CUIDADO: Você está evitando o Tédio do jeito errado!
Estar sem celular em uma sala de espera é um grande problema para a maioria das pessoas nos dias de hoje. Nessa situação, o que fazer? Folhear uma das revistas de celebridades de quatro anos atrás que deixam na mesinha?
O cineasta Albert Nerenberg passou por um episódio semelhante, e como resultado fez o documentário “Como Acabar com o Tédio?” (“Boredom”), exibido na GNT, que reúne estudos recentes e entrevistas com psicólogos e neurologistas sobre o assunto.
O mais incrível, ele descobriu que só depende de nós dar o fim à sensação de aborrecimento.
Muitas vezes o tédio é encarado com mera ladainha de quem não tem o que fazer, mas o documentário revela o lado sério dessa sensação. A ciência não apenas prova que ele existe, como indica que sua presença pode levar a algumas doenças.
Segundo pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, os batimentos cardíacos dos entediados aumentam, assim como os níveis de cortisol no sangue. Esse é o hormônio do estresse, e mantê-lo elevado pode levar à obesidade, enfraquecimento dos ossos, pressão alta, cansaço e fadiga muscular.
O documentário propõe que algo passa a ser chato e enfadonho quando obedece a três normas universais, chamadas de Leis do Tédio:
- 1ª lei: Ambiente pouco estimulante
- 2ª lei: Repetição
- 3ª lei: Situações previsíveis
De acordo com os especialistas consultados, a situação se agrava e pode levar a consequências sérias quando somos submetidos constantemente a esses estímulos. E essas leis se concretizam, diariamente, na escola e no trabalho.
Não é exatamente como se você precisasse parar de estudar ou largar o emprego para ser feliz, mas Nerenberg propõe uma reflexão sobre nossas escolhas e os modelos vigentes em nossa sociedade.
A escola, por exemplo, é onde crianças cheias de energia e criatividade precisam obedecer a ordens, horários rígidos e repetições de conteúdo. “Se pararmos de entediar nossas crianças, poderemos descobrir que a genialidade é uma coisa comum”, defende o reformador educacional John Gatto.
Em ambientes corporativos, evitar ficar sentado por muito tempo ajuda, de acordo com o pesquisador Earl Henslin. “A pessoa só será capaz de tirar o cérebro desse estado de tédio com movimentos físicos”, explicou.
O pior estimulo ao tédio, todo mundo faz!
Outro fator fica por conta da nossa relação excessiva com nossos smathphones e outros gadgets. Sim, os nossos queridinhos tem uma ligação extremamente forte com o nosso tédio.
Celulares, tablets, televisões, computadores… As telas teriam se tornado um “vício invisível”, aumentando nossa necessidade por diversão. Longe delas, somos cada vez mais propensos ao tédio.
“O paradoxo é esse: nunca tivemos tantas coisas para nos entreter, mas parece que nunca estivemos tão entediados”, destaca a psicóloga Sandi Mann, da University of Central Lancashire, no Reino Unido.
Quanto mais informação você consome, mais entediado fica. Ou seja, se tem a impressão que a vida real é chata pra caralh*, provavelmente anda abusando do mundo virtual.
Mas afinal, o tédio tem cura definitiva?
Até teria, se você estivesse disposto a retirar toda a parte esquerda do seu cérebro. Esse procedimento (seríssimo) até pode acontecer, mas não com essa finalidade. Apenas em caso de acidentes e doenças graves.
O documentário mostra o caso de uma mulher, que, por conta de uma queda, precisou remover essa área do órgão e nunca mais se entediou. A partir disso, o diretor encerra com uma reflexão sobre como diminuir o tédio do dia a dia:
“Perder meu smartphone foi como perder o lado esquerdo do cérebro. Sem ele, passei a achar quase tudo interessante. Somos sonâmbulos. Levante e saia. Deixe as crianças brincarem e permita que os adultos também se divirtam. Assim, talvez possamos perceber que acordamos.”
Imagem de capa: infotau
Imagens: reprodução – Boredom
Fonte: “Como Acabar com o Tédio?”