Tutoriais para mulher reparar a casa sozinha sem precisar de ‘Faz Tudo’

No que depender de Mari Pavan, do Agiliza Lab, “ferramenta é coisa de mulher”. O projeto ajuda mulheres a conquistar independência dentro de casa, aprendendo a consertar coisas sozinhas.

A cada dia parece ficar mais óbvio que, após séculos de luta, as mulheres continuam revendo conceitos já ultrapassados há muito tempo. Um deles, é claro, consiste no uso de ferramentas para serviços de manutenção em casa.

Sejamos sinceros: nenhuma mulher (salvo raríssimas exceções) é ensinada a manusear ferramentas durante sua vida. A frase “ferramenta é coisa de homem” parece ter impregnado no imaginário social – e pra sair, sabemos, é difícil.

No entanto, no que depender de Mari Pavan, do Agiliza Lab, essa situação tem tudo para mudar cada vez mais. Seu conteúdo busca ajudar mulheres a conquistar sua independência dentro de casa, aprendendo a consertar coisas com ótimas dicas sobre o universo das ferramentas.

É, definitivamente, o fim do constrangimento de ter que sair pedindo ajuda pro vizinho.

Vale lembrar que, além da Mari, também vale acompanhar o trabalho da Paloma Cipriano – que é mais focado em dar autonomia às mulheres ao fazerem, sozinhas, grandes reformas.

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Depender dos outros? Sai fora!

O projeto conta, atualmente, com um perfil no Instagram e um canal no YouTube onde, além de dicas diárias sobre como usar ferramentas, Mari também tem se dedicado a dar um curso inteiro sobre consertos: o “Deixa que eu faço ON”.

Naturalmente, por conta da pandemia, mesmo aulas que tinham a possibilidade de ser ministradas presencialmente tiveram que migrar para o formato online. Isso não pareceu desanimar a mulherada, já que o perfil de Mari conta com mais de 20 mil seguidores – e segue crescendo.

Aprender a consertar o que quebra dentro de casa é fundamental para garantir conforto e segurança – e, disso, ninguém duvida. Se é tão essencial, por que somente homens aprendem a lidar com esse tipo de situação?

SEM LEGENDA

Foi pensando justamente nisso que Mari decidiu colocar a mão na massa e ajudar milhares de mulheres que não sabiam, literalmente, consertar um chuveiro.

Afinal de contas, em uma sociedade onde (felizmente) cada vez mais mulheres adquirem independência financeira, está mais do que na hora de sermos livres para morarmos sozinhas, sem ter que sair “tercerizando” tarefas consideradas “difíceis demais pra uma mulher”.

Para começar a ver dicas sobre o uso de ferramentas, nem precisa de muito: é só acessar os Stories ou navegar pelos posts estilo “carrossel”, com mini tutoriais simplesmente imperdíveis no Instagram. Confira, abaixo, cinco dos melhores:

1. Como não acertar canos e fiações com a furadeira

2. Fone de ouvido quebrando?a

3. O que verificar na parte elétrica do seu apê

4. Coisas que você deve saber antes de trocar o chuveiro

5. Rola pintar azulejos?

Mais do que “quebrar padrões”

Quebrar padrões é importante (embora sempre exista o pessoal que acha desnecessário). No entanto, a iniciativa do Agiliza Lab parece ir além disso.

Aprender a realizar tarefas importantes na manutenção de uma residência é, também, uma questão de segurança. Sempre existe a possibilidade de contratar uma pessoa para realizar esse serviço, mas nem toda mulher se sente segura para fazer isso.

Isso quer dizer que devemos viver sempre com medo? Não necessariamente.

No entanto, quanto mais independência construirmos, melhor aprendemos a “nos virar” diante de situações que não podem esperar. Imagine só chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho e perceber que o chuveiro queimou, mas ter que esperar até o outro dia para contratar alguém… ninguém merece, certo?

Conheça a Mari Pavan – Agiliza Lab

Confira a entrevista exclusiva do Almanaque SOS com a criadora do projeto, Mari Pavan.

Surgimento da ideia

Almanaque SOS: Como surgiu a ideia de criar conteúdo sobre ferramentas voltado para mulheres?

Mari Pavan: O Agiliza Lab nasceu em 2017 como um workshop 100% prático e presencial, que acontecia mensalmente desde junho de 2017. Com a chegada da pandemia, todas as atividades e cursos previstos foram cancelados e eu não tinha muito uma previsão de retomada.

Neste período, comecei a receber muitas perguntas de gente com problemas em casa, pedindo ajuda pra fazer sozinha pequenos reparos ou instalações, já que ninguém podia chamar uma pessoa profissional e as coisas continuavam quebrando.

A partir daí, comecei a investir boa parte do meu tempo nessa produção de conteúdo, tanto para o YouTube quanto para o Instagram, bem como esse objetivo, de aproximar as mulheres do mundo das ferramentas, consertos de casa e faça você mesma.

