Nem esquerda, nem direita: Não existem apenas dois lados na política
Nos últimos anos, o descontentamento com a política só fez crescer. Por isso, muitos brasileiros se polarizaram em dois grupos, o “vermelho” e o “azul”.
Mas, apesar do que muita gente pensa, não existem só as opções esquerda ou direita. A questão é muito mais ampla do que isso.
O canal do Youtube Plano Piloto publicou um vídeo explicando detalhadamente o que são esses conceitos e a gente fez uma resenha pra você. O vídeo você pode assistir ao final desse artigo.
Como tudo começou
Desde os primórdios da civilização, os territórios e populações eram controladas por monarcas autoritários, o que geralmente não dava espaço para discussões políticas.
Até que, por volta do século XVIII, o descontentamento com o governo dos reis aumentou a ponto do povo se organizar em revoluções movidas por ideais de liberdade e igualdade.
As pessoas que compunham esse grupo de insatisfeitos ficaram conhecidos como “Liberais”, já que lutavam por mais liberdade do governo. Eles, geralmente, adotavam a cor vermelha como símbolo, em referência ao sangue derramado nas lutas. Esses grupos foram considerados as primeiras “Esquerdas”.
Por outro lado, os nobres e pessoas próximas aos soberanos eram contrários às mudanças e desejavam conservar a ordem estabelecida (o famoso status-quo). Por isso, foram chamados de “Conservadores” e ficavam no lado oposto, ou seja, na “Direita”.
Em caráter de curiosidade, segundo a Folha de S. Paulo, “o uso político dos termos esquerda e direita é referenciado na Revolução Francesa, em 1789, quando os liberais girondinos e os extremistas jacobinos sentaram-se respectivamente à direita e à esquerda no salão da Assembléia Nacional”.
Então os tempos mudaram
Com o passar do tempo, depois de muitas lutas, o povo adquiriu mais poder. A democracia se estabeleceu conforme o apoio à monarquia diminuiu, até finalmente se extinguir, na maioria dos países.
Com isso, os que antes eram do grupo da mudança, se contentaram e acabaram também defendendo a manutenção da ordem por eles estabelecida, se transformando assim nos “Novos Conservadores”.
Em contrapartida, logo novos grupos foram surgindo com ideias ainda mais liberais e diversas – “A Nova Esquerda”.
Esquerda, mas também Direita?
Eis que surge então uma nova ideia de como organizar a sociedade: o “Comunismo”.
Essa forma diferente de “ser de esquerda” queria, a grosso modo, colocar suas ideias liberais em prática de um maneira conservadora. Defendia a maior influência do governo na vida das pessoas, tal qual muitos conservadores pensavam na época.
Conforme as ideias evoluíram, muitos outros grupos políticos surgiram, com ideologias que envolviam pensamentos tanto de direita quanto de esquerda e outros nunca antes vistos.
O samba do militante doido
Nesse novo cenário, com tanta variedade de modelos, já não é mais possível classificar todos de um lado ou outro da linha.
Atualmente, no Brasil, possuímos um grande número de partidos políticos, os quais defendem programas distintos, envolvendo ideias de diversos pontos tanto para a direita, quanto para a esquerda.
Por isso, a polarização – e a consequente defesa ou ataque utilizando clichês referentes à “Esquerda” ou “Direita” – é uma simplificação errônea do pensamento político. O que causa toda a discórdia e confusão, na maioria das vezes sem sentido, como revela o vídeo.
A solução para o correto posicionamento
Uma solução sugerida pelo vídeo, que melhora bastante o entendimento e posicionamento nesse mar de ideologia, é complementar a divisão política entre esquerda e direita com a adição de outra linha divisória, mas na vertical, criando um plano cartesiano.
Dessa forma, a linha horizontal irá dividir as ideias do âmbito da liberdade econômica, enquanto a vertical trata da liberdade social.
Sendo assim, na linha horizontal fica a questão de quanto o governo influência na economia.
Quanto mais à esquerda, mais controle do Estado nas finanças do país, com projetos sociais, estatização de empresas, reforma agrária, entre outros. Até que na ponta dessa linha está o controle total da economia, como acontece no Comunismo, por exemplo.
Por outro lado, quanto mais à direita, menos controle do governo sobre a economia.
Isso implica em ideias como privatizações, livre comércio, menos impostos, etc.
Portanto, nesse plano cartesiano político, a linha horizontal serve para o posicionamento de assuntos como economia, inflação, desemprego, impostos, salário mínimo, entre outros.
Já a linha vertical indica quanto o governo controla as liberdades individuais.
Quanto mais para cima, maior é o controle do governo, sendo que no topo está o controle total, ou seja, autoritarismo. Quanto mais para baixo menos controle, ou seja, libertarismo.
Essa linha vertical serve como base para se posicionar em relação à assuntos como liberdade de expressão, homofobia, discriminação racial, liberdade religiosa, aborto, legalização das drogas, entre outros.
Os novos pontos de vista
Ao juntar essas duas linhas e seus respectivos posicionamentos, é possível chegar a diferentes pontos de vista políticos. Cada pessoa ou partido pode se encontrar em diversos pontos.
Por exemplo, o Comunismo de Stalin e o Nazismo de Hitler estão em posições semelhantes na linha referente às liberdades sociais, contudo, estão distantes na linha da horizontal, com planos econômicos bem diferentes.
O mesmo pode acontecer com cada um de nós. Podemos ter ideias econômicas mais conservadores, à direita, mas um posicionamento social mais à esquerda, por exemplo.
Por isso, é importante situar as tuas ideias, as ideias dos outros e debatê-las, ao invés de reduzir tudo a dois pólos extremos.
Depois de reconhecer seu lugar na ideologia política, também é importante aceitar que todos temos pensamentos diferentes; o debate é necessário para a construção da democracia.
Se isolar em grupos e combater os contrários é uma forma muito ingênua e perigosa de lutar por melhorias. Como todos queremos o avanço do país, fica muito mais fácil se nos entendermos.
Qual é o seu lugar no gráfico?
Você pode acessar esse site muito interessante que, através de um questionário, te mostra em que parte do gráfico político você se encontra. O questionário é em português, mas a análise final está em inglês. De qualquer forma, dá pra visualizar o gráfico e se localizar mesmo sem saber o idioma.