Kombucha: o que a ciência diz sobre a poderosa bebida probiótica que conquistou o mundo
Conhecido por quem segue dietas saudáveis e famoso principalmente entre as celebridades, o Kombucha vem ganhando o mundo com sua fama de proporcionar “longevidade” e está cada vez mais conseguindo um espacinho no mundo e em especial, em solos brasileiros.
A seguir vamos desmembrar tudo o que você precisa saber sobre a bebida probiótica mais estudada por cientistas nos últimos anos.
1. O que é o Kombucha?
Composto por leveduras e bactérias, o Kombucha, como bebida, também possui cafeína e açúcar. Sua produção se dá quando estes microrganismos se multiplicam e crescem, criando uma cultura e originando o ácido acético, responsável pela refrescância e pelo fortalecimento do sistema imunológico.
Conhecido como parente do Kefir, bebida probiótica similar, ele é originário da China Antiga e surgiu há mais de 2 mil anos! Mesmo que já conhecido como um medicamente natural e de ação anti-inflamatória e antimicrobiana, ele foi difundido lá pelos anos 60 e 70, graças aos hippies.
“A diferença entre o Kefir e o Kombucha é que o Kombucha precisa dos chás, enquanto o Kefir precisa do leite, da água com açúcar ou de frutas cítricas”, explica a nutricionista Janainna Mazelli.
Por isso, para o processo são utilizados preferencialmente o chá verde, o chá mate ou o chá preto.
2. Quais os benefícios?
De acordo com um estudo realizado por alunos da Universidade de Cornell, o Kombucha consegue suprir sua fama como bebida saudável quando utilizado cerca de 70 g de chá seco – verde, mate ou preto para 7 L de chá.
Ele afirma também que sua atividade antimicrobiana melhora a defesa do organismo contra bactérias patogênicas, e considera-o uma bebida saudável.
“É demonstrado que o Kombucha pode atuar de forma eficiente na preservação e recuperação da saúde devido a quatro propriedades principais: desintoxicação, antioxidação, potências energizantes e promoção da imunidade”, afirmam pesquisadores da Universidade da Letônia em pesquisa publicada no Journal of Medicinal Food.
Entre os principais benefícios do Kombucha encontrados nos estudos, estão:
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Antioxidantes
Outro estudo, produzido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também verificou que, entre os possíveis chás utilizados para a fermentação do Kombucha, é o chá verde artesanal que mais eleva sua atividade antioxidante. Atrás dele, estão o chá de erva-mate e o de chá verde.
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Energia
Sua absorção de ferro, da mesma forma que auxilia em casos de anemia, também promove a melhora do fluxo de oxigênio para os tecidos.
“Fonte energética para as atividades diárias, o Kombucha pode ser inserido no processo de emagrecimento e auxilia na função do sistema imunológico“, explica a nutricionista.
Vale dizer que, apesar de precisar de açúcar para a preparação, a bebida não é muito calórica (13 cal para 100 ml) pois a fermentação também ajuda a “quebrar” as moléculas de glicose.
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Imunidade
De acordo com o estudo publicado na Universidade de Cornell, a vitamina C encontrada no Kombucha ajuda a promover maior imunidade no organismo, protegendo-o contra danos celulares, tumores e doenças inflamatórias.
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Diabetes
Considerado um candidato para o tratamento e prevenção de diabetes, o Kombucha consegue reduzir os níveis de açúcar do sangue. Um estudo realizado com ratos diabéticos, mostrou que a bebida, futuramente, pode servir como um suplemento funcional para os pacientes.
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Anemia
Outro benefício da vitamina C, é a de conseguir aumentar a absorção de ferro do organismo, ou seja, diminuir sua deficiência e promover maior hemoglobina no sangue. Assim, o Kombucha é recomendado principalmente para idosos e vegetarianos, que podem perder o nutriente ao deixar de se alimentar de carne.
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Câncer
Além de suas propriedades antioxidantes e antibacterianas, também foi verificado que a bebida possui a propriedade de diminuir significativamente células cancerígenas. A dissertação foi realizada na Universidade de Lisboa e também mostrou que a bebida pode reduzir o nível de colesterol, promover o bom funcionamento do fígado e retardar o envelhecimento.
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Obesidade
Ao acelerar o metabolismo, o Kombucha auxilia na restrição calórica e pode ser um acréscimo em uma dieta que visa perder peso.
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Asma
Com quantidades significativas de teofilina, um broncodilatador – que aumenta a passagem de oxigênio pelos brônquios – a bebida pode ser usada para ajudar pacientes com a doença. Apenas uma xícara do Kombucha possui cerca de 1,44 mg de teofilina.
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Candidíase
Da mesma forma que trabalha com o sistema digestivo, ao ajudar a criar as chamadas bactérias do bem, o Kombucha também pode ser um auxílio principalmente para as mulheres. A bebida ajuda no tratamento da candidíase, uma infecção fúngica.
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Sistema digestivo
Atuando diretamente na regulação da microbiota intestinal, o Kombucha consegue diminuir inflamações e dificuldades intestinais, restabelecendo a relação de bactérias benéficas – chamadas de “bactérias do bem”.
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Propriedades antimicrobianas
O mesmo estudo realizado pela Universidade de Cornell também apresentou que a atividade antimicrobiana do Kombucha acontece através da composição do ácido acético. Assim, ele trabalha contra uma variedade de bactérias patogênicas, promovendo maior imunidade – citada acima – e bem-estar.
3. Como produzir o Kombucha
Antes de produzir o Kombucha, é preciso conseguir a colônia de leveduras e bactérias, conhecida como SCOBY. Basicamente, ela é um aglomerado destes microrganismos em uma massa de celulose, é irá realizar a primeira fermentação do processo.
