Como parar de ser Trouxa? O guia definitivo!
Vamos jogar a real, ninguém escapa: quando nos damos conta, lá estamos nós fazendo origami com nosso papel de trouxa.
Aí vem a pergunta: o que de fato, torna uma pessoa “trouxa”?
Meu primeiro instinto foi consultar o “pai dos burros”, o bom e velho dicionário. Está é a definição: “Trouxa, do espanhol “troja”, regressão de “trojar”: dispor em forma de carga sobre uma pessoa ou animal.”
Ser trouxa é basicamente isso, né? Carregar o fardo dos outros. Trouxa é aquele que confia demais, que espera demais, que se dá demais.
Os codinomes para trouxa, assim como a zueira, não têm limites, no entanto, graças ao Bom Senhor, a psicologia garante que a “trouxisse” não é uma característica permanente:
“O amor e a confiança podem trazer uma vulnerabilidade que torne a pessoa presa fácil. Você pode ser bem esperto no dia-a-dia e, de repente, fazer papel de trouxa com seus amigos ou familiares. Um acontecimento inesperado também pode nos enganar, pois nos pega de surpresa, mas isso não quer dizer que sejamos tolos o tempo todo”, explica a psicóloga Cláudia Dantas.
Signo de Trouxas com ascendente em Superação?
Embora algumas pessoas pareçam ter nascido sob o signo de Trouxas, não há conjuntura interplanetária que condene ninguém a ser 100% mané, garante a astróloga e numeróloga Cecília Garotti. No entanto, alguns signos têm uma maior disposição para adquirir o selo de otário, como Peixes e Áries.
“O pisciano é sonhador, imagina coisas que não existem. É um signo que sente muita compaixão pelos outros. Os arianos são intuitivos mas, por confiarem demais no próprio taco e agirem por impulso, também podem se tornar frágeis e facilmente enganados”, explica a astróloga.
E quais signos seriam mais propensos a tirar vantagem de um trouxa? Nesse quesito, os escorpianos lideram com força.
“O signo de Escorpião é desconfiado por natureza, é o mais forte do zodíaco. Dificilmente alguém vai fazê-lo de bobo. Se canalizarem essa energia para o mal, podem vir a ser torturadores, manipuladores e enganadores”, diz Garotti.
A magia que permeia os Trouxas
Na saga do bruxinho Harry Potter, o termo “muggle” (que já foi até associado a usuários de maconha) é usado para identificar quem não possui poderes mágicos.
No Brasil, a tradutora Lia Wyler deu o nome de “trouxa” para aquele que é “incapaz de devanear, de sonhar, de fantasiar de cara limpa”, ou seja, são incapazes de perceber a magia à sua volta, e buscam explicações racionais para os fenômenos que os cercam.
– Que idiota.
Agora, é possível ser bruxo e mesmo assim ser trouxa? Os fãs da série garantem que sim. Para Raphael Tafuri, do site Blurrei e fã de carteirinha há 14 anos, Voldemort é o mais trouxa dos vilões.
“Voldemort é o vilão mais burro de todos. Sua ignorância é tanta que ele acha que o que conhece é o certo e nada mais importa. Sua mente fechada para o mundo é o que acaba fazendo com que seja derrotado”, explica.
Já o jornalista Leonardo Pimentel acredita que até o protagonista tem a sua cota de trouxisse.
“Harry passa os sete livros sem a menor noção do que acontece à volta dele. Não compreende os riscos que corre, nem os sacrifícios que os outros fazem por ele. Foi criado num redoma de descaso e cai no mundo mágico de pára-quedas, ou seja, é um belo de um trouxa”, opina.
Bom, se um trouxa sempre será um trouxa no mundo mágico, aqui, no mundo real, é possível deixar de ser.
Mas afinal, como deixar de ser trouxa?
Com a ajuda da psicóloga Claúdia Dantas, listamos 4 dicas simples e poderosas para finalmente deixar esse papel de lado.
1. Apaixone-se por si mesmo
“Quem ama a si mesmo dificilmente cai na ladainha dos outros”, resume Cláudia Dantas. O amor próprio está ligado ao autoconhecimento. Descubra-se, avalie sua existência, veja se ela tem sentido. O que você espera da vida? Quer ter amigos? Quer ser notado? Quem é você para você mesmo?
Respondendo a essas perguntas, explica a psicóloga, você terá uma noção de quem você realmente é, e do que pode oferecer aos outros. Aceitar a si mesmo e reconhecer seus limites vai te ajudar a identificar quando aquele/a espertão/ona estiver querendo sua assinatura num certificado de trouxa.
– Te amo, meu eu.
2. Não espere nada de ninguém
A vida é uma troca, mas parece que nem sempre essa troca é justa. A solução, acredita Dra. Dantas, é fazer sua parte sem se importar se vão te retribuir na mesma moeda.
“Será que somos tão absolutos para exigir qualquer coisa do outro? Às vezes, nossas expectativas em cima do retorno são maiores do que imaginamos, e a probabilidade de nos decepcionarmos é enorme.“, esclarece a psicóloga.
A especialista ainda acrescenta: “Não coloque data para receber nada de volta. Um gesto de carinho, quando é inesperado, é ainda mais gostoso”.
– Não espero nada e, ainda sim, me decepciono.
3. Confie desconfiando
Se uma história for boa demais para ser verdade, ela provavelmente é mentira. O mundo é dos espertos e, a cada dia, dezenas de novos golpes são inventados para enganar trouxas como eu e você. Para não cair neles, aconselha a psicóloga, deixe seu desconfiômetro sempre ligado.
“A falta de atenção e a ingenuidade são o chamariz do malandro. Fique atento à sua postura na rua, não ande com jeito de derrotado, e, se for surpreendido por uma história mirabolante, pare e reflita antes de tomar qualquer atitude”.
4. Se nada adiantar, assuma a sua trouxisse
Lembra daquela criança que só podia brincar com seus amigos se levasse um brinquedo? Ou aquele amigo que só é convidado para a balada se der carona para a galera? Esses são os trouxas que realmente gostam de ser trouxas.
“São os trouxas-espertos”, classifica Dantas. Esse grupo usa o rótulo de otário para tirar vantagem da situação. “O que eles desejam é ser queridos, requisitados e se, para isso, precisam fazer papel de trouxa, eles aceitam sem problemas”, explica a psicóloga.
Então, se você é trouxa e gosta disso, assuma sua tosquice e bate aqui.
– Aproveita e conta aí pra gente qual foi o maior papel de trouxa que você já fez!
imagem de capa: linkis