Aquele único pedaço de Pizza pode causar diabetes, diz novo estudo
Sabemos que gulodices em excesso podem prejudicar bastante nossa saúde. Mas não é uma pizzazinha no final de semana que vai deixar a gente mal, né?
Para nossa tristeza, cientistas acabam de constatar exatamente o contrário.
Apesar de muitas pessoas acharem que comer junk food com moderação não irá fazer mal à saúde, o estudo publicado no Journal of Clinical Investigation revela que apenas uma única refeição rica em gordura, como um fast-food, já seria capaz de alterar o metabolismo, causar resistência à insulina e danos ao fígado.
Investigando a gordura
Para realizar o estudo, os pesquisadores do Centro Alemão de Diabetes reuniram 14 voluntários, todos homens magros e saudáveis, entre 20 e 40 anos.
Metade dos participantes recebeu uma bebida com sabor de baunilha, composta com óleo de palma (também conhecido como azeite de dendê) e a outra metade recebeu apenas água pura.
Para simular os efeitos, a bebida de óleo de palma que os voluntários ingeriram possuía a mesma quantidade de gordura saturada que um pedaço de pizza com oito rodelas de calabresa ou um x-burger com uma porção grande de batatas fritas.
Os cientistas analisaram o metabolismo dos participantes através da técnica de espectroscopia de ressonância magnética e desse modo foi possível verificar como o consumo de gordura altera o metabolismo dos músculos, fígado e tecido adiposo – mesmo sendo de vez em quando ou em pouca quantidade.
O resultado dos testes mostrou que ingerir apenas essa quantidade de gordura saturada, equivalente a um lanche completo, é o suficiente para imediatamente aumentar o acúmulo de gordura no fígado e deixar o corpo resistente à insulina, hormônio que regula o açúcar no sangue.
Os cientistas também registraram aumento nos níveis de triglicerídeos, além de maiores níveis de glucagon, hormônio responsável por cessar o processo de diminuição do nível de açúcar no sangue.
A ingestão de gordura saturada provoca mudanças no metabolismo semelhantes às que acontecem nos casos de Diabetes tipo 2 ou Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), podendo causar graves danos ao fígado.
Essas alterações no metabolismo são conhecidas como “síndrome metabólica” e aumentam o risco de diabetes tipo 2.
“A surpresa foi que uma única dose de óleo de palma tem um impacto tão rápido e direto no fígado de uma pessoa saudável; a quantidade de gordura administrada já desencadeou a resistência à insulina”, revela Michael Roden, um dos autores do estudo, para o site Express.
A Gordura do mal
Segundo a pesquisa, até mesmo o consumo ocasional de um alimento com grande quantidade de óleo de palma (consequentemente, de gordura saturada) já é capaz de diminuir a sensibilidade do corpo à insulina, aumentar os depósitos de gordura e alterar o metabolismo.
O óleo de palma, ou azeite de dendê, é um dos óleos mais baratos que existem e atualmente está presente em diversos produtos alimentícios – lembra da polêmica com a Nutella? Ele é usado por sua capacidade de dar cremosidade e aumentar a validade dos produtos na prateleira. Nos rótulos, o óleo de palma está descrito apenas como “óleo vegetal”.
Entre os produtos que usam esse óleo estão: batatas fritas, sopas prontas, bolachas, leite em pó, sardinhas enlatadas, margarina, molho de tomate, cereais, chocolate, sorvete, queijo, tortas, pães, entre muitos outros.
Nos tornamos diabéticos por algum momento
A resistência à insulina faz com que os músculos deixem de absorver o açúcar, por conta do seu acúmulo no fígado, resultando em aumento do nível de glicose no sangue de portadores de diabetes tipo 2.
Como os efeitos imediatos de comer lanche gorduroso são os mesmos da diabetes, nosso metabolismo por um momento fica bem parecido com o de um portador da doença.
“Presumimos que os indivíduos magros e saudáveis são capazes de compensar adequadamente a ingestão excessiva de ácidos graxos saturados, no entanto, a exposição prolongada e repetida a tais nutrientes acabará por levar à resistência insulínica crônica e a DHGNA (Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica)” – revelam os pesquisadores no estudo.
Embora a pesquisa seja reveladora e até um pouco assustadora, a gerente de comunicações de pesquisa da Diabetes UK, Emily Burns, disse para o site Independent que deve-se interpretar os resultados com sabedoria, já que não há mulheres envolvidas no estudo, nem comparações com outros alimentos. E vamos combinar, 14 pessoas é uma amostragem muito baixa.
“Embora este estudo sugira que a gordura tem um impacto real sobre o fígado, precisamos ter cuidado ao interpretar os resultados. A pesquisa não envolveu nenhuma mulher e não comparou os efeitos da gordura saturada a outros alimentos, como a proteína ou a gordura insaturada.”
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