
Estava comentando com minha terapeuta que tenho sorte por ter conhecido tanta gente boa, e que poucas pessoas claramente jogaram contra mim.
— Não é sorte — ela afirmou. — Você é um bom “juiz de caráter“. Qualquer pessoa que mostra um “desvio” do seu conforto social é afastada quilômetros antes de se aproximar, depois de vários testes que você faz questão de conferir para ter certeza de que está tomando a atitude certa.
Bum! Viajei nisso por semanas e notei 5 “upgrades” que consegui com o passar do tempo e que me tornaram mais bem-sucedido ao “filtrar” meu cÃrculo social para tirar gente que, se não tá somando, melhor sumir — porque subtrair não dá!
1. Evito imediatismos
Quando falo “julgar caráter”, não falo de levantar cartões de pontos para aqueles que fazem tudo que espero. Julgar, ao menos aqui, é ler padrões comportamentais de outras pessoas e tomar precauções, caso necessário. Tipo:
Acabei de conhecer um garoto por um aplicativo. Ele quer ficar comigo mas é chato perguntando direto se sou “sigiloso” — se não sou efeminado ou fofoqueiro. Porque ninguém sabe que ele fica com caras e se eu aparecesse lá desmunhecando poderia envergonhá-lo, ou pior.
Eu poderia ser imediatista, achar que ele está sendo patético e cancelar para procurar outro rapaz. Evitando ser imediatista e pensando com amplitude, descubro que não sei nada sobre os motivos de ele ainda estar no armário. Esse detalhe não define nada.
2. Me convenço a não temer o “tchau”
Todos os dias algo me lembra da frase “nada dura para sempre” — e ela não parece se aplicar apenas a objetos. Algumas pessoas não conseguirão acompanhar meu amadurecimento — ou o contrário!
Uma amiga terminou seis anos de namoro com um cara que a amava, mas era uma máquina de traição incurável. Ela chegou num ponto que não aguentava mais e decidiu terminar de vez.
Óbvio que ela ficou na merda, mas aprendeu que um “tchau” bem dado é melhor que um “vamos tentar” pela milésima vez num cenário onde isso se mostra cada vez mais impossÃvel.
3. Cago pro remorso
Andei com um grupo de amigos bem abusivo por várias primaveras. Eu tinha que fazer tudo do jeito que eles gostavam, ou quando eles queriam. Caso contrário se colocariam como as grandes vÃtimas uns para os outros e me atacariam juntos — conscientemente ou não.
Eles sabiam que isso me fazia mal — só que também fazia com que eu atendesse aos pedidos prontamente. Só há pouco tempo deixei de sentir remorso por dizer “não” visando o meu bem.
4. Meio que medito mentira, forcei no “medito”
Acredito que para “julgar alguém” é necessário estar em dia consigo, então busco me entender, conversar com minha cabeça. Não tomo decisões importantes se estou irritado, triste ou confuso. Tento me julgar menos também, pois pegar leve comigo me deixa tranquilo para pegar leve com o povo.
5. Rancor só em ‘Star Wars’
Todo mundo erra. Mesmo com gente errando oitocentas vezes a mesma mancada, ainda tento ser paciente. Em vez de guardar ódio, algo que me afeta fisicamente, tento me manter nulo ou superar o que não posso mudar, pois desisti de viver no passado — é frustrante demais.
Curto segundas chances porque acho que todo mundo muda, mas também sou esperto para saber que alguns galhos tortos têm chances chocantes de continuarem tortos pelo resto da vida — mesmo até com pessoas dispostas a ajudar na mudança.
A última coisa que gosto de lembrar é que cada um vive uma história. Cada pessoa tomou o rumo que deu, às vezes sem grandes escolhas. Não sou onisciente ou um gênio. Sou um idiota qualquer querendo manter meu espaço social saudável, mas nunca será às custas da minha empatia.
No fim, é sempre ela quem bate o martelo.