Ei, cueca! Precisamos conversar. Se você curte aliviar o seu dia no “5 contra 1” assistindo um pornôzinho maneiro, é bom ficar esperto antes de perder o controle.
Um vÃdeo publicado pelo cantor e compositor Tai Veroto ultrapassou a marca de 1 milhões de visualizações no Facebook (até essa publicação), levantando uma importante discussão nas redes sociais. Segundo o relato, o excesso de pornografia resultou em vários problemas sociais e chegou a causar disfunção erétil.
E isso é apenas a ponta desse iceberg. Precisamos refletir sobre que está por trás dessa indústria que cresceu com a internet.
De acordo com a Pink Cross Foundation, uma organização de proteção à atrizes da indústria pornô, a expectativa de vida de uma atriz do segmento é de apenas 36 anos de idade. Não é a toa que elas desaparecem quando ficam mais velhas.
Os dados também apontam que apenas em 2014, 208 atores morreram de AIDS, overdose, suicÃdio, homicÃdio, e de quebra 66% deles tem herpes, uma doença incurável. E se é degradante para os atores, para o público pode ser tão impactante quanto.
Veroto pontuou alguns fatos preocupantes sobre como as produções pornográficas podem afetar a nossa vida. A submissão das mulheres, a incitação à pornografia infantil, objetificação do corpo feminino e a idealização do que realmente é uma relação sexual. Sem contar o vÃcio.

“Pornografia realmente tem bagunçado a minha vida em diversas maneiras.”
Diversos pesquisadores e cientistas já observaram esses fatos. A revista Time apresentou um estudo onde relata o quanto a representação da mulher, sempre submissa, pode afetar o comportamento delas.
Além das garotas tomarem as produções pornográficas como “modelos” de relação sexual, acreditando que precisam sempre satisfazer os desejos do seu parceiro, os próprios homens acabam por acreditar que essa é mesmo a função das mulheres em uma transa, dando mais combustÃvel ao comportamento machista.
Já publicamos um artigo explicando como a indústria pornográfica prejudica a vida das mulheres. Isso porque, segundo pesquisadores, uma geração de garotas está associando os filmes pornôs como um exemplo de “vida sexual” a ser seguido. Ou seja, mulheres sempre submissas aos homens.

Não, isso não pode acontecer.
A incitação à pornografia infantil também é outro ponto sério que envolve a “cultura pornográfica”. De acordo com um levantamento feito pelo Pornhub em 2015, o termo “teen“, ou seja, as “novinhas” foi o tipo de vÃdeo mais procurado na plataforma de conteúdos adultos.
Nesse tipo de produção, as atrizes aparentam ter bem menos que 18 anos, algumas com traços quase infantis, por mais que sejam maiores de idade. Já parou para pensar o quanto esse tipo de conteúdo incentiva a pedofilia?
Outra questão é a objetificação do corpo feminino e a idealização do que deveria ser uma relação sexual.
Segundo esse estudo, realizado pela Université libre de Bruxelles, quando vemos uma mulher, não a enxergamos como mulher, mas como um objeto. Da mesma forma, de acordo com essa pesquisa, realizada pela Princeton University, quando vemos imagens de mulheres sensuais, regiões do nosso cérebro estimuladas ao utilizarmos algum tipo de ferramenta, são ativadas.
Ou seja, a indústria utiliza esse mecanismo em favor do lucro. Ver o corpo da mulher como um objeto, um produto a ser “comprado e usufruÃdo”, faz parte da construção de qualquer roteiro pornô. Os seios, a bunda e até a maquiagem, tudo é feito para agradar o imaginário masculino, para satisfazer o desejo.
O problema é que depois esse parâmetro é levado para a vida real. E esse comportamento masculino acaba afetando o comportamento feminino, que passa a buscar nos filmes a “maneira certa” de agradar seu parceiro no sexo.

Eu tenho assistido pornô
Tanto a mulher fica insatisfeita por acreditar não ser capaz de satisfazer seu parceiro, quanto os homens acabam se frustando ao descobrir que a transa não é igual as que assiste pelo computador na madrugada boladona.
E ai que mora outro perigo, todo esse processo pode levar à impotência. Enfrentar problemas com a ereção, devido ao excesso de pornografia, é mais comum do que você pensa.
Um estudo, desenvolvido pelo Max Planck Institute for Human Development, revelou que o excesso de pornografia diminui a comunicação entre a área cerebral responsável pela sensação de recompensa e o pré-córtex, que juntos administram motivações e comandam desejos.
Quanto maior o consumo de pornô, mais estÃmulos você precisa para alcançar a sensação de recompensa.
De tanto você assistir sexos mirabolantes, irreais e humanamente impossÃveis, na hora da transa real você não vai achar tão excitante, assim o seu amigo de aventuras simplesmente não subirá. Já falamos detalhadamente deste estudo, clique aqui.
Quando falamos em vÃcio em pornografia, não é difÃcil ouvir piadinhas ou pessoas que tratam o assunto sem a menor profundidade. Apenas mais um reforço do quanto a sociedade ainda está na quinta série é machista, já que no “universo masculino” a virilidade está diretamente ligada ao interesse por sexo.
Mas o assunto é sério! Além do Tai, outro artista deu um depoimento parecido e chamou a atenção do mundo todo. O ator Terry Crews, conhecido pelo seriado “Todo Mundo Odeia o Chris“, publicou em 2016 uma série de vÃdeos em sua página do Facebook onde relatava como o vÃcio em pornografia quase destruiu sua vida.
Seu relacionamento com esposa e filhos, com colegas de trabalho, tudo estava sendo consumido pela indústria pornô. O ator está há mais de 7 anos sem consumir pornografia, após precisar recorrer a uma clÃnica de reabilitação, revelando que sua vida mudou muito desde então, e para melhor.
“Isso muda a maneira como você pensa sobre as pessoas. As pessoas se tornam objetos. As pessoas se tornam partes do corpo, elas se tornam coisas para serem usadas em vez de pessoas para serem amadas. Isso afetou tudo. Minha esposa estava literalmente dizendo, ‘eu não conheço mais você. Estou caindo fora’. Eu tive que mudar.” – desabafou o ator.
Procurar tratamento e ajuda de especialistas, assim como fez o eterno “Julius”, tem sido a solução para muitas pessoas que notaram os impactos negativos do excesso de pornografia.
Os estudos sobre o tema ainda são conflitantes. Este estudo desenvolvido pela Universidade da California diz que o vÃcio em pornografia não age no cérebro como os outros vÃcios, por exemplo, jogos ou drogas. Por este motivo o tratamento deve ser diferenciado. Enquanto outra pesquisa publicada no Instituto Nacional de Saúde, Estados Unidos, vai na contramão. Segundo sua conclusão, existe relação entre todos esses vÃcios, inclusive o uso excessivo de internet.
De qualquer forma, se você é prisioneiro do XVideos, Tai Veroto tem uma sugestão: masturbe-se usando sua imaginação. Desencane da tela do computador e use suas fantasias, sua criatividade e suas experiências para “chegar lá”.
É importante ressaltar que a masturbação é bem vinda e pode trazer muitos benefÃcios à saúde. Aqui não estamos sugerindo que você pare de praticá-la, mas que pense duas vezes nos estÃmulos que você vem usando para seu “prazer solitário”. O segredo é a moderação, sempre.