Meditação é tão poderosa que pode curar o TOC sem remédios, garantem especialistas
Talvez devido ao nosso estilo de vida frenético, as doenças psiquiátricas como o TOC (transtorno obsessivo compulsivo) ou qualquer outra compulsão inconsciente, estão se tornando cada vez mais comuns.
Muitos dos que sofrem desses males acabam procurando a cura através de medicamentos fortes, mas ao que tudo indica as químicas produzidas em laboratório não são a única saída.
A solução pode estar em nossa própria mente!
De acordo com John Andrews, médico cirurgião e membro do Royal College of Physicians do Reino Unido, no prefácio do livro “Meditação para Ocupados“, praticar a meditação pode ser uma importante aliada para o fim da rotina torturante levada pelas pessoas que possuem comportamentos compulsivos e ansiosos.
Para o autor, o funcionamento do nosso cérebro nessa situação funciona da seguinte maneira: um conjunto de neurônios dispara a informação, por exemplo, “hora de fumar um cigarro“. Neste momento, outro grupo de neurônios já envia essa informação, fazendo com que você tire o cigarrinho da carteira e fume, quase sempre, sem se dar conta de toda essa ação.
O grande problema é que esses dois grupos de neurônios, como são disparados juntos, permanecem juntos. Ou seja, se o primeiro enviou um impulso excitatório (por exemplo “hora de nicotina“), o segundo vai nesse embalo, estimulando você a concluir a ação.
Portanto, quando o primeiro impulso é baseado na excitação (ou inibição), dificilmente o segundo grupo de neurônios terá a capacidade de enviar estímulos contrários (por exemplo, “você já fumou demais, chega!“), por este motivo, ficar remoendo se “faz ou não” a ação que o cerebro “está pedindo”, quase nunca tem resultados positivos.
Neste caso, seria quase impossível lutar “contra a maré”.
Então você fuma um cigarro atrás do outro, lava as mãos 3 vezes seguidas, checa se trancou a porta 5 vezes antes de sair de casa, e por ai vai.
De acordo com um estudo publicado no site científico NCBI, esse transtorno ocorre por uma falha de comunicação entre duas partes do cerebro, uma responsável pelo planejamento e organização e outra responsável pelos comportamentos de rotina.
Se uma não está se comunicando de forma adequada com a outra, os sintomas compulsivos tendem a aparecer.
Além disso, o mesmo estudo também aponta como uma possível causa dos comportamentos compulsivos uma anormalidade na neurotransmissão da serotonina, uma substância que representa um papel importante no sistema nervoso central, responsável pela inibição da ira, agressão, temperatura corporal, humor, sono, apetite e até vômito.
Como acabar com isso sem medicamentos?
Segundo Andrews, a solução para esse problema já havia sido dada por Buda há milênios atrás e ficou conhecida como “consciência sem escolha“.
Os estímulos excitatórios ou inibidores tendem a se “auto-fortalecerem”, ou seja, quando sentimos a necessidade de praticar um comportamento compulsivo, não há muito o que podemos fazer, a luta travada em nossa mente (“quero muito, mas não vou comer mais uma pedaço de pizza“) é praticamente perdida.
De acordo com os ensinamentos de Buda, o ideal é fazer absolutamente nada. Nada a favor, nem nada contra. Apenas observar. Ouvir os nossos pensamentos, esse desejo poderoso de realizar tal ação e deixar passar.
A “consciência sem escolha” nada mais é que tomarmos conhecimento de todos esses pensamentos, sem os questionar, sem tentar lutar contra eles, sem reprová-los, mas também sem aprová-los.
Observar de forma consciente como nosso corpo reage a essa vontade e aguardar até que ela se dissipe de nossa mente. Grosseiramente falando, é deixar que seu cérebro fique ordenando “lave as mãos mais uma vez“, até que ele se canse e comece a pensar em outra coisa, como “o que será que vou almoçar hoje?”
Conforme afirma o especialista, essa observação pode eliminar 100% do desejo compulsório e seus resultados benéficos no tratamento do TOC e outros transtornos da mente são comprovados cientificamente, como mostra este estudo científico publicado no NCBI.
Meditação Mindfulness
Mas essa constatação não chega a ser uma grande novidade. O poder da meditação no tratamento dessa e diversas outras doenças vem sido bastante difundido, mas provavelmente você a conhece pelo nome que a tornou mais conhecida do grande público: a meditação Mindfulness.
Segundo Andrews, “mindfulness” é apenas uma abreviação de “atenção plena certa”, uma outra maneira da qual Buda chamava a “consciência sem escolha”. A técnica, que até já falamos sobre, consistente exatamente em apenas observar seus pensamentos, não interagindo com eles.
Quer um exemplo? Imagine uma sala barulhenta, cheia de gente conversado e fazendo coisas. Essa é sua mente.
A meditação mindfulness ou “consciência sem escolha”, seria como se estivéssemos sentados no meio dessa sala, ouvindo todos os barulhos, sentindo os cheiros, vendo as pessoas, porém, estamos ali quietinhos, sem nos aprofundar em ninguém em especial, vendo o todo, absorvendo o que está rolando no presente, mas sem julgar nada nem ninguém.
Inclusive, neste artigo aqui, relatamos sobre uma palestra onde o psiquiatra estadunidense especializado nesse tipo de meditação, Judson Brewer, revela o quão poderoso pode ser a “consciência sem escolha” no tratamento de vícios, que não deixam de ser comportamentos compulsivos.
A técnica também é usada, segundo Andrews, no Vale do Silício, para manter os funcionários produtivos, saudáveis e felizes, em tratamento de veteranos de guerra traumatizados e claro, por diversas celebridades, como Madonna, Nelson Mandela, Steve Jobs e muitos outros.
A meditação, no fim das contas, nada mais é que voltarmos os olhos para nós mesmos, ouvirmos as mensagens que nosso organismo e o ambiente emana, encontrando assim, respostas e soluções para muitas de nossas questões.
Para sair dessa rotina de vícios, compulsividade, ansiedade e diversas outras doenças do tipo, antes de procurar ajuda em uma caixinha de remédios, aposte na meditação. O resultado pode, literalmente, mudar a sua vida.
Meditação Para Ocupados, Mindful, EOC Institute, Sonima, Psych Central