Ansiedade faz com que enxerguemos o mundo de maneira diferente, alerta estudo
A ansiedade é um transtorno sério e muitas vezes menosprezado pelas pessoas. É normal ouvir que ansiosos são “frescos” ou sentimentais.
Uma matéria do publicada pelo Huffington Post mostrou que não é nada disso. Quem tem problemas com a ansiedade vê o mundo de uma maneira diferente das pessoas que não possuem o transtorno.
De acordo com um estudo publicado pelo Jornal Current Biology, ansiosos não tem a capacidade de diferenciar situações “seguras” de situações neutras. Elas se dividem em apenas duas opções: momentos indiferentes ou momentos ameaçadores (ou ruins).
Entenda melhor
A pesquisa feita pelo Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, constatou que essa disfunção está ligada diretamente a plasticidade cerebral, a área do sistema nervoso responsável por desenvolver “respostas” a experiências, ou seja, é a parte do cérebro que indica como cada um de nós vai lidar com cada situação.
Em pessoas diagnosticadas com ansiedade, a plasticidade costuma ser mais “resistente”, ou seja, o cérebro têm mais dificuldade em reorganizar e formar novas conexões.
Com essa confusão, os momentos bons acabam sendo encarados como banais, e os momentos neutros podem ser interpretados pelo cérebro como um momento ruim.
O estudo
Para descobrir isso, inicialmente os cientistas apresentaram aos voluntários três sons específicos, cada um correspondia a um resultado: perder dinheiro, ganhar dinheiro ou ficar na mesma.
Então, esses três sons foram misturados a outros 12 sons, e os especialistas pediram aos voluntários que identificassem quais daqueles ruídos já tinham sido ouvido por eles anteriormente, ou seja, eles tinham que sinalizar quando ouvissem um dos três primeiros sons apresentados.
Foi então que a surpresa aconteceu, os pesquisadores repararam que as pessoas diagnosticadas com ansiedade generalizavam os novos sons, pois tinha a propensão a achar que um som novo era um dos 3 primeiros apresentados no início do teste.
Eles não tinham problemas de audição, nem de aprendizado. Os sons eram encarados como experiências emocionais (ganhar ou perder dinheiro) e para as pessoas sem o transtorno, o experimento era compreendido somente como um teste.
“Os traços da ansiedade podem ser completamente normais e até benéficos do ponto de vista da evolução. Mas um evento emocional, mesmo que de pouca importância, pode induzir mudanças no cérebro que podem levar a um transtorno de ansiedade”, explicou o pesquisador envolvido no estudo, Rony Paz.
De quem é a culpa?
Segundo um estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, ansiedade pode ser um fator hereditário. Enquanto isso, de acordo com os dados dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças, órgão do governo americano, só 25% das pessoas diagnosticadas com doenças mentais acreditam que as outras pessoas entendem suas experiências.
É muito importante que estudos como este continuem a serem feitos. A sociedade, com um todo, precisa entender que não podemos responsabilizar quem sofre de ansiedade por seus sintomas.