As pessoas que não conhecem muito o universo da maconha e têm informações provenientes da mÃdia ou de comentários de terceiro, imaginam muita coisa verdadeira sobre essa droga. Imaginam, por exemplo, que o usuário da maconha é um cara meio xarope, que tem o olhar vago, de que não vê nada à sua volta e está propenso, a qualquer momento, a praticar um crime ou partir para drogas mais fortes.
De certa forma, é isso mesmo. Mas apenas para um parcela muito pequena dos que se dedicam ao hábito. É o mesmo que generalizar uma definição de quem bebe — são uns viciados, incapazes, violentos que deveriam embarcar no primeiro ônibus rumo a uma sede do Alcóolatras Anônimos. Você, que bebe um chopp nos fins de semana, gosta de chegar em casa e tomar uma dose de uÃsque e não dispensa um vinho com aquela senhorita que está prestes a te considerar como um parceiro sexual, certamente não se encaixa nesse perfil. Certo?
Pois é… com a maconha é a mesma coisa.
A maconha faz mal à saúde? Claro que sim. Lembro da história do cara que fez uma noitada: tomou um litro de uÃsque e cachaça, fumou um maço de cigarro, comeu uma feijoada à s quatro da manhã, fumou um baseado e acabou dormindo no chão. Acordou com aquela ressaca e jurou nunca mais fumar maconha. A erva faz mal, como a maioria das drogas e até das não drogas. Mas, diferentemente do álcool, do cigarro, da cocaÃna, das drogas quÃmicas (como os benzodiazepÃnicos), a maconha não tem efeito cumulativo. Por mais que você fume, há um limite para o barato. Por isso, não existem casos de overdose de maconha. Ninguém consegue morrer de tanto fumá-la — por mais que se tente.
A maconha leva a outras drogas? Claro que sim. Afinal, as pessoas que gostam de drogas procuram… drogas. Mas há uma questão de afinidade, que é muito importante. Maconha é como mulher. Você escolhe uma e permanece com ela enquanto a paixão perdura. Pode ser que você dê uma escapadinha ou outra, mas no fundo, você ama mesmo é aquela. E um dia, você não acha mais graça naquela relação, se separa e, talvez, procure outra, ou, quem sabe, prefira ficar solteiro. Talvez a relação seja tão boa que você opta por ficar com ela, e só com ela, o resto da vida. Quem sabe?
A maconha provoca câncer? Claro que sim. Tanto quanto usar cueca apertada, sabonete industrial e salsicha enlatada. Diz um médico, amigo meu, que todo mundo terá um tipo câncer algum dia, a não ser que morra antes. Mas a maconha é diferente do cigarro. Você pode fumar 30, 40, 60 cigarros (comuns) por dia — praticamente não há limite. Estará, também, consumindo 4 mil substâncias nocivas à saúde. Com a maconha, não. Fumar dois baseados por dia já caracteriza um usuário pesado. A maioria fuma de vez em quando, nas horas vagas. Nesse caso, é uma questão de quantidade. E também de qualidade: a maconha é, ainda, uma erva natural, sem preparos industriais. Não me refiro a erva (criminalizada) vendida por traficantes, que, por não prezar pela qualidade, oferecem maconha com amônia, mijo, restos de animais e outras misturas excêntricas que fazem mal a saúde.
A maconha leva ao crime? Com certeza. Desde que o usuário seja criminoso, até mesmo um inseticida leva ao crime. Na maioria das vezes, o maconheiro é um cara desencanado, com ar romântico sobre a vida, avesso à violência. Não é à toa que a maconha passou a ter seu uso disseminado com os hippies, que pregavam, como você há de saber, paz e amor.
Por fim, a maconha não é e nunca será a causa de nossas mazelas sociais — longe disso. E hoje, a compreensão desse fato vai muito além do que se diz na mÃdia e à boca pequena. Cada vez mais seu uso é liberado e descriminalizado em todo o mundo. Mais ainda: o seu uso para tratamento paliativo de doenças como câncer, artrite, glaucoma e outras é mais do que comprovado. Por alguns motivos: abre o apetite, acalma, provoca pensamentos leves e divertidos, reduz o estresse e a angústia.
Se toda essa explicação não resolveu suas dúvidas, então só há um jeito: é melhor você fumar um e refletir sobre o assunto.
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