Que a vida está cheia de contradições, ninguém duvida. Especificamente em relação aos solteiros (e solteiras) a contradição principal, que volta e meia assola a mente desses pobres (?) solitários é o desafio de continuar só. E espantar a tentação de acreditar que sua vida poderia estar melhor caso não fosse solteiro. Uma crise praticamente existencial.
Por mais que os solteiros estejam se proliferando, ainda persiste aquela pressão social. “Mas por que você está solteiro?”, é a pergunta recorrente, seguida de elogios à sua condição de homem (ou mulher) e de algumas elucubrações vazias a respeito da disponibilidade companheiros e companheiras que a sociedade oferece.
Ser solteiro, no entanto, não é uma condição transitória, como muitos entendem. Também seria pouco dizer que é um estilo de vida. Mais correto é arriscar uma definição ambiciosa: é a arte de viver.
O solteiro não pode se acomodar. Não tem uma vida previsÃvel em que os acontecimentos ocorrem de maneira idêntica, dia após dia.  A arte de ser solteiro pressupõe a convivência com o inesperado, de ter disponibilidade social e profissional para se aventurar no imprevisÃvel — e saber fazer disso não um motivo de angústia, mas de prazer e evolução.
Também é uma arte praticar uma vida sem companhia, na sua mais magnÃfica solidão. E saber enfrentar as restrições sociais, que vão desde o fato de não se vender, por exemplo, bandejas de bifes para uma pessoa apenas, até ter que encontrar soluções para coçar as costas.
Mais uma razão para que a vida de solteiro seja arte. Solteiros são transformadores da sociedade, na medida em que confrontam seus padrões e exigem mudanças.
Sim, há momentos em que você há de pensar se já não está na hora de largar essa vida solitária e se juntar às hordas de casados, namorados e amantes.
Todo artista enfrenta essa contradição.
Apoio