Pesquisa revela que o contato físico realmente alivia as dores igual remédio
A hora de fazer sua tattoo chegou. A dor que vai sentir durante toda a sessão é certa e então o que você faz, pede para um amigo ir junto e ficar segurando sua mão, certo?
Apesar de muitos acharem que esse gesto transmite apenas uma boa sensação de segurança, cientistas foram além, segurar a mão de quem a gente gosta pode realmente amenizar a sensação de dor.
De acordo com este estudo, desenvolvido pelo Instituto de Ciência Cognitiva da Universidade do Colorado, Estados Unidos, quando nos aproximamos fisicamente de uma pessoa que nutrimos um sentimento de amor (um amigo, parente, mozão…), mais as ondas cerebrais entram em sincronia, fenômeno conhecido como “sincronização interpessoal“.
Tanto a gente como a outra pessoa começa a emitir o mesmo padrão de ondas cerebrais, assim como a mesma frequência de batimentos cardíacos, o mesmo ritmo da respiração, etc.
De acordo com o estudo, quando há o toque físico entre essas pessoas, como ficar de mãos dadas, por exemplo, essa sincronização se intensifica ainda mais, podendo amenizar consideravelmente a sensação de dor.
O experimento
22 casais heterossexuais, com equipamentos que mediam suas atividades cerebrais, foram apresentados a três tipos de situações: sentados em salas separadas, sentados juntos sem se encostar e sentados juntos de mãos dadas.
Antes disso, fizeram um teste para verificar a sensibilidade à dor das mulheres. Encostando uma barra de ferro aquecida no braço das voluntárias, os cientistas foram aumentando a temperatura do objeto e as mulheres tinham que classificar de 0 a 100 qual a intensidade da dor que sentiam.
Feito isso, foi calculado uma temperatura da barra de ferro que seria capaz de causar uma dor moderada em todas as mulheres (de 0 a 100, nível 60) e o experimento prosseguiu.
Em cada uma das três situações apresentadas também foi encostado no braço das mulheres a barra de ferro aquecida. Como resultado, houveram mudanças significativas na percepção de dor entre as mulheres.
Os cientistas perceberam que quanto maior era esse contato entre o casal, mais suas ondas cerebrais entravam em sincronia e maior era a resistência à dor entre as mulheres, em especial quando elas e seus parceiros estavam de mãos dadas.
Neste caso, de acordo com os cientistas, a dor causada pela barra de ferro quente foi bem menos relatada. Ou seja, ficar de mãos dadas funcionou como um tipo de “analgésico natural” para elas. E o contrário também ocorria. Quando estes casais estavam distantes, a sincronização interpessoal diminuía e a dor ficava mais latente.
“O toque interpessoal pode confundir as fronteiras entre o eu e o outro”, afirma o estudo.
Qual a explicação?
Segundo o principal autor do estudo, Dr. Pavel Goldstein, em entrevista ao site Neuroscience News, ainda são necessários outros estudos (como fazer a pesquisa com casais homossexuais, por exemplo) para entender de fato como o toque influencia na percepção de dor entre os humanos, porém, tem-se uma ideia do motivo disso acontecer.
Segundo o cientista, o toque empático entre as pessoas pode trazer bons significados, como uma sensação de compreensão, o que acaba liberando no organismo a oxitocina, o “hormônio da felicidade e da confiança”, que ativa os mecanismos de recompensa e “confunde” o cérebro, fazendo a dor desaparecer.
A importância de sentir o outro
Cada vez mais estamos distantes dos outros. Por mais que as redes sociais e a internet como um todo são um meio de nos conectarmos com mais facilidade, na realidade fora dela são menos abraços, menos sorrisos, menos beijos, menos contato.
Este estudo veio para comprovar o quão importante é a gente se conectar com o outro, mas de forma real, presente.
Já existem uma série de práticas que usam do toque para alcançar benefícios à humanidade, como o Reiki, por exemplo, uma técnica budista que usa do poder das mãos, do toque, para equilibrar as energias e curar enfermidades.
Inclusive, já existem outras pesquisas que comprovam que o toque, além de encontrar a cura para diversas doenças, pode também ser benéfico no alivio do estresse, ansiedade e até mesmo diminuir a violência.
Notou que são todos problemas muito presentes em nossa sociedade? Será que a falta dessa nossa conexão com os outros não são responsáveis por isso que estamos vivemos?
“Nós desenvolvemos muitas maneiras de nos comunicar no mundo moderno e temos menos interações físicas. Este estudo ilustra o poder e a importância do toque humano.” – revela Goldstein.
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