Quais aranhas caseiras devemos ficar preocupados (e quais são inofensivas)
É muito comum encontrarmos aranhas em ambientes domésticos como residências, chácaras e sítios. Mas ao contrário do que muita gente imagina, as espécies domésticas, popularmente conhecidas como aranhas caseiras, são animais extremamente importantes para o controle de insetos transmissores de doenças.
São mais de 40 mil espécies existentes no mundo, 12 mil delas existentes no Brasil, sendo que apenas 7 são comumente encontradas em ambientes domésticos.
Por esse motivo, fizemos uma lista para você conhecê-las um pouco mais, quais apresentam riscos, e como proceder ao dar de cara com uma delas em sua casa. Acompanhe conosco!
Aranhas caseiras que NÃO apresentam risco vital
1. Aranha de Pernas Longas (pholcus phalangioides)
Corpo tem 9mm e as pernas chegam a 5 vezes esse tamanho, chegando a 70 mm de envergadura total. São fáceis de identificar pelo tamanho das pernas.
Com certeza você já encontrou essa espécie em seu banheiro ou no quarto. A aranha de pernas longas, ou pernada, como nos informa o biólogo Lucas Leandro, do Projeto Biologando, é fácil de ser encontrada por suas pernas chamativas. Adoram ficar escondidas em sua teia, muitas vezes atrás de vasos sanitários.
A boa notícia é que além de sua toxina não atingir seres humanos, elas se alimentam de outras aranhas (que podem apresentar risco para humanos) e evitam ao máximo o contato com pessoas. Até que não é tão ruim tê-la em casa, né?!
2. Aranhas Saltadoras ou papa-moscas (salticidae)
Chega a 15 mm de comprimento, são muito peludas e podem ser marrom-acinzentadas e também coloridas. O melhor jeito de identificar é pelos olhos mesmo, na frente e atrás da cabeça. As pernas da frente e de trás são ligeiramente maiores;
Essas espécies são comumente encontradas nas paredes externas das casas. Com sua ótima visão devido aos 8 olhos — incluindo na parte traseira de sua cabeça — são capazes de rastrear a presa a uma distância maior que as outras aranhas, além de conseguirem enxergar radiação UVA e UVB, impossível para humanos.
Segundo o biólogo Juninho, elas não possuem músculos em suas pernas, por isso utilizam pressão hidráulica para saltar em sua refeição, podendo saltar 20 vezes sua altura. Essa espécie não carrega toxina ativa em seres humanos.
3. Aranha Vermelha Comum (nesticodes rufipes)
Chega a 10mm, tem coloração vermelha inclusive nas pernas e em alguns casos, o abdome pode ser marrom, por isso, de acordo com o biólogo Vanderlei Lopes Mori Junior, o Juninho do canal A vida como um biólogo, é confundida com a aranha marrom.
“As aranhas vermelhas, ou viúva vermelha, são as espécies mais fáceis de encontrar em residências. Elas pertence a família de aranhas theridiidae, que inclui a famosa viúva negra (Latrodectus)”.
Entretanto, diferente de sua parente, possuem uma toxina extremamente fraca, incapaz de causar danos a seres humanos, por isso, não apresenta riscos.
4. Aranha de Jardim (lycosidae)
Pode ter até 4,5 cm, e a melhor maneira de identificá-la é pelo desenho de seta nas região dorsal do abdômen (é tipo a bundinha delas). Tem pelos e as pernas da frente e de trás são ligeiramente maiores assim como a papa-moscas;
Também é conhecida como aranha lobo, por caçar suas presas de forma direta, perseguindo-as, sem emboscadas. Muitas vezes são avistadas em jardins carregando centenas de filhotes em seu corpo. Juninho nos alerta à evitá-las:
“Quando mortas, podem ser confundidas com a aranha armadeira, mas sua toxina não é tão forte quanto. Mesmo assim, quando em contato com o ser humano, sua toxina pode causar irritação no local da picada, dor e queimação”.
5. Aranha Caranguejeira (theraphsidae)
As caranguejeiras são as maiores espécies conhecidas, podendo chegar até 28cm de envergadura de pernas, são peludas com pernas grandes e negras. Quando jovem, pode ter algumas listas brancas no corpo, já adulta é toda negra.
