“Tá todo mundo mal”: Quem são as pessoas de 30 anos no Brasil
Nada como chegar aos 30 anos e ver que tudo ocorreu exatamente como sonhado: casa própria, emprego dos sonhos, carro na garagem e passaporte recheado de carimbos.
Não… pera, por aqui não pintou nada disso, e aí?
Mas pelo menos não estamos só…
O jornal Valor Econômico divulgou uma pesquisa que analisou pessoas que chegaram aos 30 em 2016 e mostrou que não somos os únicos que não viraram empresários de sucesso ou estrelas do Rock.
O Estudo
A pesquisa foi realizada pela Giacometti Comunicação e pela agência de pesquisas Pesquiseria, e ouviu cerca de mil “trintões”, das classes A, B e C, com renda superior a R$ 1,7 mil, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.
Nada menos que 85% dos entrevistados declaram estar decepcionados com a situação que alcançaram aos 30 anos.
Os pesquisadores acreditam que a atual crise, no Brasil e no mundo, pode ter influenciado no pessimismo, mas existem outras causas.
Ok, a culpa é toda minha?
Não. Segundo os pesquisadores, a insatisfação da galera se deve a 3 fatores estruturais da sociedade (ufa!):
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Ausência de ferramentas que incentivassem o desenvolvimento da inteligência emocional e a autorreflexão;
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O ambiente familiar, que protegeu, mas não incentivou o jovem a autoconhecer-se;
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E o Estado, que não ofereceu políticas educacionais que incentivassem a reflexão e a crítica.
“A sensação predominante entre os entrevistados é de não ter ainda assumido as rédeas da própria vida”, declara Tiago Faria, de 32 anos, diretor da Pesquiseria.
Tiago chegou a essa conclusão devido a 64% dos entrevistados declararem que viveram de acordo com as circunstâncias da vida, escolhendo uma profissão sob a influência dos pais ou tendo trabalhado desde cedo.
Somente 36% se disseram satisfeitos com a autonomia que tiveram para escolher o que queriam ser quando crescessem.
Ninguém é meu herói
Outro dado relevante apontado pelo estudo é que nessa geração quase não existem personalidades seguidas como referência pessoal ou profissional. Quando perguntados sobre seus ídolos, 32% respondeu que era a mãe e 15% respondeu que o grande ídolo era o pai.
Além disso, os jovens da classe A/B acham que os pais se dedicaram a jornadas de trabalho excessivas, enquanto os da classe C reconhecem que os pais começaram a trabalhar cedo, abandonaram os estudos e por isso são mal remunerados.
Sorte no jogo, azar no amor. Ou não…
Mas se você acha que o desespero geral é só dinheiro, está enganado. A maioria dos entrevistados declarou sentir-se insatisfeito tanto com a vida profissional, quanto com a pessoal.
Há também os que se preocupam apenas com um dos 2 aspectos, mas a maioria sente o drama no bolso mesmo: 80% dos entrevistados acreditavam que teriam estabilidade financeira aos 30, mas só 16% declararam tê-la.
Desacreditados de uma possível ascensão no mercado de trabalho, 83% disseram ter como meta passar em um concurso público, enquanto 67% desejam abrir o próprio negócio.
Quanto aos bens, 52% queriam ter um carro e casa própria aos 30, mas só 26% da classe C conseguiu, e 39% das classes AB.
Como alcançar o sucesso?
Para os 15% que se sentem satisfeitos com a vida, o segredo do sucesso está no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e a chave para esse equilíbrio é o planejamento.
Existe uma infinidade de casos de pessoas que mudaram de vida aos 30, claro que não da para largar tudo e sair fazendo um mochilão pelo mundo, há as contas e elas não param de chegar.
Mas, segundos os participantes bem sucedidos da pesquisa, dar um tempo para os pensamentos, olhar para trás e usar seus erros e acertos para “mapear” um futuro próximo, pode ser um bom começo para a jornada de sucesso.
E o mais importante que podemos tirar desse estudo é não nos cobrarmos tanto, não deixarmos que a culpa de “ainda não ter dado certo” nos consuma e atrapalhe nosso desenvolvimento.
Como diria Jout Jout, a realidade é que “tá todo mundo mal”.