![Almanaque SOS](https://assets.almanaquesos.com/wp-content/uploads/2023/04/logo.webp)
Alerta biológico: não deixe seu gato passear na rua!
Você tem o costume de deixar o seu gato passear na rua? Se sim, saiba que deveria buscar evitar esse comportamento, para o bem dele próprio e também da natureza.
Essa é uma situação que costuma dividir opiniões. Há quem pense que o gato, por saber o caminho de voltar para casa, pode dar as suas famosas voltinhas. Mas não, isso não é certo. Porque existem diversas causas para evitar que o gato saia para passear.
Além dos riscos de atropelamentos, envenenamentos, quedas, transmissão de doenças e se machucarem em brigas com outros animais, os gatos causam muitos danos ao meio ambiente.
Natureza caçadora
Porque os bichanos têm uma natureza caçadora, que se torna exótica para o ambiente das ruas. Em cidades com muitos parques e espaços, eles caçam aves, pequenos répteis, roedores nativos, entre outras espécies.
“Mesmo os gatos bem alimentados caçam, e isso é devastador para a natureza. Sobem nas árvores, caçam os filhotes, matam as mães, comem os ovos e pequenos roedores e pequenos répteis, como cobras.
O risco dos gatos é alto no meio ambiente”, explica Alexander Biondo médico veterinário e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no departamento de Medicina Veterinário, setor de Ciências Agrárias.
Alexander é um dos autores do estudo “O impacto dos animais de companhia na fauna silvestre brasileira”, publicado na revista científica Clínica Veterinária.
A estudante de Biologia, Gabriela Almeida, divulgou uma thread em seu perfil no Twitter, Entre Escamas, onde explica com detalhes os perigos que os passeios dos gatos representam para eles e a natureza.
“Gatos são caçadores natos! E junto com toda essa habilidade, eles possuem bactérias em sua saliva, que eles colocam nas garras, por isso o arranhão de gato coça tanto.
Para nós, pode dar uma alergia ou uma infecção, mas para animais de pequeno porte, é muito perigoso e qualquer arranhadinho pode ser o fim da linha para ele”, disse ao Almanaque SOS.
Gato passear na rua: um problema global
Por mais que tenham uma aparência fofinha, os gatos representam um problema ambiental em todo mundo.
Pesquisadores do Instituto Smithsonian de Conservação de Biologia e do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, no país, estimam que cerca de 2,4 bilhões de aves e 12,3 bilhões de mamíferos sejam mortos por gatos a cada ano. Os dados são de 2013.
Já a Austrália, declarou oficialmente que gatos que passeiam nas ruas são uma praga que ameaça a vida nativa australiana.
“Eles têm sido um dos principais responsáveis pela extinção de pelo menos 27 mamíferos, desde que foram introduzidos na Austrália. Hoje, eles colocam em perigo pelo menos 142 espécies e mais de um terço dos mamíferos, répteis, sapos e pássaros que estão ameaçados”, afirma o documento Estratégia para Espécies Ameaçadas, também de 2015, divulgado em uma reportagem da BBC.
![Central Tablelands Local Land Services](https://assets.almanaquesos.com/wp-content/uploads/2021/07/images-8.fit_lim.size_2000x.jpg)
Gatos foram equipados com rastreadores GPS para projeto de rastreamento da Central Tablelands Local Land Services, na Austrália. O resultado comprova que a caminhada do gatinho doméstico não é tão pequena assim.
Por isso, o extermínio dessa espécie é liberado por lei pelos governos. Isso é uma triste realidade para os bichanos nestes.
Mas reforçamos que isso não se aplica ao Brasil, pois a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe que a prática de crimes de maus tratos a animais seja punida com crime de detenção e multa.
Então, se você tem o péssimo hábito de fazer crueldade com gatos, incluindo agressões, envenenamentos ou induzindo brigas, está cometendo um crime – pelo menos por aqui.
“Por algum motivo, as pessoas se sentem muito mais a vontade fazendo crueldade com gatos do que com cachorro (apesar deles também sofrerem). Eu já vi gatos que tiveram as orelhas, rabo e patas cortadas enquanto ainda estavam vivos, alguns são chutados e tem suas costelas quebradas, outros são atropelados, ou comem chumbinho que o vizinho jogou porque estava miando no telhado durante a noite”, enfatizou Gabriela.
Doenças felinas
Além da ameaça biológica, o gato passear na rua não representa nenhuma vantagem para a saúde do próprio bichado.
Ao ter contato com outros animais, seja pela saliva, fezes ou arranhões, pode contrair diversas doenças. Uma das mais conhecidas é a leucemia e HIV felina (FIV e Felv). Ambas são doenças sem cura, que se espalham muito rápido e que são extremamente fatais
“A maioria das transmissões ocorrem devido a esse contato com outros gatos, que têm bactérias em sua saliva, que eles colocam nas garras, quando estes se lambem ou coçam. No momento da briga, o contato com o sangue também é um risco para o contágio”, esclareceu Alexander.
O médico também ressalta o risco de outras doenças nos gatos, como vermes, doenças virais felinas e parasitas, como pulgas, carrapatos, sarnas e piolhos.
Manter o gato em casa é mais seguro
Diante desses perigos, podemos concluir que deixar o gato passear na rua não é uma boa alternativa. E mantê-lo em casa contribui tanto para a saúde do bichinho quanto para a manutenção da natureza.
E ao contrário do que muitos pensam, os gatos que vivem em casa tem uma vida muito mais feliz, e para isso basta acostumá-lo e melhor ainda se for desde filhote.
“Os gatos têm que ser confinados na residência. Cabe aos donos segurar os animais que são de espécie caçadora e com alimentação carnívora. Eles interagem negativamente no meio ambiente, mas é dever do dono privar pela saúde dele e o bem da natureza”, reforçou Alexander Biondo.
Como manter os gatos em casa:
- Para começar, telas nas janelas são fundamentais. Elas devem ser profissionalmente instaladas;
- Se for em cima do muro, devem ter um ângulo de 40° com comprimento de 1 metro.
- Para essa opção anterior, existe uma gambiarra mais em conta utilizando cantoneiras e varal (assista aqui);
- Também pode instalar tubos de PVC que atrapalham ou giram no muro para o gato não se apoiar.
- Também existe uma versão econômica da alternativa anterior, utilizando garrafas PET (veja como);
- Mantenha sempre as portas e o portão fechados ou com tela, além de retirar os móveis que podem dar altura para o gato pular o muro.
Além dessas opções, existe o Oscillot, uma hélice feita com quatro pás de alumínio. Instalada acima da cerca, gira e impede que o gatinho pule para o outro lado.
Além disso, você deve ter no ambiente doméstico distrações para o gato, como brinquedos, prateleiras para o gato escalar e caixas de papelão com furos para fazer de esconderijo. Essas ajudam a evitar o tédio e problemas comportamentais, que fazem com que o gato queira sair.
E o último mas não menos importante, castre o seu gatinho. Além de ajudar a manter o controle populacional da espécie, o ato também diminui o estresse nos bichanos e contribui para que a saúde dele se mantenha por muito mais tempo.
Revista Clínica Veterinária, Twitter Entre Escamas, BBC, Veja, Hypescience, Idmedpet