Terapia Helmíntica: Engolir vermes pode ser o melhor o tratamento contra doenças crônicas
Para quem achava que ingerir cápsulas com fezes era tratamento de saúde mais estranho de todos, então é bom rever os conceitos.
Já faz alguns anos que especialistas do mundo todo estão estudando tratamentos com vermes para promover a cura de doenças crônicas e autoimunes.
Pode parecer um tanto quanto bizarro introduzir em nosso organismo, seja através de injeções ou via oral, algum tipo de parasita até então visto como grande vilão ao organismo, para trazer resultados benéficos à saúde.
O raciocínio por trás deste tratamento, chamado como Terapia Helmíntica – devido aos helmintos, nome que é dado aos vermes – é semelhante aos probióticos, as bactérias boas.
Ao se alojarem em nosso organismo, o parasita causa uma infecção que ativa nosso sistema imunológico de tal forma, que acaba tratando algumas doenças, que até então eram incuráveis. Os resultados não são rápidos, podem levar semanas, meses ou até anos para aparecerem.
Estudos comprovam a eficiência
Em 2008, o professor de neurologia, John Fleming, foi um dos primeiros a infectar pacientes que sofriam de esclerose múltipla com os vermes vivos.
No início de seus testes, ele notou através de exames de ressonância magnética, que o cérebro do paciente continha 6,6 lesões ativas (cicatrizes que impediam a transmissão de mensagens entre o cérebro e a coluna espinhal).
Após a inserção do verme no organismo, esse número caiu para apenas duas. Ao retirar o parasita do corpo do paciente, esse número voltou a subir para 5,8.
“A beleza disso é que o número de novas lesões é realmente uma resposta objetiva e brutalmente honesta. Não é prova, não é definitivo, mas pelo menos é promissor.” – disse Fleming à BBC.
Desde os anos 90, diversas pesquisas e estudos apontam benefícios provenientes desse tratamento inusitado, como a cura de alergias, colite, doença de Crohn e outros problemas crônicos. Como este publicado pela renomada revista científica Science, ou este publicado no site da revista científica The Journal of Allergy and Clinical Immunology.
Outros estudos estão sendo feitos com o objetivo de identificar o potencial desse tratamento com vermes para doenças que vão desde asma, psoríase e até autismo.
Vermes malditos?
Apesar dos resultados promissores dos diversos estudos que estão sendo feitos, o tratamento, até o momento, só é legalizado no México. De acordo com a classe científica, ainda é cedo para comprovar os reais benefícios desse tratamento e o quanto ele poderá afetar o organismo do paciente.
Este estudo, por exemplo, publicado no site científico NCBI atesta que ainda não há evidências suficientes para comprovar a eficácia do tratamento.
“Esses vermes não são benignos. Nós podemos conceber melhores tratamentos com base na biologia dos vermes que podem ser ampliados e fabricados sem as complexidades ou questões de segurança que acompanham a administração de parasitas vivos no corpo humano.” – diz Peter Hotez, diretor da Escola Nacional de Medicina Tropical da Baylor College of Medicine, em Houston, Estados Unidos. “
Mesmo apesar da proibição dos orgãos reguladores e da descrença de alguns especialistas, algumas pessoas que já passaram por diversos tratamentos e não obtiveram resultado estão recorrendo à terapia helmíntica, em clinicas regulamentadas no México, ou de forma clandestina.
Alguns apontam resultados animadores, mas outros a resposta do organismo aos helmintos não foi nada agradável, resultando em dores abdominais, diarreia e muito sofrimento, até que o parasita fosse retirado do organismo.
Em um programa de rádio da BBC, especializado em questões de saúde, um ouvinte relatou que recorreu ao tratamento por sofrer de alergia crônica, e obteve resultados positivos.
A imunologista presente deu apenas um alerta. Ao recorrer à este tipo de tratamento, é essencial que haja uma preocupação com a procedência dos vermes. Caso eles não sejam devidamente esterilizados, o parasita pode levar outras substâncias para dentro do seu corpo, causando transtornos ainda maiores para seu organismo.
Como já era de se esperar, toda novidade causa um grande furor na classe médica e claro, uma grande esperança na vida de quem espera pela cura, ainda mais essa que pode trazer uma nova maneira de compreender e tratar diversas doenças que não respondem aos tratamentos convencionais.
De qualquer forma, mesmo apesar da técnica ser pouquíssima conhecida em nosso país, todo cuidado é pouco. Não vai sair por ai engolindo vermes, tá bem? Vamos aguardar os próximos capítulos dessa novidade que promete!