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“Depressão Pós-Instagram”: É impossível ser feliz em todos os momentos da vida

O quanto a tecnologia afeta o bem-estar e a felicidade das pessoas?

Taís Lenny Publicado: 21/09/2018 11:58 | Atualizado: 30/09/2020 12:15

A tecnologia nos proporcionou coisas fantásticas, nos últimos anos, mas também muitos problemas. Alguns deles geram debates acalorados no mundo todo. É fato que a tecnologia influência nossas vidas e ver a colega postando a janta maravilhosa e a festa cheia de amigos, nos faz querer experimentar isso.

Se a Revolução Tecnológica traz felicidade ou bem-estar às pessoas, só a ciência pode dizer.

Os pesquisadores já estão se perguntado sobre isso e há preocupações, profundas, sobre a ilusão dos usuários com o ambiente online, o nível de estresse da população, a probabilidade de cometer suicídio por conta das interações na rede, o mau desempenho no trabalho, a falta de capacidade em se concentrar, a sobrecarga de informações e a interferência da tecnologia na felicidade de modo geral… Ufa!

 

Hoje, vamos focar na seguinte pergunta:

A tecnologia afeta o bem-estar e a felicidade das pessoas?

Difícil responder, pois, cada pessoa se sente feliz por questões bem particulares. Afinal, ser feliz é algo individual e intransferível.

Mas fatos como a interação contante na internet, estar hiperconectado, ter milhões de “amigos” e compartilhamentos nas redes sociais são ações tão comuns hoje em dia, que distorcem o conceito de felicidade.

Vamos fazer um experimento rápido. Abra seu Instagram um minutinho. Dê uma boa olhada no seu feed e tente descrever o que vê. As pessoas por lá parecem extremamente maravilhadas com a vida, não é? Pode ser até a melhor definição de felicidade possível. Dá até uma invejinha.

Que lasanha linda, uau!

 

O que a ciência diz sobre a felicidade?

O senso comum a gente já sabe, né? É ter saúde, dinheiro suficiente para se manter e amor. Para os pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o importante para nos mantermos felizes e saudáveis é a qualidade dos nossos relacionamentos.

Eles entendem do assunto, afinal, querendo desvendar os mistérios da felicidade, desde 1938, estudam o tema com a pesquisa Harvard Study of Adult Development.

Começaram analisando 700 homens com o objetivo de acompanhar toda a vida deles. Hoje, já contam com mais de mil homens e mulheres, incluindo filhos dos participantes originais. Já chegaram à algumas conclusões:

É impossível ser feliz em todos os momentos da vida e ter muito dinheiro não garante nada.

Mas, de um modo geral, as pessoas permanecem felizes quando estão satisfeitas com seus relacionamentos, sempre conectadas ao outro.

 

Era da informação e felicidade

Nunca sofremos tanta pressão para ser feliz. E nem precisa daquele almoço de família com a tia perguntando: “Cadê os namoradinhos?”.

A pressão vem das telas do computador, do smartphone e até da TV. De uns tempos pra cá, as pessoas se tornaram especialistas em provar que suas vidas são bem sucedidas. Ser feliz é obrigação e ver aquela foto de comercial de margarina no Facebook ou a família linda e perfeita daquela atriz dando entrevista na televisão, não ajuda em nada.

Fica todo mundo se esforçando para fazer a melhor foto, estar nos melhores lugares e mostrar felicidades aos amigos. Os que não conseguem, sofrem e se sentem diminuídos. Aí está o problema, ser feliz se tornou um peso difícil demais de carregar.

Viver conectado e à espreita dos acontecimentos alheios é uma realidade brasileira. Somos o terceiro no ranking de países que mais usam a internet. Por aqui gastamos, em média, 9 horas diárias navegando na internet. Três horas apenas nas redes sociais.

 

A tecnologia é boa ou ruim para a sociedade?

Os debates são acalorados sobre o tema. Pesquisas recentes do departamento de tecnologia e internet da Pew Research Center, nos Estados Unidos, revelam que os internautas americanos acham que o papel da tecnologia é positivo para a sociedade.

Para 88% dos entrevistados, a internet é uma coisa boa. Essas pessoas fortaleceram relacionamentos através do uso da internet e até tem grupos para ajudar alguém ou uma comunidade, na rede.

Mas para os 12% que discordam, há razões importantíssimas para acreditar que ela é ruim. Um quarto acredita que a internet isola as pessoas umas das outras e ainda encoraja a perder muito tempo usando dispositivos.

Para 16% dos que afirmam que a internet é uma coisa ruim, a disseminação de notícias faltas e outros tipos de informações desse tipo, também são prejudiciais. Já 14% deles, se preocupam com o impacto da internet na vida das crianças e 13% argumentam que ela encoraja atividades ilegais. Poucos (5%) têm medo que usem seus dados sem autorização.

