Na pressa, é muito comum a gente lavar nossos vegetais e frutas apenas com água, no máximo passar uma bucha para tirar a sujeira. Mas em tempos de agrotóxicos poderosos, será que só isso basta?
De acordo com a bióloga e doutoranda em tecnologia de alimentos pela Unicamp, Aline Morgan, lavar frutas e vegetais em água corrente é fundamental, mas não é tudo!
Pois é, segundo a especialista, aquela lavadinha de leve na água não resolve. Ela explica quais são os quatro passos essenciais para eliminar bactérias causadoras de doenças e parasitas, como aquelas lesmas que às vezes vêm de brinde no meio do alface, e os agrotóxicos*.
Como lavar direito!
1. Selecione
É o momento de descartar as partes deterioradas, brotadas, sujeiras e pragas visíveis
2. Lave em água corrente
Nada de só “passar” pela água! É preciso lavar folha por folha, legume por legume, cacho por cacho, fruta por fruta… Mas isso serve apenas para limpar superficialmente o alimento, ou seja, agrotóxicos e bactérias não vão sair apenas com água.
SEM FONTE
3. Deixar de “molho” em agente sanizante
Agora sim, a limpeza mais profunda que você pode e deve fazer. De acordo com a especialista, o correto é utilizar a proporção de 1 colher (sopa) de água sanitária (hipoclorito de sódio), com concentração de cerca de 2,5%, para 1 litro de água e deixar os alimentos de molho por cerca de 15 minutos.
Os produtos vendidos exclusivamente para este objetivo como Hidrosteril e Clorin, também funcionam e devem ser utilizados de acordo com a instrução de seu fabricante.
Em qualquer uma dessas opções o agente sanizante é o cloro, responsável por eliminar as bactérias sem oferecer riscos ao consumidor quando utilizado na correta proporção.
ATENÇÃO! Não pode usar alvejante, limpadores ou tira-manchas, apenas água sanitária!!! Além disso, também importante conferir na embalagem se o produto tem registro no Ministério da Saúde.
Dica extra: um estudo preliminar feito com maçãs concluiu que usar uma mistura de 2 xícaras de água e 1 colher (chá) de bicarbonato, ou na proporção de 10 mg/ml, é ainda mais eficiente que hipoclorito de sódio contra agrotóxicos, retirando até 96% do agente presente na casca. Mais informações, veja aqui.
4. Enxaguar
Enxágue efetuado de forma cuidadosa, em água corrente, para retirar o excesso do produto utilizado.
Todas as etapas, menos a do bicarbonato, valem para alimentos orgânicos também. Todo esse passo a passo é reforçado, em nota, pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Prefeitura de São Paulo. O órgão público ainda alerta contra o uso de outros métodos de higiene:
“Outros procedimentos só podem ser utilizados após a realização de estudos de validação que comprovem sua eficácia.”
Usar apenas vinagre não é indicado!
“O ácido acético do vinagre não é capaz de eliminar as bactérias que causam doenças em humanos, ele apenas ajuda a soltar a terra, as larvas e os insetos que ficam presos nos alimentos.”, explica Aline.
E se eu não fizer nada disso?
Bom, aí você aumenta suas chances de contrair uma das chamadas “DTAs”, as Doenças Transmitidas por Alimentos. Segundo o Ministério da Saúde, existem mais de 250 tipos de DTAs.
Os sintomas mais comuns são falta de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e febre. Mas os riscos podem ir muito além do tal “piriri” com o desenvolvimento de doenças como hepatite A e botulismo.
Sintoma de Hepatite A.
*Os agrotóxicos não vão embora!
É triste a realidade, apesar de todos os procedimentos, não há uma maneira comprovada de eliminar 100% os químicos utilizados nesses alimentos. Por isso, opte pelos orgânicos sempre que for possível.
Você pode reduzir bastante com a dica do bicarbonato de sódio, mas a ação dos agroquímicos utilizados nas plantações é profunda e os agentes tóxicos podem estar presentes em outros tecidos da planta e não só na casca ou partes externas, segundo a doutoranda em tecnologia dos alimentos.
Então já sabe, se não quiser ficar doente, passar o seu alimento apenas na água corrente não é indicado!