Publica-se o amor
Texto por Vinícius Redondo
Parece que com o passar do tempo, temos compartilhado uma série de momentos das nossas vidas nas nossas redes sociais. Contamos quando namoramos, casamos, viajamos juntos e até quando encerramos nossos lances (ou romances).
Bom, mas nem pra todo mundo é assim. A gente sabe que viver em civilização tem lá suas implicações: leis, regras, moral, ‘bons’ costumes e reações. Então será que publicar alguma manifestação de amor vai de encontro com os valores sociais?
Amar acontece de diferentes formas e algumas são, por alguns, bastante criticadas. Os relacionamentos homossexuais ou bissexuais são claros exemplos. E toda vez que digo isso, tenho a sensação de que vou olhar lá fora e ver algum homem medieval andando na rua…
Reprodução – “Viajantes do Tempo” (2001)
Em contrapartida, uma série de atletas vem assumindo sua homossexualidade (ou bi), inflando o peito de coragem para quebrar antigos tabus. São corajosos por não temer uma possível reação negativa da sociedade, afinal ocupam um lugar de destaque e isso nos põe a pensar. Põe-nos a relativizar essa “belezura” do discurso heteronormativo, que nada mais é do que a tentativa de marginalizar outras formas de amar que não seja a heterossexual.
(Conheça a história de Michael Sam)
Penso que atletas e artistas ocupam, para muitos de nós, uma posição “ideal de EU”, ou seja, a imagem que admiramos ou na qual nos espelhamos. Ok! Mas você pode estar aí, lendo e pensando: “isso quer dizer que eles, ao assumirem sua sexualidade, influenciam o público a tais ‘praticas’…”
Mas penso que qualquer ideia nesse sentido é digna de desprezo.
É! Despreza isso aí que você pensou. Afinal, a orientação sexual se dá por outros meios. A psicanálise, com o legado deixado pelo velho Freud, é uma ótima opção de consulta pra quem se interessa pelo tema.
O ponto é que nesta posição de ideal, de ídolo, esses caras têm o poder de provocar mudanças:
- Na maneira como encaramos o amor e suas manifestações.
- Colocam jovens gays que encaram sua orientação como algo assustador, a pensar na naturalidade em amar alguém do mesmo sexo.
- Fazem com que homossexuais e heterossexuais flexibilizem o seu discurso de que “bissexualidade não existe ou que se trata de uma manifestação pervertida”.
- E claro, ainda podem salvar os que se ”casam de mentirinha”, fazendo-os pensar até onde vale a pena reprimirem a sexualidade em nome da norma.
Em tempos em que pastores usam a bíblia como se fosse uma obra científica, vale o estímulo às manifestações da sexualidade e do amor como algo natural. Por isso, que atletas, artistas, web celebridades e cada um de nós, façamos nosso papel em mostrar para o outro a naturalidade em amar e tornar público este afeto.
Talvez, nesse gesto, possamos transformar o tal discurso ditador-pregador-da-norma, que deixa a vida tão sem graça e sem cor, num discurso de respeito ao amor e suas diferenças.
O amor, não importa como, que seja público e publicado!