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Álcool, cigarro, maconha ou cocaína: Qual é o mais perigoso?

24 de fevereiro de 2015
Postado por Paulo Finotti

Além de muitos de nós, solteiros, consumirmos legalmente bebidas alcóolicas e tabaco no dia-a-dia, sabemos que a maconha e a cocaína também estão muito presentes aonde quer que se vá. Legais ou não, essas quatro substâncias são as mais utilizadas das chamadas drogas recreativas.

Longe da discussão sobre critérios históricos/culturais que acabaram posicionando como aceitáveis algumas drogas em detrimento de outras, queremos saber: qual delas têm mais poder de nos destruir?

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Uma pesquisa publicada na revista Scientific Reports, braço da Nature, resolveu comparar os riscos de mortalidade entre os usuários de álcool, nicotina, maconha, cocaína e outras substâncias. Descobriram que as prioridades estão completamente invertidas.

A maconha é a única droga considerada de baixo risco, seguida de longe (já na zona de alto risco) pela metanfetamina, o ecstasy, o tabaco, a cocaína, a heroína e o álcool, respectivamente. Ou seja: enquanto a nossa cerveja de cada dia é considerada de altíssimo risco para a vida, a maconha é 114 vezes menos letal.

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Washington Post

A taxa de mortalidade considera o número relativo de pessoas que morrem dentro do universo de usuários. Ou seja, 100 maconheiros mortos seriam algo como 1 milhão de pinguços à sete palmos. Caso isso não fosse considerado na pesquisa, apenas o álcool seria considerado de alto risco e sabemos que não é bem assim.

 

Pare e compare

Ficou preocupado? Nós também! Por isso resolvemos compilar algumas informações para você que agora se vê em um dilema macabro: morrer de câncer ou de cirrose? Além disso, procuramos o que faz bem nessas substâncias, para mostrar que tudo pode ter um lado bom. Mas por favor, só consumo moderado, hein?

 

Álcool – Alto risco

  • Dependentes: 11,7 milhões de brasileiros, segundo pesquisa da Unifesp;
  • É natural? Sim. A matéria prima vem da cana-de-açúcar, milho, mandioca ou do eucalipto. Mas não é só extrair: o processo de produção conta com etapas físico-químicas;
  • Efeitos: É um depressor natural, mas causa euforia e desinibição ao início. Depois, pode ocorrer descontrole, falta de coordenação e sono;
  • Abstinência: confusão mental, visões, ansiedade, tremores e convulsões;
  • Overdose: a partir de 2,3 gramas/litro; depois de 2,5 g/L já pode levar ao coma;
  • Mortes: 3,3 milhões de pessoas todos os anos, segundo a OMS. São 12,2 mortes relacionadas ao consumo de álcool para cada 100 mil por ano no Brasil;
  • Maiores sequelas: Doenças hepáticas e problemas neuropsiquiátricos;
  • Venda: Grandes corporações globais lucram com a venda de bebidas alcóolicas no mundo inteiro, mas o custo social também é alto – R$ 372 bilhões. É que acidentes de trânsito causados pelo consumo indevido fazem escorrer dinheiro da Previdência Social – com indenizações e aposentadorias por invalidez – e do SUS (segundo o psiquiatra Leonardo Moreira);
  • Benefícios para a saúde: Aumento do colesterol bom, prevenção ao infarto e aumento da coagulação do sangue – tudo com consumo moderado, de acordo com o Dr. Drauzio Varella.

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Cocaína – Alto risco

  • Dependentes: 1,3 milhões no Brasil (incluindo dependentes de crack), segundo pesquisa;
  • É natural? Sim, mas adiciona-se solventes como álcalis, ácido sulfúrico e querosene. Na versão “crack” é só o lixo;
  • Efeitos: Euforia, sensação de poder, agressividade, tesão, insônia, perda de apetite, taquicardia, hipertensão, delírios, tremores, salivação intensa, etc;
  • Abstinência: “Fissura”, ansiedade, depressão, retardamento psicomotor e vontades suicidas;
  • Overdose: Segundo estudo da USP, a partir de 1g já é possível sofrer as consequências, como arritmias cardíacas, convulsões, asfixia, podendo inclusive levar a morte;
  • Mortes: não existem dados no Brasil, mas um terço dos usuários de crack morrem em cinco a dez anos, segundo o CMF;
  • Maiores sequelas: Miniderrames causados pela pressão sanguínea diminuem a atividade cerebral, como se estas fizessem parte de um computador debilitado;
  • Benefícios para a saúde: A folha de coca pode diminuir o cansaço, a fome e a dor, mas esta é bem mais fraca do que o pó. Mascar as folhas é parte da cultura dos povos andinos.

