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15 Filmes que os fãs não entenderam (Star Wars, Clube da Luta e mais)

14 de agosto de 2020
Postado por Denis Le Senechal Klimiuc

Apesar do esforço dos cineastas, alguns longa-metragens surtem um efeito inesperado. Fãs passam a usar a mensagem do filme de forma completamente oposta ao que se pretendia com a obra. A seguir veja a lista com filmes que os fãs não entenderam.

 

Filmes que os fãs não entenderam: uma questão de interpretação pessoal

O cinema tem ideias que fogem da caixinha. Muitos dos filmes que marcaram época não são apenas para rir ou chorar, eles trazem discussões maiores do que o puro e alienante entretenimento. E isso faz a cabeça de muita gente explodir.

Apesar do esforço de alguns cineastas, porém, alguns desses filmes surtiram um efeito contrário ao que era proposto. O que não diminui a qualidade deles, evidentemente. Mas nos coloca para refletir.

Para te ilustrar melhor, preparamos uma lista com filmes que os fãs não entenderam, ou pelo menos uma parte deles. E já aviso: vai rolar MUITO SPOILER, ok?

 

1. O Irlandês

Em 2019, um dos grandes filmes de Martin Scorsese, “O Irlandês”, fez com que muita gente defendesse o protagonista, Frank Sheeran, um homem extremamente frio, responsável por diversas mortes de ícones americanos, dentre eles a do sindicalista Jimmy Hoffa.

Apesar de toda a crítica em relação ao modus operandi luxuoso e decadente da máfia, o que se percebeu foi um endeusamento em relação ao assassino Sheeran. Uma prova que nem sempre o protagonista é um bom mocinho.

https://www.youtube.com/watch?v=xh1eWsjvMws

 

2. Tropa de Elite

José Padilha não fazia a menor ideia de que o maior sucesso de sua carreira, até o momento, seria motivo de alistamento no Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro (BOPE), quando o anti-herói vilão, Capitão Nascimento, foi levado ao status de herói nacional.

Apesar do sucesso do longa, até hoje é o personagem que Wagner Moura criou que é relembrado – e celebrado. Como se fosse digno de mérito, apesar de seu caráter claramente duvidoso. Para ter uma ideia, em “Tropa de Elite”, o Capitão valida sua autoridade através de violência constante, torturando pretos e pobres pessoas que ele entende como suspeitas.

 

3. Um Dia de Fúria

William Foster se transformou no símbolo do esgotamento emocional, algo que se tornou popular com a palavra estresse – e hoje, com o termo burn out. Personagem de Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”, são algumas de suas situações-limite que o tornaram tão popular.

O que aconteceu depois, muita gente passou a mudar a forma de se relacionar com funcionários de diversos estabelecimentos, como restaurantes, por conta do comportamento explosivo desse personagem, que perdeu o limite por motivos diversos. Ao que parece, o longa deu certa legitimidade a esse comportamento tóxico.

4. Clube da Luta

O clássico dos filmes que os fãs não entenderam. Um clube formado por homens que se espancam o dia inteiro, induzindo e reforçando um comportamento nocivo, físico e psicologicamente. Uma denúncia interessante e bastante clara contra o machismo tóxico tão presente na sociedade.

Como poderia ser mais clara a mensagem de “Clube da Luta”? Pelo visto, com um conteúdo ainda mais didático. Isso porque o filme se tornou uma verdadeira propaganda do comportamento tóxico entre homens, chegando a provocar a morte de alguns em grupos de luta clandestinos, após o lançamento no cinema. Seria cômico, se não fosse trágico.

 

5. 365 Dias

A produção da Netflix mostra que o erotismo ainda está em alta. Mas nesse caso é diferente. A história de “365” é, na realidade, sobre o sequestro de uma mulher, intimidada e privada de sua vida, sendo feita de escrava sexual de um magnata italiano.

Isso nem ao menos é romantizado, inclusive se levarmos em conta que a personagem acaba sofrendo com a Síndrome de Estocolmo, estado psicológico em que uma pessoa passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor. Resultado: o filme foi um sucesso e muitas pessoas passaram a desejar ser vítima de sequestro e de escravidão sexual.

 

6. X-Men

Bryan Singer é um diretor norte-americano bastante famoso. Ele levou ao cinema os dois primeiros filmes de “X-Men”, que, assim como a HQ, trazem mensagens claras sobre a importância da diversidade e igualdade de direitos. O problema é que muita gente não captou ou não quis captar.

Com mais 9 longas-metragens, a franquia “X-Men” se tornou ainda maior. Todos com mensagens ainda mais explícitas, sobretudo em relação a homosexualidade. Mas isso não foi o suficiente para que boa parte dos fãs criassem campanhas contra temas mais humanistas. Apesar dessa retaliação conservadora, quem lacra, continua lucrando. E muito!

 

7. Os Bons Companheiros

Mais uma vez na lista, Martin Scorsese merece outro lugar porque seu clássico “Os Bons Companheiros” se tornou um dos filmes favoritos sobre gânsteres, como se o mundo da máfia fosse algo a ser almejado por crianças e adolescentes.

