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Setor Bugiganga

‘Sequestro mental’: Especialistas em tecnologia estão saindo das redes sociais nesse exato momento

São 2.600 cliques no celular todos os dias, e isso é grave!

Dario C L Barbosa Publicado: 10/10/2017 12:31 | Atualizado: 11/10/2017 10:09

O estilo de roupas que você usa, o que pediu de almoço no restaurante, seu corte de cabelo. Tudo isso foram escolhas suas… só que não.

Apesar de trazer vários benefícios, a tecnologia (em especial as redes sociais) pode manipular a nossa vida, como por exemplo nosso direito de escolha.

Como que é?!

De acordo com o The Guardian, vários designers, executivos e programadores do Vale do Silício (região na Califórnia onde estão concentradas as gigantes empresas de tecnologia) abandonaram ou restringiram o uso das redes sociais como meio para evitar o temido “sequestro mental“.

Segundo uma pesquisa, publicada na plataforma Dscout, as pessoas tocam no celular cerca de 2.600 vezes por dia, muitas acordam e já publicam frases, mandam mensagens e distribuem likes no Instagram antes mesmo de se levantarem da cama. Tudo isso são indícios desse tal sequestro mental.

Conforme disse Tristan Harris, ex-empregado da Google e um dos maiores críticos das tecnologias de informação da atualidade, as grandes empresas vem usando de artimanhas para assumir o controle de nossas vidas, de nossas escolhas, e para ele essa é uma das questões mais importantes dos novos tempos. A democracia está em risco.

“Todos nós fomos sequestrados pelo sistema. Todos os nossos cérebros podem ser sequestrados. Nossas escolhas não são tão livres quanto a gente pensa.” – disse o especialista em entrevista ao The Guardian.

Como assim, não somos livres?

Tudo isso se deve à pratica de vigilância, já abordada nesse texto e nesse, onde diversos aplicativos (como o Facebook, Tinder, Twitter, etc.) armazenam nossos dados, acompanhando todos os nossos movimentos nas redes sociais (e inclusive fora delas), para depois vender o que descobriram à outras empresas.

O objetivo é nos apresentar anúncios de produtos ou serviços que se aproximem mais ao nosso gosto pessoal. Só que o buraco é bem mais embaixo.

Com essas informações, as empresas podem restringir o que nos é apresentando, ou seja, no fundo são elas que escolhem o que a gente vai ver ou não, e, consecutivamente, o que vamos consumir. Essas escolhas pré-determinadas podem ir além de um novo shampoo ou um corte de cabelo da moda.

Alguns especialistas do Vale do Silício acreditam que a interferência que o sequestro mental é capaz de causar em nossas vidas pode ser um dos motivos para alguns dos acontecimentos políticos de grande importância no mundo, como a popularidade de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos – ou do MBL, no Brasil.

Pão e Circo

Nada do que vemos na tela é uma mera coincidência. Tristan Harris estudou com BJ Fogg, um psicólogo comportamental famoso por ter desenvolvido técnicas de design para persuadir as pessoas.

Desde a cor das notificações, o modo como os vídeos são colocados em sequência, os botões de ação, tudo é pensado e tudo tem um objetivo. Tudo.

E enquanto eles usam deste artifício, como a possibilidade da sensação de recompensa, através dos likes, de deslizar o dedo para atualizar e sentir a ansiedade do que será revelado, ou de expressar nossos gostos através do “amei”, ficamos cada vez mais viciados na tecnologia, e assim entregamos mais informações pessoais à terceiros.

Lembra do aplicativo Sarahah que virou moda até pouco tempo atrás? Então… (se não sabe, entenda tudo aqui)

Ou seja, enquanto você fica feliz por responder um quiz sobre sua personalidade, fazer “chover corações” ou “flores de gratidão” na timeline alheia, tem um robozinho pensando “humm, ela gostou dessa foto de piscina? Vou mostrar uns anúncios de biquini ou um produto que promete um corpo em forma em 7 dias“.

E isso é tão real e tão assustador que no início de 2017 um relatório do Facebook caiu na rede, comprovando o quão longe eles podem chegar.

De acordo com o que foi noticiado, o Facebook é capaz de identificar, através do nosso uso da internet, quando um adolescente está inseguro, desvalorizado e sem muita confiança, por exemplo. O grande problema é que ter em mãos esse tipo de informação, coloca as escolhas pessoais desses jovens no controle de grandes corporações.

De acordo com James Willians, estrategista e ex-funcionário da Google, essa tática, conhecida por “economia da atenção”, prejudica completamente os pressupostos pelos quais a democracia foi baseada.

E ainda questiona se no andar da carruagem ainda nos sobraria discernimento para notarmos o estrago que toda essa manipulação pela tecnologia pode fazer com nosso direito de escolha, e se conseguiremos notar quando o sistema nos transformar em marionetes perfeitas para seus interesses.

“Será que vamos poder reconhecer, se e quando isso acontecer? “E se não pudermos, então, como saberemos se isso já não aconteceu?” – questiona o especialista.

Por isso sugerimos um mantra: menos internet, mais meditação.

Fonte(s): The Guardian, Vio Mundo, The Guardian
Dario C L Barbosa
Fundador e editor do Almanaque SOS. Paulistano, formado em Comunicação Social, trocou o rádio e a televisão pela internet em 2012. Vegetariano, meditante, na luta por consciência e equidade. ( Twitter - Instagram ).

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