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Tabaco (cigarro) – Alto risco

  • Dependentes: Mais de 1 bilhão no mundo, segundo pesquisa da Universidade de Washington. No Brasil, 22 milhões, segundo o PNAD;
  • É natural? Apenas a nicotina, principal componente do fumo. O resto inclui mais de 4 mil tóxicos como monóxido de carbono, alcatrão e elementos radioativos;
  • Efeitos: Estimulante ou tranquilizante, a depender do fumo; náuseas dor de cabeça, vômitos, convulsão;
  • Abstinência: Agitação, falta de concentração, ansiedade, tremores, fome compulsiva, insônia, apatia, agressividade;
  • Overdose: Nada indica que é possível morrer de overdose de cigarro, apesar das centenas de complicações a longo prazo;
  • Mortes: 130 mil por ano no Brasil, segundo o ONG Aliança de Controle do Tabagismo (ACT);
  • Maiores sequelas: Inflamação de mama, câncer de boca, pulmão, laringe, pele, infarto do miocárdio, derrames;
  • Benefícios para a saúde: Uma substância derivada do tabaco, a cotinina, se mostrou uma boa opção medicinal para tratar o Alzheimer. Nada indica, porém, que fumantes obtenham benefício direto disso.

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Maconha – Baixo risco

  • Dependentes: Não há dados, mas causa a menor das dependências comparada à cafeína, cocaína, álcool, heroína e nicotina, segundo pesquisa divulgada no The New York Times;
  • É natural? Sim. O fumo é extraído e prensado dos próprios componentes da planta Cannabis. Porém, indivíduos mal intencionados podem misturar a erva com substâncias tóxicas. É preciso confiar na procedência;
  • Efeitos: Euforia, relaxamento, apetite, bom humor, boca seca, vermelhidão nos olhos;
  • Abstinência: “Fissura”, diminuição do apetite, perda de peso, insônia, agressividade, irritabilidade, angústia, cansaço e sonhos estranhos, segundo estudo da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas;
  • Overdose: Não há indícios. É preciso fumar 680 quilos de maconha em 15 minutos para que isso aconteça, segundo o DEA norte-americano, o departamento anti-drogas dos EUA;
  • Mortes: Segundo artigo do Hospital Albert Einsten, não há registros de morte por maconha na literatura médica, e sim decorrentes de atividades inapropriadas ao efeito desta, como dirigir chapado. De acordo com relatório do DEA, é fisicamente impossível usar maconha o suficiente para causar a morte de uma pessoa;
  • Maiores sequelas: Pode deformar o cérebro, estimular quadros de esquizofrenia, ansiedade, crise do pânico e comportamentos psicóticos pré-determinados, segundo estudos;
  • Benefícios para a saúde: O uso pode aliviar os sintomas de glaucoma, náuseas, anorexia, dores crônicas, inflamações, esclerose múltipla e epilepsia, segundo o Dr. Drauzio Varella, entre outros benefícios que ainda estão sendo estudados.

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É importante lembrar, porém, que tudo o que é natural (e não só artificial) pode ter consequências negativas para o nosso corpo, principalmente em excesso: de açúcar a veneno de cobra.

O ato de fumar, por exemplo, favorece a probabilidade do indivíduo desenvolver um ataque cardíaco, seja com um cigarro de tabaco ou com o de maconha. A diferença é que os mais de 4000 componentes tóxicos presentes junto ao tabaco trazem outros males, assim como a maconha perde a qualidade ao ter procedência duvidosa.

Por isso, se for fazer uso de drogas recreativas (legais ou não), faça com moderação, mantendo controle sobre mente e corpo. Se possível, procure também um profissional adequado para orientações individuais. Ninguém é igual a ninguém, e cada um precisa ser avaliado a partir de suas próprias características pessoais, física ou químicas.

 

– O SOS Solteiros não faz apologia ao consumo de drogas, tratamos abertamente assuntos pertinentes ao cotidiano, o texto presta serviço à saúde pública.

 

Fontes: Wikipedia | AquaBioTech | FundacaoCimas | TestTube

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