‘Maria vai com as outras’: Estudo revela que a Meditação pode resolver o Efeito Manada
Você já entrou em uma fila no “automático” e só depois se deu conta que não precisava ter entrado nela?
Esse é um comportamento muito comum. O termo “maria vai com as outras” é conhecido pela ciência como “Teoria da Conformidade Social” ou “Efeito manada“. Mas sair desse ciclo é mais simples do que imagina.
Por que seguimos o fluxo?
Esta também foi a indagação do psicólogo estadunidense Stanley Milgram, ao tentar encontrar um fundamento psicológico para que pessoas saudáveis e socialmente ajustadas, terem participado de assassinatos, sessões de torturas e todas as barbaridades que o nazismo trouxe ao mundo na Segunda Guerra Mundial.
Em 1964, a fim de entender melhor esse comportamento humano, Milgram realizou um grande experimento, que ficou mundialmente conhecido e lhe rendeu importantes prêmios na psicologia.
Esse experimento tem até um filme, “Experiência de Milgram“, disponível na Netflix.
No estudo, um cientista responsável ficava em uma sala comandando o experimento e um ator, que secretamente participava do estudo, ficava em outra sala sentado em uma cadeira de choque, com uma lista de palavras a serem memorizadas. Quando errava a ordem das palavras, era liberado o choque elétrico que ia aumentando de intensidade, de fraco até extremamente forte.
O escolhido para dar esses choques elétricos no ator era um voluntário, que não sabia nada sobre a experiência. Cada vez que o ator errava a pergunta, o voluntário era estimulado pelo cientista responsável a continuar dando o choque, mesmo quando a carga elétrica alcançava níveis fatais. O choque evidentemente era falso, mas o voluntário não sabia.
Independente do ator gritar de dor ou desmaiar, 65% das pessoas que participaram do estudo continuaram liberando o choque até o limite, só porque era pedido.
Depois desse, outros experimentos vieram, apontando sempre o mesmo resultado: A tendência de seguir o outro, independente do que isso realmente significasse.
Um outro experimento mais recente, parte do documentário “Truques da Mente“, disponível na Netflix, ilustra bem o “efeito manada”.
O cenário é uma sala de espera de um consultório com algumas atores disfarçados de pacientes. Após um sinal, todos que faziam parte da pesquisa se levantavam e sentavam-se logo na sequência.
Quando um paciente que não sabia de nada entrava na sala, ele logo começava a reproduzir o senta-e-levanta dos atores, mesmo sem saber o motivo.
O curioso é que mesmo após todos os atores saírem da sala, deixando apenas os pacientes reais, o mecanismo de sentar e levantar continuou sem ninguém questionar. Foram apenas repetindo, repetindo e repetindo.
De acordo com o psicólogo polonês Solomon Asch, pioneiro em estudos sobre psicologia social, a tendência de seguirmos o comportamento do outro vem do simples desejo de pertencer a um ambiente.
Como sair desse circulo vicioso?
De acordo com John Andrews, médico, cirurgião e membro do Royal College of Physicians do Reino Unido, no prefácio do livro “Meditação para Ocupados“, um outro experimento feito pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) pode ter encontrado uma solução simples e super eficaz para isso.
Foram separados dois grupos de pessoas, o primeiro participava de aulas de meditação e o segundo entrou na “lista de espera” para essas aulas. Posteriormente, os participantes dos grupos foram chamados, individualmente, para uma entrevista sobre um assunto não relacionado com a prática.
Porém, na sala de espera para essa entrevista haviam dois cientistas fingindo serem convidados. Em um determinado momento, um ator entrava no ambiente, fazendo uma cena como se estivesse passando mal.
Os dois cientistas, por sua vez, não prestaram qualquer tipo de ajuda ao ator. O objetivo do experimento era analisar se as pessoas ajudariam o homem mesmo quando as outras pessoas presentes na sala não ajudavam.
O resultado foi bastante animador, 50% das pessoas que fizeram o curso de meditação prestaram socorro, mesmo sozinhas, sendo que apenas 21% dos que ainda estavam na lista de espera decidiram ajudar o rapaz.
Uma prova de que a prática individual pouco tem ligação com egoísmo, apesar da má fama. Ao que parece, meditar amplia a conexão das pessoas com o ambiente.
Além dos diversos benefícios que já falamos, a prática de meditação pode funcionar como uma verdadeira rota de fuga contra a conformidade social.
Então, vamos praticar?