• Colabore!
  • Sobre nós
  • Contato

Atitude Coletiva

chevron_left
chevron_right

21 Marcas que amamos e que já foram acusadas por racismo

Não adianta parecer engajada, sem uma postura verdadeiramente anti-racista.

Yesa Maria Publicado: 18/06/2020 17:18 | Atualizado: 18/06/2020 18:45

Ninguém está imune ao racismo estrutural, nem as marcas que amamos. O racismo está presente, por exemplo, quando uma empresa tem 90% de seus funcionários brancos ou quando não existem pessoas pretas em posição de chefia ou em cargos estratégicos.

No SOS, já foi detalhado que empresas não se importam com as pessoas, mas com o lucro no final do mês. Esse jogo faz parte do sistema social e econômico vigente: quem lacra, lucra – e muito!

Portanto, não adianta uma marca ter um posicionamento aparentemente engajado, se em suas entranhas escorre preconceito e se mantém a desigualdade. O mercado está carente de profissionais com senso crítico real; pessoas que sofrem com racismo ou preconceito cotidianamente e que, por isso, podem ir além do discurso demagógico.

O resultado dessa falta de diversidade, são campanhas e posicionamentos de algumas marcas e dirigentes que beiram o absurdo. Se dizem contra o preconceito, mas atuam de maneira racista – mesmo que de forma velada.

Uma verdadeira postura anti-racista é fundamental para alcançarmos a sociedade justa que sonhamos. Por isso, elencamos aqui as marcas que estão (ou já foram) envolvidas em acusações por racismo. Precisamos ficar atentos!

 

1. Bombril

A marca de produtos de limpeza foi acusada de racismo após lançar, em 2020, uma esponja inox para limpeza pesada, com nome “Krespinha”. A empresa retirou o item do catálogo na internet após ser massacrada nas redes sociais, pela associação com cabelos crespos.

E não é a primeira vez que a marca lança campanhas racistas, internautas lembraram que foi lançado uma peça semelhante em 1950, uma esponja de aço com o mesmo nome trazia a imagem de uma criança negra. Até a publicação desse artigo, a empresa não havia se pronunciado sobre a campanha.

 

2. Devassa

O Ministério da Justiça entrou com processo administrativo contra a marca, por publicidade de caráter racista e sexista contra a mulher negra. A empresa utilizou o slogan “é pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra” para apresentar a Devassa Tropical Dark, na peça publicitária é usada a imagem de uma mulher negra hipersexualizada.

A empresa afirmou em nota que não comenta processos jurídicos em andamento: “a empresa reitera que conduz seu negócio com respeito e ética a todos seus públicos e consumidores”, afirma. Se perder o processo, a cervejaria pode pagar multa de 6 milhões de reais.

 

3. Dove

A marca de cosméticos Dove divulgou uma imagem de uma modelo negra que se torna branca, fazendo referência ao poder de ‘limpeza’ de seu sabonete. A ação foi denunciada em todo o mundo.

Diante da polemica e repercussão negativa, a Dove retirou o anúncio do ar e pediu desculpas nas redes sociais: “uma imagem que postamos recentemente no Facebook errou ao representar mulheres de cor. Nós nos arrependemos profundamente da ofensa causada”, escreveu.

A porta-voz da Dove, Marissa Solan, assumiu o erro. Disse que “pretendia transmitir que o Dove Body Wash é para todas as mulheres e é uma celebração da diversidade, mas entendemos errado e, como resultado ofendemos muitas pessoas“, publicou.

 

4. Nivea

A Nivea fez uma campanha onde uma mulher negra aparece de toalha e passa a loção que promete embranquecer a pele, tornando-a, segundo a empresa, “visualmente mais leve”. A campanha não rodou só na internet, mas também foi exposto em outdoor’s.

A publicidade gerou indignação nos internautas. Beiersdorf, empresa dona da marca, emitiu um comunicado dizendo que reconhece as preocupações levantadas e que a intenção nunca foi ofender os consumidores. A campanha não foi retirada do ar.

