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1 milhão de aves exportadas para a Europa foram vetadas por contaminação por salmonela.
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99% da carne contaminada é vendida no Brasil, sem qualquer procedimento prévio.
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JBS e BRF tinham produtos entre as carnes contaminadas.
Aproximadamente 1 milhão de aves congeladas que tiveram entrada vetada no Reino Unido em razão de contaminação por salmonela foram comercializadas normalmente no Brasil entre abril de 2017 e novembro de 2018.
É isso o que revela o resultado da investigação feita pela Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism.
Em 2017 a Operação Carne Fraca apontou sérios problemas com o controle de qualidade da carne vendida e exportada pelo Brasil. Atualmente, portos europeus, onde os padrões sanitários são mais rígidos, continuam vetando a entrada de carne em seus territórios.
O problema é que essa carne retorna ao Brasil e é comercializada como qualquer outra, chegando à nossa mesa. À investigação, o Ministério da Agricultura e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) confirmaram o que é feito com os produtos vetados:
- Em 99% dos casos, os frangos congelados são vendidos in natura, sem passar por nenhum procedimento prévio – isso acontece porque os níveis de contaminação são considerados aceitáveis no Brasil.
- No 1% restante, quando a contaminação representa dano potencial à saúde humana, segundo a legislação brasileira, a carne é cozida e em seguida processada em subprodutos como salsinha e linguiça de frango e nuggets.
Não é tão incomum haver suspeitas de contaminação da carne de frango vendida no Brasil. No início desse ano, por exemplo, a companhia BRF recolheu mais de 400 toneladas de carnes da marca Perdigão por suspeita de contaminação por salmonela.
Além da nossa legislação ser claramente mais “flexível”, já que o que comemos aqui sequer pode entrar em território europeu, um outro grave problema é a ineficiência do controle de qualidade realizado no país.
À Agência Pública, o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Paraná (Afisa), Rudmar Pereira, mencionou o baixo número de fiscais:
“Não há servidores suficientes para a fiscalização e, por isso, não há garantias de que as recomendações sanitárias sejam adotadas”, pontuou.
A investigação mostra ainda que uma parte da carne embargada na Europa foi exportada pelas duas maiores empresas do setor:
JBS – a quem pertence a Friboi e a Seara, e outras marcas destacadas na imagem abaixo.
BRF – a quem pertencem a Sadia e Perdigão, e outras marcas destacadas abaixo.
Ainda assim, as empresas afirmam que não existem falhas em seus procedimentos sanitários ou padrões de qualidade.