Especialistas respondem o que é pior: Trabalhar sentado ou em pé?
Trabalhar já não é umas das atividades mais legais do mundo, mas você sempre se apega à sua “sorte”, afinal, pelo menos você trampa sentado. Dos males o menor, né não?
Mas será que a galera sentadinha sofre menos do que aqueles trampam de pé? E essa segunda turma, será que eles realmente se lascam infinitamente mais que a galera da cadeirinha acolchoada? Reflita…
O site Mic publicou uma matéria com o objetivo de esclarecer bem essa história. E as conclusões podem ser alarmantes.
Os efeitos de ficar muito tempo sentado não deveriam ser uma enorme surpresa, já que há uma grande quantidade de pesquisas publicadas sobre isso, como este estudo, divulgado pelo Washington Post, mostram que ficar sentado o dia todo com uma postura ruim pode causar sérios problemas.
O hábito atinge sua circulação, seu cérebro e, infelizmente sua vida sexual. Isso mesmo.
Seu cérebro enquanto você fica sentado
De acordo com o fisioterapeuta Murat Dalkilinç, em uma palestra ao TED-Ed, quando você fica jogado na cadeira, sua coluna se curva, diminuindo o espaço disponível para os seus pulmões se expandirem quando você respira.
Basicamente, isso diminui a quantidade de oxigênio que chega ao sangue nas extremidades do seu corpo, ou seja, seu cérebro não recebe oxigênio o suficiente, dificultando sua capacidade de concentração. E você achando que era a preguiça que fazia isso!
Sentar também é uma droga pro seu pescoço
De acordo com este estudo, publicado na CBS Minsesota, seu pescoço já tem que aguentar uns 4 a 5,5 quilos de cabeça, além de manter tudo equilibrado.
Quando você começa a inclinar a cabeça para olhar para celular ou laptop, a força que o seu pescoço precisa fazer pra aguentar vai aumentando. Ao chegar em 60º de inclinação, seu pobre pescocinho já está fazendo força equivalente a aguentar uns 27kg. Isso mesmo, o peso de um lindo cão golden-retriever.
Seu coração também não curte sentar – agora a coisa fica tensa!
Segundo outro estudo, desenvolvido pela Universidade de Havard, e esse artigo, publicado no American College Physicians, se submeter ao chamado “comportamento sedentário” aumenta os riscos de diabetes tipo 2, câncer e doenças relacionadas.
Sim, você leu certo: ficar sentado pode ter relação com câncer. Segundo um estudo, publicado no BMJ Blogs, o risco de contrair câncer de intestino aumenta 30%, 54% para o de pulmão, e as chances aumentam 66% no caso do câncer de útero.
E segundo a pesquisa, publicada no Journal of the National Cancer Institute, a cada duas horinhas que você passa na cadeira, os riscos aumentam as taxas para variados tipos da doença.
“Ah, mas eu faço academia! Tô salvo!”
Pensou que fosse escapar, né? Pois fique sabendo que passar o resto do dia sentado meio que invalida aqueles abdominais que você fez mais cedo. É o que o Dr. Brad Thomas, Cirurgião Ortopédico no Beach Cities Orthopedics, na Califórnia, disse em entrevista ao site o Mic.
Sim, pois os músculos da coxa que você usa pra se sentar estão ligados à sua pélvis, que está ligada à sua coluna. Quando você mexe a pélvis na cadeira, seus músculos da coxa se contraem, fazendo o mesmo com a sua lombar, explicou o doutor.
Ainda segundo o Dr. Thomas, isso faz com que não tenha que usar os músculos abdominais, o que encurta os músculos da lombar e te dá de presente uma futura dor nas costas. Tudo tá fazendo sentido pra você agora, né?
Vamos falar do que nos aflige mais: E a vida sexual?
Ainda de acordo com a entrevista dada pelo Dr. Thomas ao Mic, essa tragédia acontece pois quando se passa muito tempo sentado, basicamente você perde a força nos músculos no núcleo da pélvis, e perde a força no “assoalho pélvico”.
