Especialista revela como poupar a vida de milhares de animais e continuar comendo carne
A preocupação com a alimentação e principalmente a consciência dos maus tratos aos animais tem feito muita gente seguir uma dieta vegana ou vegetariana.
Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, no ano de 2015 houve uma diminuição de 8% no consumo de carne no país, registrando o menor nível desde 2011. Isso antes dos escândalos da operação “A Carne é Fraca” que, segundo dados do Datafolha, causou uma diminuição de 30% no consumo de carne.
Mas infelizmente em outras regiões do mundo não é assim.
De acordo com o ativista vegano estadunidense, especialista em direitos animais, Matt Ball, em reportagem para o canal do Youtube do site Vox, desde os anos 70 a população vegetariana e vegana nos Estados Unidos não sofreu quase nenhuma mudança.
Conforme revelou este estudo publicado no site cientifico, Faunalytics, boa parte das pessoas (cerca de 80%!) que começam a seguir uma dessas dietas acaba voltando a consumir carne após um tempo, isso porque eles não aguentam a pressão social que é “não comer carne”.
Conforme explicado pelo especialista, a vontade de diminuir o sofrimento de muitos animais é genuína, mas ninguém consome carne pensando em realmente fazer mal para algum bichinho. As pessoas consomem carne porque estamos acostumadas a isso.
E é nesse ponto que muitos ativistas, que desejam expandir a cultura vegetariana e vegana pelo mundo, tem errado. Segundo ele, a abordagem de “convencê-los” a parar completamente o consumo de carne, de acordo com os dados, soa um tanto quanto utópica, e pelo menos nos EUA, não tem funcionado como deveria.
“Então, quando estamos forçando as pessoas a comerem na forma que nós (os vegetarianos e veganos) comem, estamos afastando às pessoas. Estamos levando todas elas de volta ao consumo de carne.” – desabafa o especialista em direitos animais.
Para Ball, existe uma outra maneira de diminuir consideravelmente os maus tratos aos animais, sem precisar encarar uma dieta vegana ou vegetariana, sem precisar mudar completamente seus hábitos ou manter-se firme constantemente para aguentar a pressão social: continue comendo seus bifes, mas pelo menos pare de consumir frangos.
Campanha: Não coma galinhas!
Segundo o ativista, não importa quais são os outros alimentos que você consuma, se cortar a carne de frango da sua dieta, já causará um grande impacto na vida desses animais pois essa simples ação será capaz de tirar boa parte do apoio financeiro de muitas das indústrias “da carne”.
Ball explica que a dieta estadunidense convencional equivale ao abatimento de 25 animais terrestres por ano. Se cortarmos a carne de frango, esse número cai para apenas dois animais, poupando a vida de 23 galinhas!
Ilustrando, imagine que para atingir a quantidade de refeições que um porco oferece são necessários mais de 40 frangos, já para atingir o que uma vaca oferece, lá se vão mais de 200 frangos.
Podemos visualizar esse comportamento do mercado aqui no Brasil, levando em consideração os dados do IBGE, mostrando que apenas em 2015, a cada segundo foram abatidos cerca de um porco e uma vaca; em contrapartida, por segundo mataram cerca de 180 galinhas.
Ou seja, para o consumo de carne (terrestre), aves respondem por 98% do abate anual. Bovinos e suínos não chegam a 1%.
Resumindo a proposta do ativista, ele sugere que paremos com o consumo de frango, assim, muitas vidas desses animais serão poupadas. Além disso, o baixo consumo do produto, que claramente é um dos pilares desse “negócio”, enfraquecerá as estruturas das indústrias “carnívoras”.
É claro que não estamos citando aqui os graves problemas que o consumo de carne bovina traz, como o desmatamento de florestas para criação de gado ou plantação de soja (ração), ou as polêmicas da indústria láctea.
Mas quando um dos grandes setores da máquina ruralista é enfraquecido, todos tem a ganhar, e “de quebra” o abatimento de milhões de animais também é diminuído. Uma coisa leva a outra, um passo de cada vez. Se deixar de consumir frango, você ainda poderá se jogar no espetinho e na linguiça do churrasco sem (muita) culpa.