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Manteiga Derretida? Quem chora vendo filme é emocionalmente mais forte, revela estudo

25 de abril de 2018
Postado por Tati Santana

Se você é do tipo que está sempre derramando um rio de lágrimas a cada cena emocionante de um filme, provavelmente já perdeu as contas de quantas vezes te chamaram de coração mole e foi vista como uma pessoa fraca.

Mas, calma, não precisa chorar por isso. A ciência pensa completamente o oposto sobre você. Pessoas que choram vendo filme tem o nível de inteligência emocional bastante fortificado.

A razão por trás das suas lágrimas

Se colocar no lugar do outro é uma das capacidades mais importantes para o convívio em sociedade. A esta capacidade damos o nome de empatia. É ela que nos faz refletir sobre a situação de alguém e dar importância a isto.

É também a empatia que nos faz compreender a dor do outro, assim como outros sentimentos e estados alheios. Ou seja, é a nossa capacidade de empatia que nos faz ficarmos sensíveis com a situação vivida pela personagem da telona e abrir o berreiro no cinema.

O nome por trás de tanta empatia é oxitocina. Este hormônio trabalha em nosso cérebro como um neurotransmissor, nos motivando a sermos empatas e confiarmos em outras pessoas.

A oxitocina foi descoberta em 1909 e já foi utilizada para induzir o parto em gestantes, vinculada à amamentação por facilitar a expulsão do leite e até chamada de “hormônio do amor” (ou confiança) – por também ser liberado durante o ato sexual e o beijo.

Nos últimos anos, pesquisas começaram a sugerir que a oxitocina possui também um papel crucial como reguladora do comportamento social.

Em entrevista a revista Veja, Dr. Paul J. Zak, neuroeconomista da Claremont Graduate University e um renomado especialista em oxitocina, revela que este hormônio é capaz de nos tornar mais sensíveis a estímulos sociais que nos rodeiam. Em muitas situações, os estímulos sociais nos motivam a ajudar os outros, especialmente se a outra pessoa parece precisar da nossa ajuda.

Ou seja, é como se a oxitocina nos tornasse mais humanos em relação ao outro. Sabe quando acontece aquelas grandes tragédias e a comunidade inteira se une para prestar ajuda/socorro? É a oxitocina bombando no organismo da galera.

E de acordo com um artigo publicado no site Greater Good, de autoria do próprio especialista, as histórias fictícias também são capazes de nos tocar emocionalmente, tanto quanto a vida real.

“Como criaturas sociais que regularmente se afiliam com estranhos, as histórias são uma maneira eficaz de transmitir informações e valores importantes de um indivíduo ou comunidade para o próximo. Histórias que são pessoais e emocionalmente atraentes envolvem mais o cérebro, portanto são mais lembrados do que simplesmente declarar um conjunto de fatos.” – revela Dr. Zak em seu artigo.

Considerando a quantidade de filmes capazes de prender a atenção de uma pessoa e emocioná-la, aumentando seu nível de oxitocina, não é de se estranhar que exista muita gente chorando muito por aí com as mais diversas cenas.

 

A história de Ben

Um experimento desenvolvido pelo Dr. Zak, e explicado por ele mesmo em um artigo publicado no site Greater Good, demonstrou que quando assistimos a filmes com bastante conteúdo emocional, nosso cérebro também libera oxitocina.

Durante o experimento, os psicólogos pediram aos participantes que assistissem a cenas de um vídeo. Metade deles viu uma sequência do vídeo onde um pai falava do câncer terminal de seu filho pequeno chamado Ben.

A outra metade assistiu a cenas deste mesmo vídeo onde Ben e seu pai visitavam um zoológico, sem qualquer relação com o tema da enfermidade.

Plenilunia, http://plenilunia.com/portada/papas-que-tambien-son-mamas/13194/attachment/dad-with-his-son-in-a-zoo-3/

SEM LEGENDA

Adivinha o resultado? O grupo de pessoas que assistiu a cena em que o pai falava sobre o câncer de seu filho gerou uma resposta emocional mais elevada, com um aumento de cerca de 47% do nível de oxitocina no sangue.

Além disso, na continuação do estudo, cada participante foi estimulado a tomar uma série de decisões sobre o ato de dar dinheiro a outras pessoas. Os mesmos participantes que geraram maior resposta emocional na primeira parte do vídeo foram mais generosos com desconhecidos e mais propensos a dar dinheiro para a caridade.

Com este estudo fica fácil perceber que pessoas que costumam se emocionar ao ver filmes tem tendência a serem mais empatas e caridosos. Enquanto as lágrimas caem, o nível de oxitocina não pensa duas vezes antes de subir!

SEM LEGENDA

Ou seja, ao contrário do que dizem por aí, pessoas que choram assistindo filmes e que se conectam com a história dos personagens são empáticas, caridosas e emocionalmente fortes, pois possuem a capacidade de se colocar no lugar do outro e construir uma boa relação com as outras pessoas – inclusive com aquelas que mais precisam de ajuda.

Então, abra o berreiro sem medo (e sem vergonha), pois as lágrimas em seu rostinho só revelam o quão humano – e gente boa! – você é.

Veja, Portal Raízes, Greater Good

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