Como evitar cáries sem precisar escovar os dentes: a ciência tem uma resposta!
Já falamos sobre o que é melhor: escovar os dentes primeiro e passar fio dental ou fazer o contrário. Spoiler: o melhor é passar fio dental primeiro – para entender o porquê, leia o artigo completo aqui.
Hoje viemos compartilhar uma informação nova: é possível evitar cáries mesmo sem escovar os dentes. Como? É isso o que explicou o médico e palestrante estadunidense Michael Greger, especialista em nutrição e questões de saúde pública.
Em um vídeo no seu canal no YouTube, Greger divulgou um apanhado de estudos que confirmam essa afirmação. Mas antes, é preciso entender o quão grave é o problema com cárie dentária enfrentado no mundo inteiro:
- Um estudo publicado em 2013 apontou as cáries dentárias em dentes permanentes como a doença mais predominante da sociedade contemporânea – afetando 35% da população mundial;
- Segundo uma publicação no Jornal da Associação Americana de Odontologia, nos países de baixa renda mais de 90% das cáries em dentes permanentes não são tratadas;
- A mesma pesquisa estima que, nos Estado Unidos, cerca de 25% dos idosos não possuem um dente sequer – no Brasil, segundo levantamento da USP, 80% dos idosos brasileiros têm menos de 20 dentes;
- Por tudo isso, as doenças dentárias já impactaram negativamente a economia mundial em cerca de US$172 bilhões (sim, cento e setenta e dois BILHÕES de dólares);
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Estudos estabelecem relação direta entre consumo de açúcar adicionado e aumento de cáries;
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A única causa associada à ocorrência de cáries é o consumo de açúcares adicionados.
Isso quer dizer que todas as medidas de higiene bucal que conhecemos: escovação, uso de fio dental e enxaguantes bucal, por exemplo, apenas atenuam o efeito dos açúcares nos nossos dentes.
“Sem açúcares, a cadeia da causalidade é quebrada e a doença não ocorre.
Talvez nem precisássemos de todas essas coisas se pudéssemos livrar-nos do açúcar adicionado”, destacou Greger.
Vale ressaltar que os açúcares adicionados que o médico e demais estudos não se referem ao açúcar presente nas frutas (frutose) ou mesmo no leite materno – já que estes são naturalmente adocicados, cada um à sua maneira.
Alguns estudos inicialmente apontaram como “segura” a ingestão de açúcares adicionados limitada a algo entre 3% da ingestão calórica, mas posteriormente novas pesquisas apontaram incidência de cárie mesmo quando essa ingestão era baixa, de cerca de 1% e recomendam que nenhum consumo de açúcar, por menor que seja, é seguro para evitar cáries.
Greger destaca que alguns pesquisadores consideram um “ideal impraticável” dietas livres de açúcar adicionado e, em consonância com esse pensamento, a “indústria do açúcar” apenas recomenda que se dê mais atenção à escovação com creme dental com flúor.
“Essa é a metáfora perfeita para a bordagem da medicina às doenças do estilo de vida: por quê tratar a causa quando se pode simplesmente tratar as consequências?”, reflete o médico.
É claro que tudo isso parece ilógico, afinal existe uma infinidade de alimentos que fazem parte da nossa dieta e têm adição de açúcar: do extrato de tomate, passando pelos “inocentes” e recheados de açúcar cereais matinais, tão amados pelas crianças, até a polêmica e notória Coca Cola.
Outros produtos que valem ser citados são:
- Pão branco: a fatia média do alimento pode conter cerca de 1,4g de açúcar;
- Catchup: 100 gramas podem conter mais ou menos 22 gramas de açúcar;
- Pizza congelada: um pedaço de uma pizza congelada de queijo, por exemplo, contém cerca de 5 gramas de açúcar;
- Produtos light: a indústria retira a gordura e adiciona açúcar;
- Iogurte de frutas: em cada potinho pode haver até 20 gramas de açúcar;
- Suco de caixinha: alguns a chegam a apresentar mais açúcar do que refrigerantes;
Aliás, publicamos um artigo sobre como a indústria do açúcar manipula estudos para vender mais, por exemplo, quando uma pesquisa foi cancelada e proibida de ser divulgada após os primeiros resultados comprovarem que o consumo de açúcar pode levar à doenças cardiovasculares; vale a pena dar uma lida aqui.
Sabendo que é possível evitar algumas doenças com mudanças nos hábitos alimentares, por que não cortar esse mal pela raiz?