“Sem Ofensa”: Youtuber transforma comentários hater em uma música incrível
Você que habita a terra chamada internet, já deve ter percebido o quanto a propagação de ódio é frutífera por aqui. Se for em um ambiente anônimo então, nem se fala.
Como reagir aos comentários de ódio?
É claro que ninguém gosta de ler coisas ruins a seu respeito, principalmente vindas de desconhecidos. Uma saída zen é simplesmente ignorar esses comentários e seguir a vida.
Entretanto, uma “alternativa” para lidar com eles tem chamado atenção na internet atualmente. A cantora e compositora estadunidense Madilyn Bailey fez nada menos do que uma música utilizando apenas comentários de ódio endereçados a ela nas redes sociais.
É genial, veja:
Comentários negativos sobre a aparência de Madilyn como”você está parecendo uma viciada em heroína” ou “seus lábios são deformados” viraram versos na canção.
Outras críticas quanto ao talento musical da cantora também foram reunidas para sua nova e surpreendente canção, como: “isso é veneno para meus ouvidos“, “você é 1% boa em cantar” e “apenas pare, você destrói tudo“.
Depois de cada ofensa, a compositora cita a frase “sem querer ofender”, a mais utilizada pelos haters “educados” quando tentam amenizar as críticas.
O vídeo de Madilyn mostra que a ideia faz sucesso, já são mais de 6 milhões de visualizações, até esta publicação. Mas vale dizer que essa ‘onda’ de transformar comentários negativos em letras de música começou ainda em 2016, com a atriz, cantora e comediante estadunidense Collen Mae Ballinger.
Uma obra igualmente maravilhosa, ouça:
Fazendo música ou não, essas ideias nos mostram uma forma saudável de lidar com o ódio online. Se apropriar das críticas de forma bem humorada e artística pode ser a melhor saída para os haters que se proliferam internet afora.
Essa infestação não é de hoje. Desde 2014, pelo menos, a coisa já estava feia. Nesse ano, Arthur Santana, pesquisador da Universidade de Houston, estabeleceu uma relação direta entre o anonimato na internet e a propagação de discurso de ódio.
Em suas pesquisas, Santana chegou a um número preocupante: mais de 53% dos comentários feitos de maneira anônima tinham conteúdo racista, vulgar ou de ódio. Milhares de comentários em sites de notícias foram analisados pelo pesquisador.
“Um dos benefícios do anonimato online é que ele permite que as pessoas expressem suas opiniões, desinibidas, especialmente se for uma opinião impopular.
É quando os comentários caem em linguagem odiosa, ameaças ou racismo que a conversa se quebra e qualquer benefício do diálogo construtivo desaparece“, destacou Santana.
E não é apenas com por meio do anonimato que discursos de ódio são propagados. O pesquisador mostrou que quase 30% dos comentários com autor identificado também apresentavam teor ofensivo.
Um estudo publicado na Academia Nacional de Ciências do Estados Unidos mostrou uma análise quantitativa massiva no Facebook. Chegou-se à conclusão de que, além de o ambiente favorecer a desinformação (com rápida replicação de notícias falsas, por exemplo), o ambiente também se mostrou propício para a criação de comunidades homogêneas e polarizadas.
Ou seja: além de facilitar a aproximação de pessoas que pensam de maneira parecida, as comunidades virtuais tendem a apresentar comportamentos agressivo com aqueles que pensam diferente: os famosos haters.
Vale destacar um dado alarmante: o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de ofensas na internet. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Ipsos – a terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado.