Caminhada do Privilégio: esse jogo pode te ensinar uma bela lição sobre meritocracia
“Vai começar o mimimi” – é assim que muitas pessoas que defendem a meritocracia reagem quando ouvem falar em privilégios e desigualdade social. Afinal a vida não está fácil para ninguém, mas é só parar de reclamar e se esforçar que qualquer pessoa chega onde quiser, certo? Errado!
Não é uma questão de ideologia, é um fato: nem todos nós temos as mesmas oportunidades. Passamos por experiências boas e ruins que nos tornam únicos e essa ideia ganha forma no exercício da “Caminhada do Privilégio”.
O BuzzFeed Yellow registrou em vídeo como foi fazer essa caminhada do privilégio com um grupo de nove pessoas.
Mas o que são privilégios, afinal?
Privilégios são circunstâncias da vida que acabam te colocando em posição de vantagem em relação a outras pessoas.
Para que fique claro: ser um privilegiado não quer dizer que você está com a vida ganha, mas que a probabilidade de você viver melhor é maior do que de outras pessoas. Simples assim!
Como ver as diferenças entre nós
A “Caminhada do Privilégio” é uma dinâmica onde os participantes são posicionados lado a lado e cada um deve dar um passo para frente ou para trás, de acordo com as afirmações referentes a vantagens ou desvantagens sociais. Ao término, fica evidente que no percurso da vida as linhas de largada são diferentes.
Você pode tirar suas próprias conclusões assistindo ao vídeo a seguir, mas aqui vai um spoiler: se você sabe ler e está aqui na internet, já é um privilegiado!
https://www.facebook.com/arquivosfeministas/videos/1731987220357875/?__mref=message_bubble
Faça o teste!
Sem mimimi, nós traduzimos (e adaptamos) todas as circunstâncias citadas para os participantes da versão australiana. O que acha de tentar fazer esse teste com os seus amigos?
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Se os seus pais tiveram que trabalhar em mais de um emprego e/ou aos finais de semana para sustentar sua família, dê um passo para trás.
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Se você já foi discriminado, sofreu abusos verbais ou físicos por causa de sua aparência, dê um passo para trás.
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Se você não domina alguma língua estrangeira, dê um passo para trás.
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Se alguma vez você já tentou mudar o seu discurso ou o seu jeito para ganhar aceitação, dê um passo para trás
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Se você pode curtir (relaxando ou viajando) um ou outro feriado durante o ano, dê um passo a frente.
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Se em algum momento, da sua infância ou adolescência, você sentiu vergonha das roupas que usava ou da casa onde morava, dê um passo para trás.
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Se alguém já atribuiu a culpa dos seus enganos ou erros ao seu gênero ou a sua etnia, dê um passo para trás.
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Se a lei permite que você se case com a pessoa que você ama, dê um passo a frente.
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Se você ou seus pais já tiveram que passar por um divórcio, dê um passo para trás.
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Se você acha que teve acesso a uma alimentação saudável enquanto estava crescendo, dê um passo a frente.
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Se você pode demonstrar afeto pelo seu parceiro amoroso, publicamente, sem ter medo de ser ridicularizado ou sofrer algum tipo de violência, dê um passo a frente.
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Se você tem uma confiança razoável de que pode ser contratado para um trabalho com base nas suas habilidades e competência, dê um passo a frente.
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Se no trabalho ou na sala de aula você já foi a única pessoa com a sua orientação sexual, raça ou gênero, dê um para trás.
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Se você teve um trabalho enquanto ainda estudava, dê um passo para trás.
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Se você se sente não tem medo de sofrer algum tipo de violência sexual enquanto vai para casa sozinho à noite, dê um passo a frente.
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Se você já viajou para fora do país, dê um passo a frente.
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Se alguma vez você não se sentiu representado adequadamente na mídia, dê um passo para trás.
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Se você acredita que seus pais conseguiriam te dar uma ajuda financeira, caso você estivesse passando por dificuldades, dê um passo a frente.
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Se você já foi motivo de zoeira e risadas por conta de alguma característica sua que você não pode mudar, dê um passo para trás.
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Se você já ficou sem abrigo e teve que dormir no sofá de alguém, dentro de um carro ou até mesmo na rua, dê um passo para trás.
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Se você pode comprar uma roupa nova ou sair para jantar quando quiser, dê um passo a frente.
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Se alguma vez te ofereceram um emprego levando em consideração sua relação de amizade com alguém ou parentesco, dê um passo a frente.
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Se o seu pai ou a sua mãe já foram demitidos e ficaram desempregados, dê um passo para trás.
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Se você ficou desconfortável com uma piada ou declaração que ouviu – mesmo que por acaso – relacionada ao seu gênero, a sua raça, aparência ou orientação sexual e não se sentiu seguro para confrontar a situação, dê um passo para trás.
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Se você se sente nervoso quando vai passar pela segurança de um aeroporto ou por algum tipo de revista policial, dê um passo para trás.
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Se alguma vez te excluíram da pratica de um esporte devido ao seu gênero, dê um passo para trás.
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Se você tem acesso ao ensino superior, dê um passo a frente.
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Se já te disseram que a maneira como você se veste não te favorece e atrai um julgamento indesejado, dê um passo para trás.
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Se você já foi desprezado por causa do tipo do seu trabalho, dê um passo para trás.
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Se você é dono de um carro ou tem um veículo disponível para seu uso, dê um passo a frente.
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Se alguma vez te disseram que a sua sexualidade “é só uma fase”, dê um passo para trás.
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Se você tem uma dívida que não consegue pagar ou precisou fazer algum tipo de empréstimo, dê um passo para trás.
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Se você já mentiu sobre a sua etnia ou religião para evitar conflitos, dê um passo para trás.
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Se você se considera fisicamente atraente, dê um passo a frente.
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Se em algum momento de sua vida você chegou a estudar em escola particular, dê um passo a frente.
É possível encontrar diferentes gravações desse experimento!
Teve um professor que transformou a caminhada em uma corrida entre seus alunos e encontramos também uma versão feita pelo BuzzFeed News Austrália em comemoração ao “Dia da Austrália” (algo parecido com o nosso 7 de setembro).
As diferenças entre os nove participantes australianos tinha como objetivo de representar a diversidade populacional do país e, ao final do vídeo, um dos convidados conclui:
“A Caminhada do Privilégio não é uma competição de quem é melhor ou pior, mas um exercício de autoconhecimento, reconhecimento e empatia”