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Drogas: existe hora certa de usar? 10 Dicas importantes

24 de abril de 2015
Postado por Enrique Coimbra

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Sem hipocrisia, drogas são muito legais! O problema é que elas passam nas mãos de humanos que não têm responsabilidade para beber dois litros de água diários, que não controlam a ingestão de chocolate ou pastel durante uma dieta, e muito menos têm noção na quantidade de químicos que enfiam guela abaixo — gerando ótimos exemplos de criaturas bípedes que poderiam se passar por quadrúpedes sem esforço.

Acredito que há um momento certo para usar drogas com a mínima chance de passar por uma bad* — seja moral/social ou emocional —, com o menor risco de vício químico ou psicológico, e para curtir uma expansão de consciência, não uma simples supressão de inibição como desculpa para agir feito otárix — usei o “xis” porque fica hipster e porque ele significa que esse texto serve tanto para os meninos quanto para as meninas, sem preferências. Em outras línguas, é um texto bissexual e essa piada foi ruim.

Os dez toques que dou nesse artigo são nas mesmas intenções que um médico ao cutucar sua próstata (caso seja homenzinho) ou ao olhar sua periquita por ângulos vergonhosos (caso seja mulherzinha): querendo te prevenir de um mal. Em momento algum incentivo o uso de drogas. Aqui direciono pessoas que já tendem a usá-las — ou as usam — para que aproveitem experiências com confiança em quem são.

Se você não sente vontade de usar drogas, NÃO USE. Se pessoas te pressionam, NÃO USE. Se você tem menos de 20 anos, recomendo que NÃO USE, e não é só pelo lado das leis, mas por processos químicos que explicarei mais abaixo e por estabilidade de caráter, que pode ser um definidor tão intrínseco na qualidade da sua onda** quanto a presença de Gandalf na jornada a Mordor.

Vai-por-mim.

Dito isso, vamos ao que interessa:

1. Saiba quem é você

Exemplos da vida mostram que até 20+ anos, grande parte das pessoas ainda se comporta como adolescente: sem assumir que sabe pouco sobre si — e se afastando de questionamentos acerca da própria natureza —, necessitando de aprovações terceirizadas e se permitindo influenciar por receio de bater o pé e se ver fora de uma tribo ou grupo. Antes de experimentar sensações utilizando químicos é melhor ter certeza de que essa vontade é sua, não um condicionamento imposto por alguns — assim como o contrário, saber se sua aversão às drogas é desinteresse natural ou pré-conceito.

Quando utiliza uma droga sem medo de encarar quem você é quando ninguém está olhando, você se entrega à onda, e o truque para curtir bem é se entregar à inevitável explosão química no corpo. Agora, SE VOCÊ TEM ESQUIZOFRENIA, ANSIEDADE, PARANOIA OU AFINS, DROGAS NÃO SÃO UMA OPÇÃO, mas um fardo de efeitos negativos que terá de arrastar durante toda a vida. Saiba quem você é e aproveite o mundo de acordo com isso — sem invadir o espaço de ninguém, muito menos estuprando a si mesmo.

2. Escolha a idade certa

A adolescência é a porta de entrada para drogas porque temos extrema vontade de experimentar, somos intensos e bipolares, e por mais que acreditemos que somos 100% conhecedores de nossas personalidades, não somos. Isso porque nosso corpo ainda está em formação biológica. Ingerir drogas durante esse processo, e em drogas incluo fast foods, refrigerante, ideias preconceituosas e outros venenos, aumenta o risco de vício químico — aquele em que o corpo precisa da droga contra sua vontade — e o vício psicológico — onde você acredita que precisa da droga sem precisar biologicamente. O momento “menos pior” para utilizar drogas com menor chance de assinar um contrato com o diabo é depois dos 20 anos de idade, quando você já poderá ir preso por isso.

3. Escolha a droga certa

Vá para longe de drogas pesadas, especialmente as injetáveis, pois são as que viciam com facilidade. Classifico algumas drogas como pesadas justamente por esse efeito de vício químico, incontrolável, e que é melhor ser evitado a remediado — especialmente se não tem 100% de certeza no que está fazendo. Drogas leves seriam aquelas poderia usar de vez em quando, em momentos específicos, sem temer o vício químico, mas se observando para não desenvolver vício psicológico.

