Você já se tornou conhecido como o dedo podre da galera quando o assunto é escolher um amor para chamar de seu?
Mesmo se a resposta for sim, fique tranquilo, pois você não está só.
Parceiros difíceis sempre foram uma pedra no sapato da maioria das pessoas, deixando muitos corações (e relacionamentos) totalmente em pedaços. Mas, ao contrário do que todos os seus amigos pensam, esta pode não ser apenas uma questão de azar.
Nossas escolhas tem relação direta com o passado
O canal The School of Life, no Youtube, produziu um ótimo vídeo explicando como a escolha de parceiros difíceis possui uma raiz muito mais profunda do que parece.
Segundo o vídeo, apesar de sermos teoricamente livres para escolher as pessoas que amamos, há restrições em relação a quem nos atrai e quem somos capazes de amar que podem vir de um lugar inimaginável: a nossa infância.
Isto acontece porque amamos conforme costumes que são estabelecidos nessa fase, o que nos faz partir à procura de pessoas capazes de recriar sentimentos de amor que conhecemos quando éramos crianças. Desta forma, nos sentimos predispostos a nos apaixonar apenas por certos tipos de pessoas.
E elas… bem, nem sempre são tão legais quanto parecem.
O grande problema é que o amor que recebemos na infância provavelmente não era composto apenas de qualidades como bondade, generosidade e ternura, mas relacionado também à sentimentos dolorosos como o de não ser bom o bastante, o amor por um dos pais que era deprimido ou frágil, ou a sensação de nunca poder ser totalmente vulnerável ao estar perto de um deles.
Na vida adulta, isso nos leva a procurar por parceiros que irão nos soar familiares, ao invés de buscar especificamente por parceiros que sejam gentis conosco o tempo inteiro.
Sendo assim, quando dizemos que alguém é chato ou “não sexy”, pode ser apenas um jeitinho de dizer que aquela pessoa não nos fará sofrer do jeito que precisamos. Que estranho, não?
A Ciência e o Túnel do Tempo
Sobre a escolha de parceiros, um estudo realizado pelos psicoterapeutas de casais, Maria do Céu Scribel, Maria Regina Sana e Angela Maria di Benedetto, publicado na Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, afirma que:
“(…) se ancora em raízes profundas e primitivas da vida da pessoa. A escolha não se dá ao acaso, ela é direcionada para satisfazer demandas pessoais, tanto conscientes como não conscientes, para confirmar crenças precoces quanto a si mesmo e quanto ao mundo, e para reeditar interações conflitivas vivenciadas no passado, oferecendo uma possibilidade de resolução ou manutenção do conflito.”
Já a psicóloga e analista junguiana Rosemeira Zago, em um artigo publicado no site Inadepe, afirma que inconscientemente, todos tendemos a reproduzir uma situação conhecida da infância no processo de escolha do parceiro.
Como driblar o cupido?
Mas nem tudo está perdido. Segundo o The School of Life, já que não podemos redirecionar as fontes de atração em um passe de mágica, é mais sábio ajustar nossos padrões de resposta e comportamento diante das características complicadas dos nossos parceiros.
Podemos fazer isso deixando de responder ao parceiro como respondíamos aos nossos pais na infância. Se um parceiro aumenta o tom de voz e briga conosco, não devemos reagir como fazíamos quando nossos pais faziam o mesmo, nos sentindo tristes, culpados e merecedores das críticas.
O conselho é focar em um pensamento positivo e maduro sobre si mesmo e sobre a situação, como por exemplo “isto é problema dele e eu não tenho que me sentir mal”, reagindo de um jeito mais construtivo, como um adulto racional.
O mesmo vale para relações com parceiros autoritários, mal-humorados, arrogantes e distraídos. Aquela sua épica lista de “ex”, sabe?
Outras sugestões:
- Ao invés de dizer “sou tão estupido/a”, diga: “existem vários tipos de inteligência, a minha é ótima”.
- Ao invés de dizer “tenho que mudar você”, diga: “vou fazer o meu melhor, mas eu não sou responsável pela sua mentalidade. Isso não deve impactar a minha autoestima”.
- Ao invés de dizer “eu mereço isso”, diga: “eu não sou intimidado/a por você”.
- Ao invés de dizer “me note!”, diga: “você está ocupado/a, eu também. E está tudo bem”.
Com estas dicas fica mais fácil lidar com sabedoria com os/as parceiros/as difíceis e fazer aquela relação com o crush dos sonhos dar certo, mas sempre é bom estar atento aos limites de uma relação saudável.
Afinal de contas, ao contrário do que dizem por aí, nem todo amor sempre vale a pena!