“A Beiersdorf é uma empresa global, que oferece uma grande variedade de produtos que têm como finalidade abordar as diferentes necessidades de cada tipo de pele dos seus consumidores ao redor do mundo. Tendo conhecimento do direito de cada consumidor em escolher um produto de acordo com sua preferência, a empresa oferece diversas alternativas de produtos de alta qualidade para cuidados com a pele”, escreveu.

 

5. H&M

A marca de roupas H&M foi acusada de racismo após divulgar a imagem de um moletom á venda no site  da marca, a roupa diz “Coolest Monkey In the Jungle” (o macaco mais legal da floresta, em português).

No site, o modelo da roupa era um garoto negro. Em todas as outras peças, com frases afirmativas como “eu sou o melhor”, os modelos eram brancos. O menino era a única pessoa negra. A porta-voz da marca, Anna Eriksson, pediu desculpas caso tivessem ofendido alguém e disse que as imagens tinham sido removidas de todos os canais da marca.

 

6. Gucci

A marca foi acusada de cometer racismo após lançar um suéter de lã preta que se assemelhava a uma “blackface“, prática de pintar o rosto com carvão ou tinta preta para imitar a pele de uma pessoa negra. A peça tinha uma espécie de balaclava que chegava até o nariz e tinha abertura da boca na cor vermelha, simulando um rosto negros com lábios grandes.

Em nota, após a polêmica, a grife italiana se desculpou e retirou a peça do site e lojas física, além de anunciar um programa para a contratação de funcionários pretos e aumento da diversidade étnica. A marca criou o departamento de diversidade.

 

7. Personal

A Personal, do grupo Santher, foi acusada de racismo após lançar uma polêmica publicidade do papel higiênico preto. A campanha utilizava o slogan “Black is Beautiful” (preto é lindo, em português), ligado ao movimento negro estadunidense, surgido em 1960.

A campanha foi criticada por internautas nas redes sociais. O comercial foi protagonizado pela atriz Marina Rui Barbosa, que é ruiva, o fato de ter sido feito por uma mulher branca também foi questionado.

Em resposta, Santher e a agencia Neogama, responsável pela campanha, disseram que o único objetivo da mensagem foi o “de destacar um produto que segue tendencia de design já existente no exterior”, e que não houve pretensão de nenhum outro significado. “Refutamos toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito neste caso e lamentamos outro entendimento que não seja o explicito na peça”, escreveu.

 

8. Urban Outffiters

Transformar toda uma cultura em fantasia ou estilo é o mesmo que apagar séculos de história. A grife foi acusada de racismo e apropriação cultural por utilizar a palavra “Navajo” em peças de sua coleção. As estampas e cores fazem referência à cultura indígena norte-americana, tido como apropriação cultural.

Em resposta, a marca tentou arrumar uma solução alterando a descrição das 23 peças da coleção que possuíam o termo “Navajo”. As peças continuaram sendo comercializadas com a mesma estampa em referência a Nação Navajo.

 

9. Maria Filó

A marca Maria Filó decidiu relembrar cenas de um período traumático da nossa história nas estampas de suas peças. As imagens estampadas nas roupas mostram uma pessoa negra escravizada com um bebê nas costas e um cesto na cabeça, ela serve uma senhora branca, ao lado de outras quatro mulheres negras que cozinham em um tacho.

A marca afirmou em nota: “a Maria Filó esclarece que a estampa em questão buscou inspiração na obra de Debret. Em nenhum momento houve a intenção de ofender. A marca pede desculpas e informa que já está tomando providências para que a estampa seja retirada das lojas”.

 

10. Heineken

A marca foi acusada de racismo após veicular um anúncio que mostra uma garrafa da marca sendo deslizada ao longo de um bar passando por pessoas negras até chegar a uma mulher branca com a frase “Sometimes, lighter is better”. A palavra “lighter” pode ser interpretada como algo leve, sem muitas calorias bem como à cores claras.

