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Opinião Futebol Clube

Quando um ponto de vista se transforma em arrogância pura.

André Portugal Publicado: 31/10/2014 12:12 | Atualizado: 31/10/2014 12:27

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Finalmente assistimos minguar a guerrilha virtual entre petistas e tucanos, baixa-se a poeira e aos poucos a paz volta a reinar no maravilhoso mundo das redes sociais, podemos parar de brigar e enfim compartilhar memes e curtir fotos em alta definição das férias dos nossos amigos, pegações e afins. Isso até que ocorra algum outro evento importante, seja a derrubada de algum decreto pelo Congresso, seja intervenção militar contra o glúten, ou a sociedade “viva saci” contra o Halloween, não importa.

Por que esse povo discute tanto?

Ora, são 200 milhões de pessoas com a possibilidade de expor e serem expostas aos mais plurais tipos de ideias e opiniões, se a democracia é algo novo aqui, a revolução dos meios de comunicação então, nem se fala! Divergências cabeludas são óbvias e esperadas num país tão plural, mas em contrapartida, se existe uma paixão nacional unificadora, se existe algo que a gente encontra de norte a sul, presente nas mais diversas classes sociais, é a mania de transformar tudo em time de futebol. Existem até outros lugares do mundo que são mais conhecidos por isso do que aqui, mas, com certeza, somos competitivos nessa área.

Uma opinião é defendida cegamente a cada 3,7 esquinas, pessoas vão fazendo camisas sobre seu ponto de vista, bonés, ou adesivos pra colar em você na rua, uns mais exaltados até ofendem os de posição contrária, se irritam com amigos e parentes, “pra que me relacionar com uma pessoa burra como essa que não consegue enxergar o óbvio? (Mesmo que eu tenha começado a ler sobre o assunto há uma semana)”, o ideal libertário democrático básico, vira raiva e fascismo – que a gente nem vê.

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“O importante é o time, Galera!”

Mostrar que o remédio para o mal do mundo está no conhecimento que você e seus camaradinhas tiveram acesso – inteligentíssimos as shit. Os algoritmos de busca e o imediatismo pretensioso de todo mundo que, agora que tem voz, quer falar qualquer coisa, bem rapidinho enquanto espera o metrô, se encarregam de costurar aquela bandeira gigante que atrapalha a galera do lado ao assistir o jogo, sem necessidade de nenhuma responsabilidade, compartilham-se mentiras e exageros de fontes duvidosas o mais rápido possível.

As eleições passam, o carnaval passa, a copa passa (#teveCopa), o que fica é quem você é, e em quem pensa quando tem um ponto de vista. Se você tem amizades realmente verdadeiras, laços baseados em coisas interessantes, eles discordarão de você muitas vezes, vocês discutirão sobre o destino do mundo, entre uma cerveja-e-outra, e vai ser bom!

Não importa quem vai ser o ganhador do War, mas o quão aberto pra novas ideias você é.

Por sorte, manifestações com pessoas defendendo que a arrogância não permite crescimento pipocam por aí, que não é porque achamos correta uma diretriz mais complexa, que somos os fodões oráculos da galera.

Discussões são importantes, defender e argumentar são parte do que é ser humano, mas acredito que pra gente crescer de fato, os ideais, as bases dos nossos pensamentos devem ser mais agregadores que separatistas. É bom projetar um futuro pra gente, onde olharemos para trás e sentiremos orgulho da nossa história, e é bom fazer isso agora.

É só dar uma olhada no que costumava a falar em 2007, veja se já não pensa diferente sobre algumas coisas.

Se somos jovens hoje e temos energia para bater de frente, que façamos de maneira mais responsável, entendendo o infinito fluido entre as opções. Agora, se você leu pensando em compartilhar esse texto para a Maricotinha do 602 ler, porque “é bem a cara dela esse tipo de coisa mesmo!”, não se engane, esse texto é direcionado a você! Quanto mais ‘os diferentes’ estiverem próximos, melhor uma sociedade será, toma essa responsabilidade aí.

 

André Portugal
Geógrafo, Ex-blackbloc, poeta de facebook, antropólogo de metrô e funkeiro caviar, descobriu que duvidar das certezas do mundo é melhor que cerveja na sexta-feira e agora não quer mais parar.

Tá na rede!

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