Os efeitos da Maconha para os Cachorros
Fome do cão é uma das consequências de consumir cannabis.
Porém, na grande maioria das vezes, a combinação de maconha e laricas não são nem um pouco indicadas para o teu animalzinho de estimação. A gente explica melhor essa viagem.
Apesar de não ser uma atitude louvável expor os animais à fumaça, o perigo maior está na ingestão da substância. Isso é mais comum do que pensamos.
O médico de emergência da rede veterinária Blue Pearl, David Wohlstadter, disse para o site The New York Times, “vemos cerca de um caso por dia em um dos nossos quatro hospitais e nós definitivamente percebemos aumento nos últimos dois anos.”
O centro veterinário Animal Medical Center, em Nova York (EUA), informa que notou aumento de 144% nos casos de intoxicação de animais de estimação por maconha, de 2010 a 2015.
Uma brisa bem diferente
Mesmo que não seja fatal, a intoxicação por maconha pode fazer os animais domésticos passarem muito mal. Seria letal se os cães ingerirem acima de 3 kg de maconha.
Segundo um estudo publicado no Companion Animal Medicine, os sintomas começam a aparecer após 60 minutos da ingestão; pequenas doses podem causar depressão, hipersalivação, vômitos, incontinência urinária, tremores, hipotermia, bradicardia, entre outros. Já doses mais elevadas podem causar nistagmo, agitação, taquicardia, hiperexcitabilidade e convulsões.
Os veterinários ainda não sabem se os cães têm menor tolerância ao THC, o princípio ativo da maconha, do que humanos. O que se sabe é que uma dose que pode deixar um humano de 70 kg chapado, como um cookie com maconha por exemplo, em um cão de 6 quilos pode ter efeito 10 vezes maior.
Mesmo assim, substâncias que contém derivados de maconha são usados por alguns veterinários e donos de pets para tratar convulsões, dores e estimular o apetite. Porém tais substâncias contém uma concentração muito menor de THC e as dosagens são rigorosamente controladas.
Abrindo o jogo com o veterinário
Muitas vezes os donos dos cães se sentem envergonhados e com receio de contar aos veterinários o real motivo ou como aconteceu a ingestão de maconha por parte do animal, o que dificulta o diagnóstico.
“Eu digo, ‘Olha, eu não sou a polícia, eu realmente não me importo, só vai me ajudar a diagnosticar seu cão muito mais rápido'”, disse Brett Levitzke, médico diretor do Veterinary Emergency and Referral Group ao The New York Times.
Além disso, Levitzke explica que outras doenças mais graves como insuficiência renal e doença hepática produzem sintomas parecidos, então revelar o verdadeiro problema pode economizar tempo e dinheiro em outros testes.
Cuidado redobrado
Um estudo publicado no NCBI mostra que a maior incidência de intoxicação por maconha ocorre em cães, responsáveis por 96% dos atendimentos. Em segundo lugar estão os gatos com 3% e 1% são outras espécies.
Segundo o veterinário Levitzke, os cães são mais propensos a colocar vários tipos de coisas na boca, ao contrário dos gatos. Por isso, é necessário ter cuidado com o armazenamento da erva a fim de evitar acidentes.
Além do mais, em muitos casos os animais não só se intoxicam com a maconha, mas também com outros ingredientes de receitas feitas com a erva, como manteiga, chocolate ou açúcar (que podem ser até mais perigosos).
O cuidado deve ser redobrado também com o descarte dos ingredientes e restos da receita, os quais não devem ser deixados ao alcance dos animais.
Curando a Bad Trip canina
A intoxicação pode afetar cães de diferentes raças e tamanhos, então não há uma quantidade segura de ingestão. Porém, a mortalidade é bastante rara e quando ocorre muitas vezes deriva do chocolate presente em algumas receitas.
O tratamento pode durar dias e dependendo do caso, é resolvido simplesmente hidratando o animal e deixando-o em repouso. Quando o médico diagnostica esse problema, geralmente induz o pet ao vômito. Contudo, o caso muitas vezes só é percebido após os sintomas, o que mostra que a droga já foi absorvida no organismo.
Além disso, a maconha tende a dificultar o vômito, o que atrapalha sua eliminação. Em alguns casos, os médicos usam carvão ativado para limpar o estômago do cão e quando há risco de vida, pode ser feita lavagem gástrica, explica Levitzke.
Tina Wismer, diretora médica da ASPCA – Centro Nacional de Controle de Veneno nos Animais – disse também ao The New York Times que já ocorreram intoxicações graves em que os animais entraram em coma, com a pressão arterial extremamente baixa.
The New York Times, Companion Animal Medicine, VCA Animal Hospital, Veterinary Pratice News, Galileu