Em nota publicada, o porta-voz da marca, Bjorn Trowery, disse que, “apesar de achar que o anúncio tenha feito referência à nossa cerveja Heineken Light, erramos o alvo, vamos usar o feedback desta ação para influenciar futuras campanhas.”

 

11. Farm

A marca foi acusada de racismo após estampar nas suas peças o cenário que retrata o Brasil do século 19, é a reprodução de pessoas negras como escravas. Na estampa, é possível ver a ilustração com mulheres e homens negros trabalhando no cenário do Brasil Colônia, período em que a escravidão movimentava a economia do país.

A FARM apagou as fotos das peças de suas redes sociais e publicou um pedido de desculpas: “devido à polêmica em relação à estampa “Rua do Mar”, utilizada na atual coleção, a FARM esclarece que a ilustração refere-se a uma cena cotidiana do período pós-colonial, desenhada em preto e branco. No último sábado, a estampa começou a ser criticada como racista. Mesmo a marca não tendo esta intenção, a simples associação negativa fez com que a FARM começasse a recolher as peças das lojas e do site.”

 

12. Pão de Açúcar

O grupo colocou a estátua de uma criança negra com grilhões (uma espécie de algema de pés), carregando uma cesta de pães. A rede de supermercados e marca de produtos comercializados na rede, foi acusada de fazer apologia ao trabalho escravo infantil, racismo e a discriminação.

Em nota, o grupo afirmou que “a estátua em questão foi adquirida como parte de uma coleção de peças decorativas de loja, sem intenção ou apologia a qualquer tipo de discriminação. A rede agradece os contatos recebidos dos clientes e lamenta o fato ocorrido, uma vez que pauta suas ações na ética, promoção e respeito à diversidade. Assim que tomou ciência do caso, o Pão de Açúcar providenciou a retirada da estátua das lojas e está revendo o processo de seleção de peças decorativas.”

 

13. Duloren

A marca de lingerie foi acusada de racismo após lançar a campanha “Pacificar foi fácil. Quero ver dominar”. O anúncio mostra a foto de uma jovem negra usando roupas intimas e usando um quepe militar, com um ar desafiador, uniforme desabotoado que lembra a farda dos policiais cariocas, ambientado no que sugere ser a laje de uma casa em uma favela carioca.

A imagem sugere desrespeito aos policiais, racismo e machismo. A campanha foi suspensa pelo Conar. A marca recorreu alegando que “é inerente à publicidade atrair a atenção dos consumidores sem desrespeita-los.”

 

14. Pepsi

A marca de refrigerantes retirou do ar uma campanha publicitária após ser acusada de racismo, o comercial mostra uma mulher e um policial em uma delegacia. O policial pede à mulher, que foi vitima de agressão, que identifique seu agressor entre um grupo de suspeitos formado por homens negros e um bode.

Em comunicado, a Pepsi disse que “assumia total responsabilidade” por qualquer ofensa causada pelo comercial e disse ter retirado o anúncio das suas redes.

 

15. Riachuelo

A Riachuelo foi acusada de racismo após uma campanha para o dia das mães, no vídeo uma mulher branca usando roupas e acessórios contracena em algumas cenas com braços e mãos de uma pessoa negra que tocava a sua pele.

A campanha foi vista como racista, pois a mulher negra estando ali apenas para servir a mulher branca. A empresa retirou o vídeo do Youtube. Em nota, a marca se defende: “a Riachuelo tem o maior orgulho de ter sido a primeira grande rede do Varejo de moda a perseguir uma meta: DEMOCRATIZAR A MODA. Para nós, todas as mulheres são especiais. Elas não tem cor, raça ou credo.”

 

16. Reserva

A grife carioca, onde Luciano Huck é sócio, foi acusada de racismo por colocar manequins negros de cabeça para baixo na vitrine, com os pés amarrados com cordas. A campanha foi criticada duramente pelos consumidores.

Em comunicado oficial, a marca afirmou que os manequins na cor preta são padrão em todas as filiais há mais de nove anos e que, no período de liquidação, é costume colocar tudo da loja, incluindo letreiros, manequins e peças expostas, de ponta cabeça.

