7 Segredos: Como discutir política (ou qualquer coisa) sem entrar em tretas
Se isso já não aconteceu com você, provavelmente deve conhecer alguém que teve uma amizade abalada após uma discussão acalorada sobre política.
Em um país arcado pela polarização, pode parecer difícil segurar a bicuda os nervos quando não concordamos com alguma colocação, mas será que precisa ser assim?
O grande problema das discussões, seja sobre política ou qualquer outro assunto polêmico, como as plásticas de Ângela Bismarchi, é que a encaramos como competição, onde nossa meta é “convencer”, dar a última palavra e vencer aquela parada.
Sarcasmo, ironias e muitas ofensas gratuitas recheiam a discussão, onde muito se fala, mas nada se ouve. Infelizmente, parece que esquecemos a real função do debate, que é aprender com o diferente, bem como trocar informações.
O Nexo Jornal reuniu algumas maneiras de evitar cair nessa. E se por acaso cair de gaiato em alguma discussão improdutiva, também tem dicas de como tirar o melhor proveito dela. Olha só!
1. Vale a pena?
Antes de sair jogando todos seus argumentos na mesa e se acomodar para as possíveis 4 horas de conversa acalorada, pense com carinho se a pessoa com quem você dialoga vale a discussão.
O autor americano de livros sobre sucesso pessoal, Grenville Kleiser, listou tipos de pessoas com quem nem adianta gastar saliva. Entre elas:
- “dogmático” (que não acredita nas prova mais evidente);
- “imperioso” (que impõe seus sentimentos sobre os outros);
- “egoísta” (que só gosta de ouvir a si mesmo);
- “rabugento” (que se ofende com qualquer contradição).
Se encontrar alguma dessas personalidades, caia fora.
2. Você sabe o que falar?
Então você começa uma discussão sobre política mas não consegue entender nem como funciona as eleições do condomínio. Não vai dar certo, né?
Segundo a publicação, não dominar ou ter uma noção razoável sobre o assunto pode te levar a duas situações: a primeira é ter a sorte da outra pessoa também ser leiga, o que vai levá-los a um conversa superficial e possivelmente equivocada sobre o tema.
A segunda e mais vergonhosa de todas, é ter o azar da pessoa manjar muito sobre o tema e te deixar de cara no chão com apenas dois argumentos. Em discussões online, isso também é válido, tá? Ficar “dando Google” nas coisas que não sabe é igualmente vergonhoso.
Nessas situações, fale que vai pegar uma bebida. Não volte.
3. Nada de “achismos”
Você acha que seu interlocutor vai entender melhor seu ponto de vista quando você diz “eu acho que a violência doméstica cresceu” ou quando você apresenta dados concretos, como “a ONU divulgou que houve um aumento de 32% na violência contra às mulheres“?
Para uma discussão não ser só mais uma briga de quem fala mais alto, tenha argumentos bem baseados, use pesquisas, dados, matérias jornalísticas com credibilidade, mas tome cuidado! Cheque suas informações antes e evite passar por situações constrangedoras.
Verifique o site onde a notícia está sendo divulgada, veja se há erros de grafia ou caixa alta no meio do texto. Tudo isso são indícios de que a notícia pode ser falsa e vai tirar toda sua credibilidade no debate se ela for mencionada.
4. Nada de argumentos falsos
O uso de falácias ou sofismas é bastante comum durante uma discussão. Esses são subterfúgios que usamos para usar um argumento falso como se fosse verdade.
Por exemplo, falar que a Xuxa não pode lutar pelo direito das crianças porque ela fez o filme “Amor, estranho amor” é uma falácia, pois o fato dela ter atuado em um filme (obra de ficção) onde seduzia uma criança não tem relação com a intenção dela em apoiar a causa na vida real. Em uma discussão madura, não devemos tentar enganar o coleguinha com esse tipo de argumento, certo?
Quando sentir que uma falácia está rolando, siga os passos da rainha e mande um “beijinho, beijinho. Tchau, tchau“!
5. Sem generalizar
Se no meio da discussão você cair na tentação de soltar afirmações como “mas todo político é ladrão“, “toda funkeira é biscate“, e outras generalizações igualmente questionáveis, saiba que está cavando sua cova.
Além de não ser inteligente, todo seu discurso ganhará forma de superficial e vai acabar perdendo a força. No clássico livro “Como vencer um debate sem precisar ter razão”, o filósofo Arthur Schopenhauer, revela que esse tipo de argumento abre espaço para que um xeque-mate seja feito.
Se alguém fizer qualquer comentário generalista, procure um informação, alguma coisa que mostre o contrário. Se “todo político é corrupto“, pense em algum que não seja (pode parecer difícil, mas tem). “Todo funkeiro é vagabundo“?, cite artistas que sustentam a família e ajudam a comunidade através do batidão.
6. Entenda o outro lado
Para uma discussão sadia, entender como o outro pensa é essencial. E não é ter apenas uma visão superficial sobre o tema. Muitas vezes, imaginamos qual será o posicionamento de determinadas pessoas em relação a determinadas situações, porém, estamos nos baseando apenas em reações e opiniões estereotipadas.
Para conseguir mudar essa visão errônea do outro, consuma também informações “do lado de lá”. Vamos supor que você tenha opiniões mais à esquerda, assistir noticiários com a ideologia contrária pode ajudar, pois facilita o entendimento sobre a visão que o seu “oponente” tem sobre alguma situação, assim os teus argumentos ficam mais fortalecidos.
7. Olha a educação, menino!
Dá vontade de dar uns três chocalhões e dois tapas na cara do cidadão pra ver se ele entende? Sim, dá. Mas é melhor aguentar!
Partir para ignorância, subir o tom de voz, não vai levar essa conversa a lugar algum, ou melhor, vai, ao fim da amizade, um climão, uma verdadeira chateação. Para que isso, né? Pense bem, se for preciso chegar a esse ponto, talvez essa pessoa não valha a pena, aí entramos lá no item 1, certo?
Isso também vale para discussões online. Nada de exagerar nas exclamações, abusar da caixa alta, etc. Deixar a emoção falar e teclar por você não construirá nada, apenas mágoas.