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A Melhor Dieta do Mundo, segundo os melhores nutricionistas do planeta

05 de fevereiro de 2019
Postado por Eliza Inaê

Você já parou para pensar como vai estar sua saúde em alguns anos, considerando sua alimentação atualmente? Mais do que isso, e o meio ambiente? Já imaginou o impacto diário de sua dieta na natureza?

Cientistas calculam que em 2050 seremos 10 bilhões de pessoas habitando o planeta. É possível alimentar tantas bocas sem acabar com os recursos do planeta? Um grupo de especialistas realizou um estudo sobre o assunto e comprovou que, sim. É possível.

Ufa!

Mas para isso, algumas mudanças devem ser realizadas, como a implantação da melhor dieta do mundo, a Dieta de Saúde Planetária.

O estudo sobre alimentação sustentável

Trinta e sete dos profissionais mais renomados da área de nutrição e sustentabilidade conduziram um estudo – financiado pela Fundação EAT – em que foram analisados hábitos alimentares e o impacto da produção de alimentos no meio ambiente.

O estudo foi apresentado na Noruega em 17 de janeiro deste ano e publicado na revista científica britânica Lancet. Nele constatou-se que mais de 820 milhões de pessoas têm uma alimentação insuficiente ou de baixa qualidade, causando deficiências no organismo.

Também notou-se que o consumo excessivo de carne vermelha e alimentos processados é capaz de provocar mais riscos à saúde do que o álcool, tabaco, drogas e sexo sem proteção, todos JUNTOS!

Seu relatório final apontou que para salvar a população e o planeta, é necessário alimentar todos os indivíduos sem destruir o meio ambiente. Consumir o dobro de frutas, legumes, castanhas e verduras. Além disso, deve-se reduzir pela metade a ingestão de carne vermelha e açúcares até 2050.

Mas para que isso seja possível, deve-se realizar uma profunda mudança não só na alimentação, como também no modelo de produção para cumprir compromissos contra a mudança climática, como o Acordo de Paris e outros.

Os pesquisadores também sugerem a adoção de 5 estratégias para mudar a mudança na dieta da população:

  1. Incentivar o hábito de ter uma alimentação saudável;
  2. Realizar uma mudança na produção global de alimentos;
  3. Impulsionar a agricultura sustentável;
  4. Enrijecer as regras sobre administração de terras e oceanos;
  5. Reduzir o desperdício de alimentos.

Dieta de Saúde Planetária: a melhor dieta do mundo

Veja abaixo o que seria permitido comer em 1 dia, em ordem de quantidade:

  • Legumes e verduras – 300g;
  • Laticínios – 250g (1 copo de leite);
  • Carboidratos – 232g;
  • Frutas – 200g;
  • Vegetais leguminosos – 75g;
  • Legumes e Verduras ricos em amido – 50g;
  • Frutas oleaginosas – 50g;
  • Óleos (como azeite) – 50g;
  • Açúcares – 31g;
  • Carne branca – 29g;
  • Carne vermelha – 14g;
  • Ovos – 13g.
BBC, https://www.bbc.com/portuguese/geral-46903135

1 – frutas oleaginosas | 2 – vegetais leguminosos | 3 – carne branca | 4 – Ovos | 5 – carne vermelha | 6 – carboidratos, legumes e verduras ricos em amido | 7 – laticínios | 8 – legumes, verduras e frutas.

A dieta proposta seria capaz de evitar 11 milhões de mortes prematuras relacionadas à alimentação, por ano. Ainda que exista discrepância na alimentação em função da cultura e área geográfica, uma região poderia equilibrar a outra. Temos como exemplo a Indonésia, onde a quantidade de carne e produtos lácteos é pouco consumida, ao contrário dos Estados Unidos e Brasil.

Segundo o relatório também recomenda-se a eliminação de alimentos não saudáveis das prateleiras de supermercados, ou então aumentar os impostos sobre eles na intenção de induzir as pessoas a decidirem pelas opções saudáveis.

Uma das especialistas da Comissão EAT-Lancet e membro do Centro Hoffmann, Sonja Vermeulen, mostrou-se otimista ao dizer que já foram vistas grandes mudanças na alimentação mundial no passado, por isso é possível realizar outra grande no futuro.

Sonja ainda citou o exemplo do México ao adotar impostos para reduzir o consumo de refrigerantes. Um dos principais autores do relatório, o médico e pesquisador nutricional Walter Willett, esclareceu à CNN como os hábitos devem mudar:

as pessoas devem comer uma variedade de alimentos à base de plantas, reduzir a quantidade de alimentos de origem animal e de alimentos altamente processados e com açúcares adicionados, diminuir grãos refinados e trocar gorduras insaturadas pelas saturadas.

