A Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolve um interessantíssimo trabalho com pele de tilápia, desde 2014, tanto que virou tema em diversos seriados médicos nos EUA. Pesquisadores da universidade começaram utilizando o material biológico como ataduras para auxiliar no tratamento de pacientes vítimas de queimaduras.
Em 2017, pesquisadores da UFC criaram o primeiro banco de pele animal do país e, durante o mês passado, realizaram um procedimento inédito no mundo: a pele do peixe foi utilizada no processo de reconstrução vaginal após cirurgia de redesignação sexual.
Um passo muito importante para as pesquisas será dado em breve: em uma ação conjunta com a NASA, agência espacial americana, amostras de pele de tilápia serão enviadas para o espaço. A proposta é expor essas amostras ao ambiente da estratosfera e analisar possíveis reações.
“Após essa exposição, vamos comparar para verificar se houve alguma alteração na estrutura, se as propriedades da pele se mantêm ou são alteradas”, destacou o professor Odorico de Moraes, coordenador das pesquisas.
Com os testes, os pesquisadores esperam avaliar a aplicabilidade da pele de tilápia em outras situações além das já testadas; uma expectativa é utilizá-la em próteses internas no corpo humano. É a ciência do Brasil ganhando o mundo e o espaço – literalmente.
Vale dizer que ontem (09), o presidente Jair Bolsonaro fez transmissão ao vivo para redes sociais ao lado do médico e pesquisador Marcelo José Borges que descobriu propriedades terapêuticas da pele da tilápia. Fato curioso, pois na mesma semana o Reitor da UFC disse que o corte de verba do governo vai impactar atividades de extensão, bem como hospitais universitários:
“Pelos sacrifícios que sofrerão nossos bolsistas, pesquisadores e os agentes que levam a Universidade para o interior das comunidades pobres. De fato, é a população inteira que será apenada, e isso nos leva a conclamar a sociedade, através de suas representações mais legítimas, para se mobilizar contra o golpe que ameaça inviabilizar a universidade pública, gratuita e de qualidade”, declara Campos.