Tentando desvendar o futuro da internet na próxima década, a Pew Research Center, a partir de respostas de 1.150 acadêmicos, especialistas em saúde e tecnologia – numa pesquisa online – identificou alguns dos benefícios e malefícios que a tecnologia proporciona as pessoas:

Os benefícios da tecnologia

  • Conexão com pessoas;
  • Desenvolve o conhecimento;
  • Facilita o consumo e o comércio;
  • Explora recursos;
  • Melhoram as pessoas;
  • Promove encontros.

Os malefícios da tecnologia

  • Déficit cognitivo, de memória e reflexão;
  • Falta de criatividade e foco;
  • Dependência digital;
  • Desconfiança, medo e indignação;
  • Sobrecarga de informação.

Isso é muita informação

 

Depressão e redes sociais

Uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh identificou que existe uma forte relação entre experiências negativas nas redes sociais e sintomas depressivos. Eles ouviram 1.179 estudantes, com idade entre 18 e 30 anos, da West Virginia University.

Já em 2015, os dinamarqueses identificaram que o Facebook influenciava a vida das pessoas de forma negativa. Aqueles que se distanciaram da rede social, por uma semana, se consideravam mais felizes.

O estudo, que acompanhou 1.095 pessoas, diz que a rede social causa males como falta de concentração e vida social pouco ativa. Nove em cada dez, usam o Facebook como parte da rotina, 69% preferem postar fotos das grandes coisas que experimentam e 61% postam coisas boas.

O uso da internet funciona como uma droga, quanto mais você permanece conectado, mais tempo quer passar online. Não importa o dispositivo.

Em 2017, uma instituição de saúde pública do Reino Unido comprovou, as redes sociais são mais viciantes que cigarro ou bebidas alcoólicas. Para a Royal Society for Public Health, o Instagram é a mais prejudicial para a mente dos jovens entre 14 e 24 anos.

O estudo identificou que o compartilhamento de fotos no Instagram impacta de forma negativa o sono e a autoimagem dos entrevistados. Além disso, aumenta o medo de ficar fora dos acontecimentos e tendências.

Os avaliados se mostraram ansiosos, sem sono, com autoestima baixa e deprimidos. Não surpreende que as taxas de ansiedade e depressão nessa parcela da população aumentaram 70% nos últimos 25 anos.

 

E o que o futuro nos reserva?

Ainda há esperança. A tecnologia não é um monstro que precisa ser combatido. A Era Digital continuará a se expandir trazendo muitas oportunidades na próxima década.

Cientistas afirmam que a tecnologia produzirá mais ajuda do que prejuízo às pessoas, em dez anos. Mesmo assim, três em cada dez pesquisadores, especialistas em tecnologia e saúde da Pew Research Center, são céticos e apostam que a tecnologia será, em grande parte, prejudicial à saúde, à aptidão mental e à felicidade das pessoas.

Apesar de acreditarem que a tecnologia prejudica a felicidade e o bem-estar, os especialistas sabem que também melhorará vários aspectos de nossa vida. Não dá para voltar atrás, mas existem soluções. E elas começam com a consciência de que é possível conviver, se adaptar e melhorar nossa relação com esse avanço desgovernado.

 

Como viver uma vida digital mais equilibrada:

  1. Limite o uso da internet, seja para verificar um e-mail ou mesmo consultar o número de notificações no Facebook;
  2. Livre-se das notificações desnecessárias;
  3. Antes de dormir (30 minutos pelo menos), guarde seus aparelhos eletrônicos e desabilite a rede do celular;
  4. Tente, ao menos um dia por mês, ficar totalmente desconectado;
  5. Descanse longe da TV, computador e smartphone;
  6. Encontre um hobby que realmente te faça feliz (sem uso da tecnologia);
  7. Bem-estar e tecnologia estão ligados ao acesso à informação e conexão com outros. Portanto, aprenda algo e se envolva com as pessoas;
  8. Dedique-se a quem você ama;
  9. Acompanhe organizações que admira e seja solidário;
  10. Esteja próximo, fisicamente, de amigos e entes queridos.

Há muitas telas nos roubando tempo. Tempo este que poderia ser usado para aproveitar mais a vida. É possível se adaptar as mudanças proporcionadas pelo avanço da tecnologia e aproveitar melhor o que de bom ela proporciona.

Fonte(s): G1, Happiness Research Institute, We are Social, Happify, Pew Research Center, Pittsburgh Post-Gazette, BBC, Superinteressante, Galileu
Taís Lenny
Jornalista e leitora voraz (do chick-lit ao clássico). Acredita que a curiosidade deve ser alimentada tanto pelas coisas comuns quanto as complexas. Pode escrever sobre leis ou o mais simples ato humano. Afinal, o homem não é um ser fascinante?

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