Mas, para além do prático, também incentivá-las a realmente tentarem fazer essas coisas. Digo isso porque muito dos reparos que ensino são relativamente simples e têm um risco baixo, e vejo que o que acaba travando a gente na hora de fazer, muitas vezes, é o medo ou a falta de familiaridade com esse mundo.

Então, desde março/2020 eu comecei a investir bem mais tempo e esforços nessa produção de conteúdo, que é sim direcionado principalmente às mulheres, mas que é útil pra todo mundo que gosta de colocar a mão na massa.

Que tal aprender a usar as ferramentas que você tem em casa?

SOS: Acredito que o público que lhe segue queira saber: como você aprendeu todas essas habilidades?

MP: Eu sempre gostei muito de criar e consertar coisas com as mãos e até hoje não jogo nada fora sem tentar consertar.

Digo que, quando era criança, minha brincadeira preferida era desmontar meus próprios brinquedos!

Meu pai tem um jeito muito parecido, gosta de ferramentas e de consertar as coisas, e muito eu aprendi vendo ele fazer as coisas, depois estudei alguns desses assuntos, mas muita coisa eu também aprendi com a experiência prática, de ir lá e tentar.

Eu acredito muito nisso, no aprendizado empírico! Claro que tem coisa que não dá pra “descobrir na prática”, como os consertos elétricos, que exigem cuidados e conhecimentos específicos para serem feitos. No entanto, tem muita, muita coisa mesmo que a gente consegue resolver com um pouquinho de curiosidade e criatividade.

Quando a ideia do Agiliza Lab começou a tomar forma e eu decidi que ia fazer acontecer, fiz ainda outros cursos mais técnicos, como de eletricista instaladora e pintura profissional, pra aprofundar meu conhecimento e estou sempre buscando me capacitar mais, para trazer novas técnicas e dicas para as alunas.

Rotina na pandemia

SOS: Como tem sido a rotina de produção de conteúdo durante a pandemia? Como foi a adaptação de seu curso online?

MP: Tem sido uma rotina bem intensa, porque “Deixa Que Eu Faço” é o nome do curso mas, pra mim, é também uma mentalidade e um jeito de encarar as coisas. Então, sou eu quem produzo todos os conteúdos do Instagram, eu mesma que gravo e edito os vídeos para o YouTube, faço as artes…

Nesse período, eu também fui estudar muito sobre técnicas de produção de conteúdo, design gráfico, edição e vídeos, programação, e isso exige um tanto de tempo e esforço, então uma parte significativa da minha rotina é dedicada a isso.

Já a adaptação do curso para o modelo online confesso que foi uma surpresa pra mim. Eu sempre fui muito reticente em migrar o curso para o formato online porque via a experiência prática do workshop como o principal valor do curso.

No entanto, com a pandemia sem data pra acabar, eu fiz algumas edições ao vivo do curso, focado em temas individuais (só elétrica, ou só pintura) e teve bastante procura, além dos feedbacks das alunas terem sido ótimos!

Isso fez com que mulheres de todo o Brasil (e até de fora dele) pudessem participar e usar suas próprias casas como ambiente prático para aplicar o que aprenderam.

Por conta das circunstâncias, eu fiz também alguns ajustes na metodologia do Deixa Que Eu Faço, que é de criar uma trilha de aprendizado com pequenas tarefas práticas, que as alunas vão realizando conforme avançam no curso e com isso vão ganhando mais familiaridade e segurança nos consertos, começando com aqueles mais básicos e indo até os mais avançados, sempre dando suporte a elas durante esse processo.

Uma experiência impactante

SOS: Qual foi a experiência mais impactante que você teve durante a disseminação de conteúdo na web?

MP: Fica difícil escolher uma só, eu tenho recebido relatos muito lindos de mulheres que se inspiraram e se sentiram encorajadas a tentar fazer as coisas em casa por conta do meu conteúdo, que depois me mandam fotos e histórias das coisas que elas fizeram em casa ou do quanto dinheiro conseguiram economizar por não precisar chamar ninguém.

Eu fico sempre muito honrada com esse tipo de retorno porque é justamente isso que dá sentido ao meu trabalho, tornar esse conhecimento uma realidade na vida das pessoas.

Em especial, teve um e-mail que eu recebi de uma aluna do Deixa Que Eu Faço ON, contando sobre um momento muito difícil que ela estava passando na vida. Ela fez questão de mostrar o quanto colocar os conteúdos do curso em prática a fez sentir capaz e reforçou sua autoestima e autoconfiança.

Eu digo sempre que aprender a fazer e consertar as coisas conecta a gente com uma potência dentro de nós que reforça muito nosso senso de capacidade e autoconfiança – quem já montou um móvel na vida conhece essa sensação.

SOS: Geralmente, quando é possível encontrar novas turmas no “Deixa que eu faço”, seu curso online?

MP: (…) Para participar basta se inscrever em agilizalab.com/jornada