Medicamentos vendidos na farmácia matam mais do que as drogas ilegais de rua
Todos conhecemos os riscos que o abuso de drogas ilegais pode causar à nossa saúde.
Porém, especialistas estão voltando os olhos para um problema que tem se mostrado muito pior que a cocaína e até a heroína. E a grande questão é que esse mal pode ser encontrado aí na “farmacinha” do seu banheiro, ou seja, de forma totalmente legal.
Lá em 2014, uma matéria do renomado site científico Psychology Today já alertava sobre quão mortal pode ser o abuso de medicamentos.
Os analgésicos, usados como tranquilizantes, antidepressivos, indutores de sono e contra ansiedade estão sendo prescritos cada vez mais, quase de forma banal. Só nos Estados Unidos a taxa de uso aumentou 400% de 1988 a 2008.
O problema é que, ao que tudo indica, as pessoas não estão cientes que eles são responsáveis por mais mortes que as drogas ilegais; tanto quem toma quanto os médicos que as receitam.
Nos Estados Unidos, os analgésicos estão envolvidos em mais mortes por overdose do que a cocaína e a heroína combinadas.
E de acordo com Dr. Thomas Kerr, professor de medicina da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, há 50% mais mortes ocasionadas por medicamentos do que as ligadas ao consumo de heroína.
Isso foi confirmado por um estudo, desenvolvido pela UBC do Canadá e publicado no site científico American Journal of Public Health.
“Há muitas pesquisas que foram feitas em drogas mais tradicionais de abuso, como heroína, cocaína, anfetaminas. Mas não se sabe muito sobre o abuso desse tipo de droga” – revelou Dr. Keith Ahamad, médico especializado em vícios do St. Paul’s Hospital, no Canadá, em entrevista ao site Vancouver Sun.
O remédio que mata (e muito!)
De acordo com este relatório, publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, cerca de 36 mil pessoas morrem por conta da sobredosagem de drogas no país, e boa parte dessas mortes são ocasionadas por medicamentos prescritos.
Michael Jackson, Heath Ledger, Elvis Presley e Marylin Monroe são exemplos de vítimas fatais do abuso dos remédios.
Segundo o estudo feito pela Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá, um dos grandes responsáveis por esses dados perturbadores é a Benzodiazepina (BZD), um composto presente em quase todos esses medicamentos.
De acordo com as pesquisas feitas para o estudo, o consumo excessivo dessa substância pode causar um risco de morte 1.86 maior que o consumo de drogas ilegais.
Chegou-se a esse número após um acompanhamento de 5 anos com 2.802 pessoas que faziam o uso de medicamentos com a BZD na composição, e mesmo isolando alguns fatores de risco, como o uso de outras drogas, estilo de vida e comportamentos de risco, cerca de 527 participantes morreram.
Após essa constatação, uma segunda pesquisa foi feita, utilizando uma parte menor desse grupo de pessoas, com o objetivo de analisar a ligação entre a BZD com a infecção por Hepatite C.
Das 440 pessoas que participaram da pesquisa, 158 relataram que faziam uso de medicamentos com BZD e acredite, ao final do estudo, 142 participantes contraíram a doença.
“O interessante sobre isso é que é uma droga prescrita e as pessoas pensam que estão seguras. Mas, como aconteceu, provavelmente estamos prescrevendo essas drogas de uma maneira que está causando danos” – disse Dr. Ahamad ao Vancouver Sun.
Ainda em entrevista à publicação, Dr. Thomas Kerr revela que o aumento de mortes ocasionadas pela BZD tem sido uma verdadeira epidemia no mundo.
A maneira como as pessoas estão levando suas vidas, sempre atribulada, sem tempo para si, infelizes com seu trabalho e todos os outros problemas típicos dessa era, fazem com que as pessoas procurem ajuda direto nos medicamentos, esquecendo que há outros meios mais eficientes e saudáveis – como a meditação e outras práticas alternativas.
“Muitas vezes, estamos procurando uma resposta em uma pílula, e muitas vezes, negligenciamos outras opções de tratamento”. – desabafa Dr. Kerr.
Remédio é, literalmente, uma droga
O assunto é tão sério que até a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório alertando sobre os usos de medicamentos com BZD. Segundo o documento, é importante que fique bastante claro que o uso (e a prescrição) desse tipo de medicamentos seja feito apenas como última alternativa, em casos extremamente graves.
E mesmo quando for prescrita, o paciente, e principalmente o profissional envolvido, deverá ter a consciência que esses medicamentos são altamente viciantes, causam síndrome de abstinência e devem ser usados pelo menor tempo possível.
Por isso, muito cuidado e não banalize. Os medicamentos não são naturais, mesmo quando prescritos por um médico, podem causar o alívio tão desejado, porém, como podemos ver, a longo prazo e de forma abusiva, tem consequências devastadoras.
Mude seu estilo de vida, medite, entre em contato com a natureza e se conecte com seu interior. A resposta para o fim de boa parte de seus males pode ser mais simples do que imagina.