainda durante a campanha, Bolsonaro criticou o que chamou de “tara” do brasileiro por ensino superior. Mas será que a formação superior, especialmente na área das Ciências Humanas é tão dispensável e desnecessária assim?
Em uma palestra ao TED sobre a importância das humanidades para a tecnologia, Eric Berridge, consultor da IBM, diz que investir em educação baseada apenas em “STEM” (a sigla diz respeito às áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é “um erro colossal”; e resume: enquanto as Ciências Exatas ensinam “como construir coisas”, as Humanas são responsáveis por mostrar “o quê e porquê construir“.
“As habilidades que são imperativas e diferenciadas em um mundo com tecnologia intuitiva, são as habilidades que nos ajudam a trabalhar em conjunto como humanos. Onde o trabalho duro visa o produto final e sua utilidade, o que requer experiência no mundo real, julgamento e contexto histórico.
(…) Se tem uma coisa que a força de trabalho do futuro precisa (e acho que todos nós podemos concordar nisso), é diversidade. Essa diversidade não devia se resumir a gênero ou raça. Nós precisamos de diversidade de áreas e de habilidades”, esclarece o especialista que faturou U$ 200 milhões em um projeto, apostando nas ciências humanas.
Ao Jornal Nexo, Subrena E. Smith, professora-assistente de Filosofia da Universidade de New Hampshire, escreveu sobre as aplicações práticas da Filosofia, mostrando que a área é mais importante para as Ciências de maneira geral do que se imagina:
“Os experimentos de pensamento filosóficos de Albert Einstein tornaram possível a missão espacial Cassini. A lógica [filosófica] de Aristóteles é a base para a ciência da computação, que nos deu laptops e smartphones (…) A filosofia sempre esteve trabalhando em silêncio nos bastidores da ciência”.