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Tá sem grana? Banco que gere Tempo cresce no Brasil como alternativa ao dinheiro

06 de dezembro de 2017
Postado por Dario

Trabalhamos para pagar o carro que nos leva para trabalhar.

Pode não fazer muita lógica, mas, como foi perfeitamente ilustrado por Steven Cutts em sua última animação, Happiness, é assim que o sistema capitalista funciona. Assista aqui.

Apesar desse círculo vicioso e sem sentido ainda estar muito presente nos dias de hoje, e ser defendido por uma ampla maioria de brasileiros, tudo indica que já está perdendo forças entre as novas gerações.

Como o mundo está mudando cada vez mais rápido, a cada dia que passa fica mais fácil encontrar iniciativas humanistas que dão valor áquilo que realmente importa: a vida! E ai que nasceu uma incrível ideia.

Já pensou em receber tempo como pagamento pelo seu trabalho?

Espere… O quê?

Pois essa tendência mundial aos poucos começou a conquistar os brasileiros.

Itália, Portugal, França e Estados Unidos já fazem uso desse sistema que consiste em reunir pessoas com talentos diversos interessadas em trocar o seu tempo de trabalho pelo tempo de trabalho de outra pessoa. E tudo isso sem houver dinheiro!

Uma espécie de escambo contemporâneo

O sistema funciona da seguinte maneira: imagine que você seja um excelente pintor de parede, mas um péssimo editor de vídeos. Através de uma plataforma, que pode ser páginas no Facebook, grupos de Whatsapp, etc., você anuncia seu talento em troca do talento de outra pessoa. No caso, você disponibiliza serviços de pintura de parede em troca de aulas ou de edição de vídeos.

Dinheiro não é bem vindo entre os adeptos desse “novo” sistema, que valoriza o talento de cada um e a troca como moeda.

Aqui no Brasil, o “Banco de Tempo” (já conhecido em outros países) vem fazendo bastante sucesso. Utilizando grupos do Facebook como plataforma, a iniciativa que abrange regiões como Brasília, São Paulo, Florianópolis, etc., oferece aos interessados um cadastro rápido onde eles anunciam seus talentos.

Reprodução | Banco de Tempo - Facebook, https://www.facebook.com/groups/bancodetemposp/

Grupo “Bando de Tempo” de São Paulo e região.

Não é necessários ser expert, daí o lado mais humanista da história. Por mais que você seja um advogado, mas ama fazer bolos, está liberado para anunciar seus serviços como confeiteiro.

Você é recompensado pelo trabalho que realmente ama fazer

Se alguém solicitar seu serviço, por exemplo, um bolo para uma festa na firma, você receberá em sua “conta virtual” a quantidade de horas que levou para executar a sobremesa. Posteriormente, quando quem estiver precisando de uma mãozinha for você, poderá usar essas horas que ganhou fazendo o bolo, para solicitar outro serviço que deseja.

Por exemplo, se levou 3 horas para fazer o bolo, poderá gastar três horas em serviços de terceiros, seja uma hora para fazer as unhas ou cortar o cabelo, duas horas para aprender um artesanato ou três horas de aula de violão. Mas tudo isso é acertado entre as partes interessadas e nada precisa ser seguido ao pé da letra.

A troca por serviços (e não por horas) também rola, por exemplo, você pode trocar uma tradução de um material do inglês para o português por uma criação de logotipo de uma loja. Independente de quanto tempo levar, o acordado é a troca pelo serviço.

De qualquer forma, todo mundo sai ganhando, feliz e com novos amigos!

Vice, https://www.vice.com/pt_br/article/a3jw34/o-banco-que-quer-seu-tempo-nao-seu-dinheiro

Reunião do grupo ‘Bando de Tempo” de Florianópolis

Outros grupos

Por se tratar de uma grande rede colaborativa, já existem centenas de grupos espalhados pela rede que também dividem essa mesma ideologia e trocam seu trampo por tempo ou por outros trampos.

A start up brasileira Bliive, criada pela baiana Lorrana Scarpione, une pessoas do Brasil todo que buscam essa nova forma de consumo, oferecendo mais de 90 mil tipos de serviço para os cadastrados, que chegam a fazer trocas até via Skype, como trocar aulas de inglês por aulas de respiração, tudo virtualmente.

A plataforma Tem Açúcar, criada em 2014, tem o objetivo de realizar trocas (empréstimos) de objetos entre pessoas que moram próximas; essa iniciativa inspirou a jornalista Lívia Deodato a criar o Escambo de Talentos.

O grupo de Facebook já conta com quase 20 mil participantes, gente do Brasil todo fazendo exatamente o que o nome do grupo sugere: trocar suas habilidades pela habilidade do outro.

Reprodução | Escambo de Talentos - Facebook, https://www.facebook.com/groups/trocadetalentos/

Mensagem publicada no grupo ‘Escambo de Talentos”, com pessoas do Brasil inteiro.

Se você ficou interessado, procure nas redes sociais como “banco de tempo (digite sua cidade)”, ou “troca de talentos (digite sua cidade)” e palavras chave similares como “escambo“, “troca” e “habilidades“.

Ou então pesquise entre seus conhecidos se eles conhecem ou já fazem parte de algum desses grupos. Caso não encontre nada, que tal criar um grupo inspirado nessa ideia aí na sua região? Essa, sem dúvida, será a melhor maneira de valorizar o seu trabalho, sua vida, o seu talento e ainda fará com que o outro se sinta da mesma maneira.

Bora escambar!

PorqueNao - Facebok, Bem Mais Brasília, BBC

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