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Bolha ideológica: Conheça os perigos criados pelo Facebook

Cada vez mais, deixamos de desafiar nosso modo de pensar.

Felipe Gatto Publicado: 29/04/2016 12:05 | Atualizado: 29/04/2016 12:05

A internet é uma verdadeira mão na roda para quem quer aprender coisas novas, entrar em contato com outras culturas e opiniões e abrir um pouco a cacholinha, certo?

Na verdade, não é bem isso que acontece.

Se você é fã de carteirinha do Facebook e nem consegue mais imaginar a sua vida sem ele, uma notícia: a rede social não é tão sua amiga assim, viu?!

Muita gente não sabe, mas a mais famosa rede social do planeta escolhe a dedo tudo aquilo o que os usuários vão ler nos seus murais.

Uma ferramenta poderosa filtra e corta o que não interessa, e seleciona apenas o que mais irá agradar os seus adeptos. Ou seja, é criada uma bolha ao redor da gente na qual não entra nada que desafie nosso modo de pensar.

Facebook na mira da ciência

Para averiguar melhor esse assunto, cientistas publicaram um estudo na revista Science que analisou a influência da manipulação do tão querido Facebook na vida das pessoas.

Segundo os pesquisadores, essa bolha ideológica existe mesmo, mas a culpa é mais dos usuários do que da criação de Mark Zuckerberg, pois nos fechamos em nossos próprios mundinhos quando escolhemos adicionar apenas aquelas pessoas que nos convém, e deletamos (ou deixamos de seguir) quem não nos agrada.

Após analisar os perfis de mais de 10 milhões de adeptos da rede social que continham links de notícias políticas, os pesquisadores descobriram que o programa nos deixa plenamente dentro de nossas próprias caixinhas.

Mas, o que isso quer dizer?

Dessa forma, só vemos, lemos e nos atentamos para as nossas ideias, sem muito contato com o novo. Um exemplo: Durante a pesquisa, de todos os compartilhamentos vistos pelas pessoas tidas como progressistas, apenas 22% desafiavam sua forma de pensar.

Já os que se consideram conservadores prestaram atenção em somente 33% de notícias que fugiam daquilo que eles acreditam.

Agora, sem a intervenção da ferramenta, os progressistas teriam visto 24% de links mais incômodos para eles, e os conservadores, 35%. Isso prova que a fórmula idealizada pelo Face reduz mesmo a diversidade ideológica da galera, comum no mundo não-virtual.

Claro que todo o ambiente em que as pessoas vivem quando estão desconectadas também interfere e muito nos ideais de cada um, mas é muito mais complicado medir essa bolha nas ruas do que na internet, certo?!

Estudos dividem as opiniões 

Em contrapartida, foram analisados nesse estudo apenas os usuários dos Estados Unidos que definiram a sua posição ideológica em algum momento na rede, o que provocou uma polêmica entre alguns experts no assunto.

Para Pablo Barberá, pesquisador da polarização das redes sociais, aqueles que foram testados provavelmente têm uma rede de contatos mais homogênea no Face.

“Se o estudo tivesse incluído todos os usuários, certamente observaríamos níveis ainda mais altos de exposição à diversidade de opiniões e um efeito maior dos algoritmos” – revela o estudioso.

Já para Esteban Moro, especialista em redes sociais da Universidade Carlos III, apesar do estudo ter mostrado o lado negro do Face, a bolha que temos fora dele ainda é mais perigosa.

“O Facebook tem um problema de imagem causado por algoritmos que filtram todas as informações que vemos. Apesar disso, queria demonstrar que esse filtro algorítmico não tem tanta influência como o filtro social na vida das pessoas”, falou ele.

Tudo é interesse!

O especialista ainda reforçou que tudo o que vemos nas plataformas da web, seja no Facebook, Google ou outras redes, é decidido por uma fórmula cada vez mais complexa e potente que seleciona o que for melhor para agradar os usuários e, claro, as empresas também. Fazendo com que o usuário permanece ainda mais tempo conectado.

Pelas interações e postagens das pessoas, a rede de Zuckerberg conhece os interesses de cada um e mostra o que provocará mais compartilhamentos. Ou seja, ao ficarmos mais tempo online nos nossos perfis, automaticamente geramos ainda mais lucro para a marca.

Ai meu Deus, eu preciso de ajuda.

Rato de laboratório, eu?! …Sim!

Há alguns anos, o próprio Facebook divulgou outro estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, que gerou polêmica em todo o mundo ao afirmar que manipulava emocionalmente os seus usuários.

Como ratinhos de laboratórios, éramos expostos a mensagens positivas e negativas com o objetivo de verificar como lidávamos com diferentes tipos de notícias. Muita gente não curtiu saber que era monitorada e que tinha o seu comportamento vigiado mesmo sem participar de um reality show.

Em todo o caso, os estudiosos desse estudo também garantiram que se não tivéssemos essa bolha ao redor de nossos perfis nas redes sociais, poderíamos receber informações diferentes daquelas que já estamos habituados.

Dê um alô fora da caixinha

Portanto, fique atento quando estiver conectado nas redes sociais para não viver no piloto automático. Lidar com novos conteúdos também é importante, pois além de ajudar na quebra de paradigmas, amplia nossos horizontes e nos faz pensar um pouco fora da caixinha.

Fonte(s): Science
Felipe Gatto
Jornalista apaixonado por viajar e se aventurar por aí. Pensar na vida, defender o amor e falar sobre artes também é comigo mesmo.

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