A principal mudança na melhor dieta do mundo é a diminuição substancial de carne, permitindo o consume de apenas 14 gramas diárias de carne vermelha, ou o dobro desse valor de carne branca. O consumo de produtos lácteos também seria diminuído.

O restante das proteínas seriam de frutas oleaginosas (amêndoas e castanhas) e vegetais leguminosos (feijão, lentilhas, grão de bico). Para completar, a porção ganharia carboidratos (arroz, pão, macarrão), legumes e verduras ricos em amido (batata), e frutas.

A alimentação na prática

A editora britânica de saúde da BBC, Laurel Ives, resolveu adotar por alguns dias a dieta com sua família, constituída por duas filhas adolescentes e o marido vegetariano, Johnny. Como resultado, Laurel percebeu que pequenas mudanças podem ser facilmente realizadas:

“nossa família está longe de ser considerada fiel a dieta, mas o foco no plano nos levou a mudanças saudáveis: temos comido mais frutas e vegetais e cortamos boa parte do consumo de carne vermelha, derivados de leite e açúcar”, diz a britânica.

BBC, https://www.bbc.com/portuguese/geral-47104322

Laurel e as filhas

Johnny observou que mesmo para um vegetariano, algumas renúncias devem ser feitas:

“não foi muito difícil para mim. Mas foi interessante notar que até mesmo um vegetariano talvez precise abdicar algo de sua dieta. A regra de apenas um ovo por semana foi um pouco difícil.” 

O impacto na agricultura e pecuária

A comissão EAT-Lancet alerta para a urgência de uma mudança agrícola, já que a produção mundial de alimentos ameaça o equilíbrio climático e a resiliência dos ecossistemas. Pudemos ver em uma matéria já publicada aqui no SOS, que a agropecuária é responsável por 69% da produção de gases do efeito estufa no Brasil.

Além disso, são utilizados em média 17 mil litros de água para cada quilo de carne produzido, e 83% das áreas cultiváveis no país são utilizadas somente para a criação de animais. Não podemos esquecer também que das terras desmatadas na Amazônia, 70% dela é utilizada para pasto.

Visual Hunt, https://visualhunt.com/photo/15164/portrait-of-cow-in-farm-behind-fence/

SEM LEGENDA

Segundo o correspondente de Meio Ambiente da BBC, Matt McGrath, a utilização da terra para cultivar alimentos e silvicultura representa cerca de um quarto das emissões de gases de efeito estufa no mundo.

Quase a mesma quantidade que o aquecimento e a eletricidade, e mais que todos os aviões, trens e automóveis do planeta. Ainda de acordo com Matt, a agricultura é um dos principais agentes causadores de emissões de metano e óxido nitroso, colaborando também para o aquecimento global.

A agricultura também é uma fonte significativa de poluição do ar gerada pela amônia nas fazendas, uma das principais causas das partículas finas, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz ser uma ameaça à saúde em todo o mundo.“, completa o correspondente.

Argumentos contrários a dieta

O estudo despertou também algumas críticas e opiniões contrárias após sua publicação. Uma delas é relacionada a diminuição considerável nas porções de carne, a principal fonte de proteína de muitas famílias.

O professor da McMaster University no Canadá, Stuart Phillips, em declaração ao jornal Telegraph apresentou sua opinião:

“os seres humanos, especialmente quando envelhecemos, não podem ficar sem proteína. A recomendação da Comissão é um afastamento drástico das evidências que mostram que a carne e os laticínios melhoram as dietas.”

Vale lembrar que o SOS já publicou um artigo sobre o tema. Leia aqui.

Reprodução/Almanaque SOS, https://www.almanaquesos.com/afinal-proteina-animal-e-mesmo-mais-completa-que-proteina-vegetal/

SEM LEGENDA

Outros especialistas enxergam o aumento nas taxas de alimentos não saudáveis, o que foi sugerido pelo estudo, como uma privação dos direitos de escolha dos consumidores.

Mesmo reconhecendo que adotar a dieta será um grande desafio, o próximo passo dos especialistas responsáveis pela pesquisa será apresentar as descobertas realizadas a governos de países de todo o mundo.

Organizações globais como a OMS também vão começar a desenvolver iniciativas que sejam capazes de modificar os hábitos alimentares, preocupando-se com a saúde e a sustentabilidade do planeta. Chegou a hora de mudar.

The Lancet, G1, El país, BBC

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