A musculatura do assoalho pélvico é responsável por controlar a bexiga, os intestinos e o útero. Quanto menos força tiverem esses músculos, menos você controla o que sai de dentro de você. E isso pode ter relação com o desempenho do seu órgão sexual.
Seu cérebro durante os exercícios
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, só de andar uns 150 minutos por semana (só 22 minutinhos por dia) o teu cérebro funciona melhor, com menos riscos de contrair Alzheimer, que armazena mais memória sensorial e ainda libera muito mais endorfina, famosa por te manter felizinho.
O site Fix desenvolveu um infográfico (em inglês) com várias informações interessantes sobre como seu cérebro reage às atividades físicas.
Por exemplo, se você for estudante de graduação, 30 minutos de corrida resultam em reflexos mais ágeis e aumento de aprendizado de vocabulário, e se você continuar ativo depois de completar 65 anos, terá menos risco de desenvolver declínio cognitivo.
Outra coisa: quando você faz exercícios aeróbicos, o lobo temporal no seu cérebro ganha um aumento de conectividade, ou seja, você faz conexões mentais mais rapidamente.
O infográfico mostra ainda que atividade física pode até mesmo aumentar sua capacidade de filtrar respostas inapropriadas durante uma conversa, além de melhorar seu humor e diminuir níveis de ansiedade.
E quem trabalha de pé está livre dos problemas?
Não mesmo. Segundo entrevista do Dr. Ronald Taylor, chefe do setor de medicina física e reabilitação do Beaumont Hospital, em Michigan, ao site Mic, quando seu trabalho é estressante ou envolve força, como por exemplo carregar coisas pesadas, a sua coluna sofre.
Se você não se cuidar com um montão de alongamentos, você está tão ferrado tanto quanto quem fica sentado o dia todo, alertou o doutor.
Pois é, como a coluna é tão importante no movimento, tem vários meios de acabar com ela. Alguns deles são: impacto repetitivo, como quando você corre, ou usar forma incorreta ao levantar ou abaixar objetos pesados.
Mas os danos não param aí. Os ombros também sofrem bastante. Muitos mecânicos tem problemas nessa região, porque concentram muito trabalho acima da cabeça, e isso enquanto estão deitados em baixo de um carro.
E, por incrível que pareça, Dr. Taylor conta que aeromoças e comissárias de bordo também têm muitas lesões nos ombros, de tanto guardar bagagens nos bagageiros acima dos assentos dos passageiros.
Então, qual a melhor solução?
Trabalho sentado
A recomendação do Dr. Taylor para quem trabalha sentado é: faça 30 minutos de exercício cardiovascular que não lhe cause dor, de 4 a 5 vezes na semana. Levante e dê uma volta de vez em quando. Vá buscar seu almoço em vez de pedir delivery.
Dê uma alongada nas panturrilhas e no tendão de Aquiles. Basta apoiar o peito dos pés no degrau de uma escada e ir abaixando os calcanhares. E cuide um pouco da sua lombar também! Essa pose de yoga, flexionando e estendendo as costas, ajuda bastante.
Alongue também os músculos da coxa, com o clássico “tentar tocar as pontas dos pés”, como indica este estudo publicado no site Spine-Health.
Trabalho em pé
Já para quem trabalha em pé, se movimentando muito, pode procurar fortalecer os músculos, para causar menos impacto às articulações, e diminuir ao máximo o esforço envolvido. Por exemplo, fazer academia.
E para os dois grupos, vale ficar de olho no SOS Solteiros, vira e mexe rolam dicas incríveis para aliviar as dores da má postura.
No final das contas, qual opção é a pior?
Não tem como negar. Ficar sentado o dia todo se confirma como o tipo de trampo mais prejudicial para a sua saúde.
Isso porque, apesar dos trabalhos em movimento também apresentarem alguns riscos, estes trazem muitos benefícios que a galera do escritório precisa, literalmente, correr atrás para compensar.