Mazeli explica que é apenas na segunda fermentação que o Kombucha apresentará sua gaseificação natural e produzirá seus benefícios.
Mas, para começar, além da SCOBY também é preciso do Starter. Provavelmente você conseguirá ambos juntos, mas ele é o local onde a colônia é mantida junto com uma quantidade de chá já fermentado – possivelmente pela própria pessoa/loja que te entregará. Ele deve ser mantido em um local fresco e escuro até a produção da bebida.
Bom, depois de conseguir a SCOBY – abaixo falaremos como obtê-la – é preciso de:
- 1 L de água
- 5g de chá seco – preferencialmente verde, preto ou mate
- 1 SCOBY – colônia
- 100 ml do Starter
- 50g de açúcar cristal ou orgânico
- Vidro que comporte 2L ou 3L
- Barbante
- Pano ou gase para tampar
- 1 garrafa pet de 1L
Primeira fermentação
Para a primeira fermentação, é preciso fazer o chá em uma proporção de 5g de erva para 1L de água fervente. É preciso deixa-la em infusão por pelo menos 5 minutos. Depois disso, coe o chá, coloque-o no vidro e adicione açúcar em uma proporção de 50g para 1L do líquido. Mexa até o açúcar diluir.
É com a ajuda do açúcar, que as leveduras produzem o álcool que as bactérias utilizam para produzir o ácido acético, fermentando e produzindo o Kombucha.
Com o chá adoçado e frio, adicione a SCOBY e o Starter, feche a boca do vidro com o pano ou gase, e prenda o tecido no vidro com o fio de barbante. Para ficar pronto para a sua fermentação, ele deve ser armazenado por um período de 7 a 21 dias, em um local limpo e escuro.
Quanto mais tempo ficar nessa primeira fermentação, menos doce será o resultado final. Por isso, experimente e avalie seu sabor após o sétimo dia.
Segunda fermentação
Depois de esperar cerca de 14 dias para ver como ficou seu Kombucha, é preciso separar de 200mL a 300mL do chá fermentada para cada SCOBY – cada processo de fermentação gera uma nova SCOBY – e reservá-lo para a sua próxima fermentação. Além disso, você também pode doá-lo, passando-o adiante.
Primeiro, coe o chá fermentado e decida como usá-lo. Geralmente, essa parte é saborizada com outros tipos de chá, suco natural ou integral. Para isso, é utilizado 10% de volume total do chá fermentado. Ele deverá ser colocado em uma garrafa, como aquelas PET de refrigerante ou água, e deixar fermentando entre 2 e 5 dias.
Você saberá que ele está pronto quando, ao apertar a garrafa, sinta-a rígida. Isso significa que o Kombucha já está com gás suficiente e pode ser colocado para refrigerar. É por isso, que muitas pessoas referem-se à bebida como um refrigerante natural e de baixa caloria.
Para variar o consumo do Kombucha, você pode adicionar alguns sabores, como frutas, temperos e sucos integrais. Os sabores mais comuns é o de uva, maçã, maracujá, manga, morango, abacaxi e laranja. Já os temperos costumam ser o gengibre, o cravo, a canela, noz-moscada e hortelã.
4. Contraindicações do Kombucha
Por conta do álcool, que embora seja pouca não é tão segura, o Kombucha é contraindicado para gestantes e mulheres amamentando. Ele também não é indicado para crianças, pacientes em tratamento de câncer e imunossuprimidos – com doenças imunes que reduzem a atividade do sistema imunológico.
Dessa forma, indivíduos com sistemas imunitários enfraquecidos tem chances de sofrer com efeitos colaterais da bebida, que podem ser náuseas, vômitos e diarreias.
“Algumas pesquisas demonstram toxicidades no fígado após o consumo excessivo. Mas muitos estudos ainda estão sendo realizados para definir de fato o que acontece”, explica a nutricionista Janainna Mazelli.
5. Como cuidar do Kombucha
Como a colônia-mãe demanda cuidados, como um animalzinho de estimação, é preciso ficar atento às suas demandas e sempre monitorá-la. Se ela fica sem chá, pode morrer ou secar; precisa estar necessariamente em um vidro maior do que sua área, para desenvolver o processo de fermentação.
Ao adicionar o chá na SCOBY, é preciso sempre deixá-lo esfriar ou em temperatura ambiente. O chá quente pode matar a colônia e você precisará recomeçar o processo tudo de novo – com outra doação.
6. Qual a composição biológica do Kombucha
Caso você queira entender o que está presente no Kombuchá, além da cafeína e do açúcar encontrados no chá, ele também possui sua composição biológica. Entre elas, podemos citar:
Leveduras
- Saccharomyces
- Saccharomycodes
- Schizosaccharomyces
- Zygosaccharomyces
- Brettanomyces/Dekkera
- Candida
- Torulospora
Bactérias dos grupos
- Acetobacter
- Gluconobacter
- Gluconacetobacter
7. Onde posso encontrar um Kombucha?
Encontrado geralmente em casas de produtos naturais e orgânicos, ele também pode ser adquirido a partir de doações. Geralmente, os doadores da cultura de bactérias e fungos podem ser encontrados em sites específicos ou em grupos das redes sociais.
Pelos sites, é possível encontrar diferentes versões do Kombucha. Por exemplo, a Cia dos Fermentados vende diferentes tamanhos de SCOBY, enquanto a Bio Zen vende a bebida já fermentada e saborizada. No país, um dos principais fóruns de produtores caseiros, é o Kombucha Brasil.
Natue, Receita Natureba, Minuto Saudável, Whatsjpa, Sociedade Vegan