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Como o remédio similar pode ser mais barato que o genérico; é uma opção segura?

11 de março de 2020
Postado por Paulo Olinto

Você chega na farmácia e o atendente diz que não tem o remédio que você precisa, mas te oferece o genérico ou o, muitas vezes esquecido, remédio similar. E aí, qual escolher?

Antes de sair testando medicamentos por aí, dá uma olhadinha na imagem abaixo:

Lista de Medicamentos Equivalentes, http://equivalentes.com.br/como-identificar-pela-embalagem-os-tres-tipos-de-medicamentos-referencia-generico-e-similar/

SEM LEGENDA

De forma resumida, os medicamentos de referência são os originais. Já os genéricos e os similares são cópias (bem mais baratinhas). Os originais possuem patentes que duram de 10 a 20 anos. Depois desse prazo surgem os genéricos e os similares. E aí a situação muda!

Ah, então agora todo mundo pode copiar esses remédios e sair vendendo por aí?

Não! Os três tipos de medicamentos precisam passar pela aprovação da ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), que possui regulamentação específica antes de liberar a comercialização. Com essa liberação outros laboratórios começam a fabricar os remédios e os preços caem.

Apesar disso, muita gente ainda desconhece ou desconfia dos remédios similares, que por vezes saem mais em conta do que todas as opções, apostando apenas nos genéricos como uma alternativa segura.

Como o remédio similar pode ser mais barato que o genérico – que já é mais barato que o original?

A Professora de farmácia da UEPB, Vanda Lucia Santos, Doutora em Farmacologia de Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos nos contou os motivos dessa diferença de preços:

“A diferença de preço entre genéricos e similares se deve principalmente ao fato de que há investimentos diferenciados em embalagem, rótulo ou ações comerciais como visitação médica ou exposição em mídias.

Segundo a Lei 9.787/99, o medicamento genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato do que o de referência. Porém não existe uma lei que regulamenta que o similar deve ser mais barato ou não do que o medicamento de referência ou genérico.

Assim, o consumidor pode encontrar diferentes preços a depender da marca que ele utiliza e o local em que ele está comprando os medicamentos”, explica.

O mito de que os medicamentos similares são piores que os genéricos já rolava pelo início dos anos 2000, porque não havia uma regulamentação até 2003, enquanto os genéricos já tinham a sua.

“A ANVISA, através de resoluções, estabeleceu desde 2003 que os medicamentos similares devem apresentar estudos comparativos com o medicamento de referência com o objetivo de comprovar a equivalência terapêutica entre o medicamento similar e o seu respectivo medicamento de referência do mesmo modo que os genéricos.

Ou seja, não deve haver motivos para duvidar a eficácia dos similares ou dos genéricos.

Acredito que história de que os similares são menos confiáveis que os genéricos surgiu do fato de alguns serem realmente muito mais baratos e assim algumas pessoas creditarem que só é bom o que é caro”, afirma a Professora Dra. Vanda.

A farmacêutica, Mestre em Fármacos e Medicamentos e Doutoranda em Análises Clínicas, Melissa Mancini Alcantara, detalhou a confusão com os similares:

“No passado, genéricos e similares precisavam passar pelo teste de equivalência farmacêutica, mas somente os genéricos precisavam passar pelo teste de bioequivalência. Por isso similares eram menos confiáveis, não tinham exigência de passar pelos mesmos testes do que o genérico. Agora já precisam”.

Hoje, a ANVISA regulamentou os similares, obrigando os fabricantes destes medicamentos a apresentarem estudos que comprovassem a equivalência aos de referência, ou seja, aos originais.

 

 

Importante ficar ligado sobre a intercambialidade

Os de remédios de referência podem ser substituídos pelos genéricos e similares, mas o genérico não é intercambiável com o similar, e nem o contrário. Ou seja, não pode substituir medicamentos similares pelos genéricos, nem os genéricos pelos similares.

Essa substituição só pode ser feita pelo farmacêutico, porque para saber se os medicamentos são intercambiáveis é necessário realizar alguns testes.

Por isso a ANVISA oferece uma lista com estes medicamentos intercambiáveis, mas nesse caso vale confiar nos profissionais da área; deixe que façam esse trabalho – eles possuem capacitação adequada para fazer a identificação.

FarmacoLÓGICA, ANVISA, G1, Scielo, Santo Remédio, Estadão, Terra

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