 

17. Animale

Uma criança negra, 8 anos, foi vitima de racismo em uma das loja, o menino é filho de um norte-americano, na ocasião a criança estava na calçada esperando o pai, quando foi abordado por uma funcionária dizendo que ele não poderia vender nada por ali.

A grife de roupas foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por racismo; terá que pagar R$45.000,00 em ação indenizatória. Em nota, a empresa disse “o processo foi concluído e devidamente esclarecido na esfera jurídica não havendo condenação por discriminação por preconceito racial ou social.”

 

18. Prada

A grife foi acusada de racismo na campanha “Pradamalia”, uma coleção de bonecos com design de personagens que muitos consumidores descreveram como racista. O boneco ostenta lábios vermelhos brilhantes e a pele escura, o que remete desenho antigos notoriamente racistas (falamos mais sobre isso aqui e aqui).

Em nota, a grife se defendeu: “estamos comprometidos em criar produtos que celebrem a moda diversa e a beleza das culturas de todo o mundo. Removemos todos os produtos da Pradamalia que foram ofensivos e estamos tomando providências imediatas deste caso.”

 

19. Dolce e Gabbana

Os estilistas Dolce e Gabbana, foram acusados de praticar racismo com chineses, a dupla veio a publico pedir desculpas. A grife lançou uma campanha publicitária na qual uma mulher chinesa tenta comer pizza e macarrão com hashi. Stefano Gabbana também teria se referido aos chineses como “máfia ignorante malcheirosa”. O desfile foi cancelado e a marca teve contratos cancelados.

Em nota, os estilistas disseram: “desejamos dizer a todos os chineses do mundo, e há muitos, o quanto sentimos. E levamos essa desculpa e essa mensagem muito a sério. Refletimos muito sobre a polêmica. Nossas famílias sempre nos ensinaram a respeitar as diferentes culturas. Pedimos seu perdão se cometemos erros na interpretação da sua.”

 

20. L’ Óreal

A famosa marca de cosméticos foi considerada culpada em acusação por racismo. A empresa recrutava a equipe de vendas exigindo que as vendedoras fossem brancas. O processo foi aberto pelo grupo anti-racista ” SOS Racisme“. A marca também é acusada de adulterar a imagem da cantora Beyonce, tornando-a com a pele mais clara.

A empresa expressou “decepção” em relação ao veredito. A consultoria Adecco entrou em defesa alegando que o pedido de contratar só pessoas brancas era da Adecco.

 

21. Crossfit

A amada marca dos esportistas e modalidade, Crossfit, também esteve envolvida em acusações racistas, em 2020, devido a um comentário de seu fundador. No Twitter, o criador da marca, Greg Glassman, relacionou a pandemia do novo coronavírus aos protestos anti-racistas que ocorrem nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, morto brutalmente por policiais brancos.

Em resposta a uma mensagem de uma entidade de saúde local, que classificou o racismo e a violência da polícia americana como problema de saúde pública, Glessman escreveu “É Floyd -19”, em trocadilho ao Covid-19. O empresário deu a entender que os protestos são responsáveis por espalhar o coronavírus no país.

A marca já perdeu mais de 1.000 academias afiliadas desde o acontecido. A Reebook e Rogue Fitness encerraram a parceria. Atletas da marca criticaram duramente a atitude do fundador, que é considerado sinônimo da marca. Glassman deixou o cargo de CEO, que agora será ocupado por Dave Castro.

Fonte(s): Uol, G1, BBC, Época, Estadão, Veja, Gelédes, Uol, Uol, Pragmatismo Político, G1, Exame, Correio 24 horas, PropMark, Uol, Veja, Catraca Livre, Catraca Livre, Exame, BBC, G1, Uol, Meio e Mensagem, O Globo
Yesa Maria
Jornalista em formação, curiosa, black power, amante da fotografia.

Tá na rede!

Em caso de chefe
clique aqui