Também podem ser consideradas aranhas caseiras, pois comumente aparecem em residências e causam medo por seu tamanho. Contudo, o maior problema dessa espécie está em suas cerdas (ou pelos) urticantes que cobrem todo seu corpo.
Quando ameaçada, a caranguejeira esfrega suas patas no abdômen liberando as cerdas no ar, e quando em contato com mucosas, tais cerdas causam grande irritação. Conforme Juninho, no Brasil não há espécie de caranguejeira com toxina capaz de matar um ser humano, mas a mecânica de sua picada, é extremamente dolorida.
Aranhas caseiras que apresentam risco vital
6. Aranha Marrom (loxosceles sp)
Pode ser maior que a aranha vermelha, vai de 6 mm a 15 mm, tem pernas longas e finas, e corpo castanho escuro a marrom.
As aranhas marrom gostam de lugares escuros, quentes e secos. Em ambiente externo, vivem embaixo de cascas de árvores, folhas secas, telhas e tijolos empilhados, muros velhos, e outros. Dentro de casa, costumam ficar atrás de quadros, caixas de papelão, em sapatos dentro de armários, e locais que não sejam muito remexidos.
Apesar de não ser agressiva, essa espécie fere o indivíduo quando se sente ameaçada. Sua picada causa intenso processo inflamatório no local, além de hemorragia e necrose.
É preciso atenção para evitar contato com essa aranha, pois muitas vezes o indivíduo não percebe sua presença, e nem mesmo sente sua picada.
7. Aranha Armadeira (phoneutria sp)
Com corpo de até 5 cm e pernas de 15 cm, essa espécie tem aspecto peludo, de coloração marrom com faixas brancas ou pretas. Elas se movimentam de forma rápida, e quando mostram a mandíbula (como na foto acima) é sinal de descontentamento e provavelmente ataque.
A aranha armadeira além de ser grande, é considerada uma das mais tóxicas do mundo e também uma das mais agressivas. Quando ameaçada, levanta as patas dianteiras para defesa, podendo saltar em direção a ameaça.
Segundo o biólogo Lucas, a armadeira é uma caçadora admirável e extremamente perigosa para o ser humano.
“O veneno que ela possui tem ação neurotóxica e cardiotóxica. A neurotóxica ocorre nos canais de sódio, provocando a despolarização nas terminações nervosas, sensitivas, motoras e sistema nervoso autônomo, induzindo-o a liberar neurotransmissores. Já sua ação cardiotóxica, interfere na atividade contrátil do músculo cardíaco, na ativação de fibras sensoriais e também no esvaziamento gástrico.”
Essa espécie é encontrada escondida em roupas e sapatos. Seu veneno pode causar priapismo (ereção involuntária do pênis, sem excitação sexual) e seu veneno pode ser mortal para crianças e idosos.
O que fazer em caso de contato com alguma das aranhas perigosas
Juninho nos orienta o que fazer em caso de realizar contato com alguma das espécies que apresentam riscos.
“Primeiramente, ligue para um órgão responsável de sua cidade (centro de vigilância epidemiológica) para que eles retirem o animal do local. Porém, se não houverem pessoas autorizadas em sua cidade, com todo cuidado pegue uma vassoura (ou algo mais engenhoso) e conduza o animal para fora da residência.”
O biólogo ainda acrescenta que em caso de acidentes com qualquer espécie, o indicado é procurar o hospital mais próximo o quanto antes, pois mesmo as de toxinas mais fracas, podem causar reações alérgicas.
Como evitar o risco de acidentes com aranhas em casa
A fim de impedir o aparecimento de algumas dessas espécies e evitar o risco de acidentes, algumas medidas podem ser tomadas:
- Mantenha o jardim, quintal e casa sempre limpos;
- Limpe e mude de lugar com certa regularidade móveis e objetos em casa;
- Verifique sempre o interior de roupas e sapatos antes de vesti-los;
- Mantenha armários e gavetas sempre fechados;
- Vede buracos em paredes, portas, janelas, forros e assoalhos;
- Não acumule folhas secas, materiais de construção ou qualquer tipo de entulho;
- Quando realizar trabalhos rurais ou de jardinagem, utilize luvas;
- Coloque panos embaixo de portas;
- Combata a proliferação de insetos (fonte de alimente das aranhas);
- Fique de olho nas dicas do SOS:
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