Ao saber quem você é e como lida com problemas, as chances de viciar psicologicamente num “fetiche” que te faz bem são mínimas. Ah, considero cigarros drogas pesadas. Eles chegam devagar no organismo e logo dominam suas manhãs, sua boca após uma xícara de café ou o intervalo entre cada cerveja num bar.

4. Escolha companhias certas

Não rola experimentar ou utilizar drogas com pessoas em quais você não cultive confiança — isso é autoexplicativo. Com amigos você vai ter ótimas ondas: as engraçadas, as mais cult, as mais memoráveis! Com alguém que não poderia cuidar de você caso dê merda, ou que ela vai para um “lugar ruim” assim que usar, você não vai se entregar às sensações positivas. Se você experimentar uma droga nova, tenha ao menos um amigo de confiança sóbrio. Afinal, cada uso de droga corresponde ao nosso estado mental, da composição do que é ingerido e do ambiente: uma onda nunca é igual à outra. Saiba onde amarrar seu bode.

5. Escolha momentos certos

Já pensou ficar louco de ecstasy na festa de 11 anos da sua sobrinha?
Nada legal.

6. Poetize as drogas

Poetizar as drogas é não torná-las ordinárias, ou seja, de uso diário e comum como beber água. Guarde esse romantismo para momento especiais, numa “vibe” onde a droga poderá acentuar observações, não dopar seu sistema nervoso. Também não as use para fugir de problemas porque problemas fazem parte da vida do ser humano como a presença das hemorroidas na sua bunda: podendo inflamar ou não. Droga + mal estar = merda e/ou vício.

7. Saiba quando parar

Se você não sabe dizer “não” para álcool, uma droga legalizada, aposto que não saberá dizer “não” para drogas que podem ter efeitos diversos e diferentes do álcool no seu organismo. Por isso saiba aproveitar sua onda em qualidade, não quantidade. Sentiu que deu efeito? Dê uma paradinha, rale na boquinha da garrafa e bem mais tarde, depois de horas e muita água para afastar a desidratação você sentir que precisa de mais um pouquinho, use só mais um pouquinho. Saber dizer NÃO é coisa de gente forte. Gente fraca é quem paga mico por exagero, vai parar no pronto-socorro e termina que nem esse cara.

8. Água, água, água!

Água é sua melhor amiga: ajuda a estabilizar a temperatura do corpo, evita desidratação, combate o excesso químico e dá vontade de fazer xixi — e fazer xixi é muito gostoso!

9. Entenda os riscos e amenize-os

Há quem prefira não ler contra-efeitos das drogas para não se iludir num placebo e agir feito hipocondríaco quando bater a onda forte. Eu, por outro lado, acho importante saber tudo sobre a droga ingerida: o bom e o ruim. Entenda os riscos e amenize-os evitando exagerar na dose e desconstruindo situações que beneficiam o descontrole ou paranoia (vide itens 1, 3, 4 e 5 dessa lista).

10. Só porque é legal não quer dizer que é bom (e vice-versa)

Só porque álcool é legalizado, não quer dizer que é uma droga boa. Adoro beber, mas desgasta tanto meu corpo que mesmo em pequenas doses a droga me cansa. Já a maconha é uma droga pintada com sangue de cabrito no pentagrama de Belzebú mas que é menos destrutiva para o organismo e a sociedade quanto o álcool, e ainda assim é proibida. Note que tem preto no branco, branco no preto, e tons de cinza que não envolvem adaptações ruins de Hollywood. Saiba quem você é, o que você usa e quando usar para retirar, no mínimo, uma experiência única para a vida toda.

Não fazendo mal para ninguém — muito menos para você — experimentações ou lazer sem exageros são muito interessantes. E cuidado é que nem camisinha: melhor ter e não precisar do que precisar e não ter.

 

*Bad é como chamam a onda ruim, ou seja, sensação nada agradável numa viagem psicodélica.

**Onda é como chamam a alteração de consciência/percepção causada pelas drogas.

 

Imagem de capa: elitedaily

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