O explosivo personagem de Joe Pesci, que ganhou o Oscar por sua composição, foi elevado como ídolo daqueles que enxergaram no filme uma oportunidade em trabalhar no mundo do crime, sobretudo nos Estados Unidos, onde a obra chegou a ser muito criticada por isso.

 

8. A Onda

Esse excelente filme alemão apresenta a história de um professor que mostrou, na prática, como o fascismo funciona aos seus alunos, em plena Alemanha do século XXI. Incrédulos de que poderia acontecer novamente, eles passam a exercitar as técnicas de ditadores, como Hitler. O resultado é, como o previsto, um desastre.

O longa, apesar de claramente denunciar todas as nuances de um regime fascista, é considerado como uma espécie de manual para seguidores dessa doutrina ideológica. Complicado.

 

9. Star Wars

Com a ajuda da Força, a energia presente em tudo, os poderosos jedis auxiliam os rebeldes na batalha contra os anseios tirânicos do Império. Ou seja, o Império são os vilões e a Resistência são os mocinhos. É bem simples assim. Enquanto um grupo deseja dominar as galáxias e decretar um regime ditatorial, o outro grupo luta pela autonomia de todos os povos.

Com 11 filmes, além do universo expandido, Star Wars conseguiu confundir as pessoas. Afinal, apesar da premissa denunciar posturas fascistas e defender o respeito ao diferente, o que mais se vê são fãs conservadores destilando ódio contra grupos historicamente oprimidos, como aconteceu com a protagonista feminina e atores não-brancos que ganharam destaque.

 

10. Histórias Cruzadas

Eis um filme que fala de racismo sob a ótica dos brancos, mas que em sua época de lançamento foi altamente disseminado como o corajoso ponto de vista que precisava ser contado nos cinemas.

Felizmente os tempos mudam e até mesmo suas protagonistas, Viola Davis e Octavia Spencer, já afirmaram que se pudessem voltar no tempo, não o teriam feito. Isso porque, ao que se pode perceber pela reação de alguns fãs, o filme trouxe uma falsa visão de que a escravidão e a segregação, nos Estados Unidos, não existiram. 

https://www.youtube.com/watch?v=z4qF_8EP5Zg

 

11. Laranja Mecânica

Stanley Kubrick foi um mestre da sétima arte, em “Laranja Mecânica” denuncia a forma com a qual os “desajustados” são tratados em sociedade, feitos de cobaias de experiências políticas e culturais, algo que o filme demonstra com certa violência, inédito para a época de seu lançamento.

Mas a crítica é muito sútil. Tanto que alguns fãs ainda acham que o filme é sobre um grupo de bagunceiros que não merecem viver em sociedade, apresentando essa obra-prima como um bom exemplo de como proceder para garantir a ordem.

 

12. Batman – O Cavaleiro das Trevas

Heath Ledger morreu antes de ver um dos melhores filmes de sua carreira chegar aos cinemas. Existe um boato de que o ator sofreu overdose por mergulhar excessivamente no caos do personagem, Coringa. Apesar de já ter sido desmentido pela família, essa história demonstra o que é ignorado por fãs: o vilão é extremamente problemático.

Apesar de matar de maneira fria ou mesmo cruel, o personagem psicopata ganhou os corações de uma geração inteira. Quanto mais perverso era Coringa no longa-metragem, mais antológica se tornava a cena. Será que amamos somente a atuação impecável de Ledger?

 

13. Vingadores: Guerra Infinita

O Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) nos cinemas chegou ao começo do fim com a apresentação de seu maior vilão até então, Thanos. Guerreiro experiente e excelente em oratória, traz uma lógica quase irretocável para justificar a eliminação da metade do universo com um estalar dos dedos.

O personagem é tão bem feito e escrito, com um filme de duas horas e meia praticamente inteiro dedicado ao grande vilão, que é difícil encontrar rasuras em suas ações, até que você chacoalha a cabeça e pensa: “Espera. Estou simpatizando com um fascista?”

 

14. Jogos Mortais

Esse não é exatamente um dos filmes que fãs não entenderam. Afinal, é de terror. Mas vamos analisar somente esse. “Jogos Mortais” criou uma franquia altamente lucrativa para a indústria dos filmes desse gênero. A partir de uma mente psicótica, o vilão Jigsaw inventa uma série bizarra de torturas, como castigo contra pessoas que supostamente mereciam, segundo ele. 

Aqui não existe desvirtuamento quando entendemos que justiçamento é errado. Mas, além disso, fãs acabam por banalizar e glamorizar a tortura. O reforço que se tira disso, para uma pessoa desavisada, é que um suposto criminoso não merece o apelo da lei.

 

15. Coringa

Novamente o caso de justiçamento, tão comum em filmes de ação. No consagrado “Coringa”, o vilão ainda está em fase de “nascimento”. Nele, conhecemos os motivos que transformaram um ator decadente em um assassino niilista. Vítima de diversas injustiças durante toda a vida, Arthur Fleck, acaba perdendo completamente a razão. É isso.

Com o filme não debate nada além disso, o vilão vira uma espécie de mocinho. Pois é. Afinal, basta ter alguma empatia para se colocar no lugar do personagem e entender seu sofrimento. Mas será que sair matando geral é uma solução viável contra as injustiças da vida? Pois alguns fãs acreditam que sim.

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