22 Ícones “QUEER” da música brasileira que você precisa ouvir agora
Artistas que, até pouco tempo, eram apenas conhecidos em seus guetos estão em alta!
Elxs são pessoas que expõem sua identidade de gênero ou orientação sexual, questionando papéis na sociedade e os mais diversos temas. Tudo através da arte.
Esses novos ícones da música brasileira que chegaram para quebrar estereótipos, estão ganhando espaço na mídia e apresentando ao país o movimento “Queer“.
Entenda o que é “Queer”
“Ser queer significa acreditar que todos têm o direito de ser quem são e se expressar sem receberem julgamentos ou ódio porque aquilo está fora do considerado normal.”
A jornalista Nadia Cho explicou tudo em sua coluna no Huffington Post, “‘Queer’ pode ser usado para descrever a orientação sexual de alguém, ou servir como um posicionamento político. Sua definição tem muitas dimensões, de identidade de gênero à resistência aos valores tradicionais ou a uma sensação de não-pertencimento em padrões estabelecidos.”
“Ser queer significa acreditar que todos têm o direito de ser quem são e se expressar sem receberem julgamentos ou ódio porque aquilo está fora do considerado normal. Ser queer é desafiar o normal. É deixar de pensar em ‘masculino’ ou ‘feminino’, ‘gay’ ou ‘hétero’, ‘monogâmico’ ou ‘poligâmico’ de maneira binária. (…) Ser queer é reconhecer que existem outras identidades de gênero, como transgênero, genderqueer e pessoas andróginas, respeitando e legitimando essas identidades.”
Listamos abaixo 20 corajosxs ícones “Queer” da música brasileira que estão difundindo essa mensagem libertária em terras tupiniquins. Alguns já estão bombando, outros ainda não são muito conhecidos, mas todos fazem parte dessa mudança, sem medo de botar a cara no sol. Olha/escuta só!
*Essa lista foi atualizada no dia 05 de Outubro de 2017.
1. Liniker
Gay, negro e de origem pobre, Liniker veio com os dois pés na porta! Com uma voz diferente e inebriante, transborda sentimento em suas músicas. A principal influência é a Black Music, mas também bebe das fontes do samba rock e samba de raíz, como explicou ao El País.
“O que eu sei é que eu sou bicha, preta, pobre e estou aí, batalhando por um povo“, disse Liniker ao G1. O artista afirma que não sabe se é “o” ou “a” Liniker já que isso não importa; assim, bate de frente com os tradicionais papéis de gênero estabelecidos pela sociedade.
Liniker usa brincos, vestidos, turbantes e batom em seus shows e videoclipes. Emocionou a país com a performance da música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, no programa Amor e Sexo (exibido em 02/03/2017 pela Rede Globo). Para a nossa lista escolhemos a música “Zero”. Te desafiamos a não ficar encantado e viciado na voz e melodias de Liniker!
2. As Bahias e a Cozinha Mineira
As vocalistas transexuais Raquel Virgína e Assucena Assucena, juntamente com o mineiro Rafael Acerbi, compõem a banda As Bahias e a Cozinha Mineira. Tendo Gal Costa como inspiração principal e referências mineiras – como Clube da Esquina – para encorpar a produção, as músicas da banda abordam temas como a transfobia, homofobia e machismo.
Segundo Rafael, para o El País, “Nosso som tem uma relação intrínseca com a nossa vida e o espaço onde a gente circula. E ele empodera, colocando as meninas como um espelho para as pessoas que querem viver à sua maneira e enxergam nas duas a possibilidade de pensar sobre seu próprio corpo e a sua vida”.
Escolhemos a música “Apologia às Virgens Mães”, com letra forte e questionadora. Repare no refinamento estético do videoclipe e também nas diversas facetas que a música aborda, em termos de estilos sonoros.
3. Pabllo Vittar
A drag queen Pabllo Vittar traz a estética pop para “divar” na cara da sociedade. Pabllo nasceu em São Luís do Maranhão e manteve o nome masculino em sua persona queen. A artista declarou, para o Ego, “Pabllo é quem eu sou, e minha drag é uma parte de mim, não preciso de nome feminino para ser drag”.
A música “Todo Dia” foi um dos grandes hits no Carnaval 2017, afinal quem não ficou com o refrão na cabeça: “Eu não espero o carnaval chegar pra ser vadia, sou todo dia, sou todo dia!”. A música conta com a participação do rapper gay Rico Dalasam.
4. Rico Dalasam
O rapper paulistano Rico Dalasam, assumidamente gay, traz em suas músicas questionamentos sobre ser negro e homossexual. Além disso, o artista brinca com papéis de gênero, usando peças socialmente designadas às mulheres: batons, saias e acessórios diversos.
Com tais ferramentas, Rico explora um lado diferente e revolucionário do Rap. Ele disse, para o El País: “O rap é uma foto 3×4 da nossa cultura. E ela é machista, homofóbica, reacionária… Mas o rap é grande, e a Internet faz nascer novos mundos em um clique.”
Assista ao clipe de “Esse Close eu dei” e confira o som e estilo do artista. A estética é incrível!
5. Johnny Hooker
Gay assumido e todo trabalhado em looks ousados que lembram Ney Matogrosso, o artista Johnny Hooker tem como referências principais David Bowie, Madonna e Caetano Veloso.
Jhonny declarou para a Época: “Sou totalmente gay, não teria por que esconder. Temos que deixar de lado os puritanismos, a coisa provinciana. Acho que a música dá mais liberdade para o artista se assumir.”
Assista ao clipe de “Alma Sebosa”, uma música pop-brega que trata do conhecido tema “estou apaixonado por um cara que não presta.” O hit estourou em diversas rádios e festas Brasil afora.
6. Gloria Groove
Prepara o rebolado porque Gloria Groove chegou para estourar! A drag queen paulistana tem estilo para dar e vender, dança e canta muito. Toda trabalhada no Hip Hop, suas músicas fazem críticas aos mais diversos temas sociais.
Gloria traz visibilidade às drag queens ao utilizar ferramentas da cultura pop. No clipe de “Império” você pode conferir o gingado da garota, bem como uma super produção visual que lembra os tempos áureos de Lady Gaga.
7. Mc Linn da Quebrada
Mc Linn da Quebrada é resistência queer da cabeça aos pés. Quando criança era Testemunha de Jeová e sofreu muito ao assumir sua identidade, que culminou na expulsão do grupo religioso.
Segundo entrevista à Revista Trip, MC Linn se considera uma terrorista de gênero e utiliza o corpo como resistência. A funkeira declara à Trip: “Tentaram me matar diversas vezes me gritando viado ou bicha, dizendo que eu não poderia fazer aquilo comigo mesma. Eu sou uma bicha transviada e me dou o direito de ter vida!”
8. Lia Clark
A drag queen funkeira Lia Clark está fazendo cada vez mais sucesso. Seu primeiro single, “Trava Trava”, bombou; o videoclipe, publicado no Youtube em janeiro de 2016, está com mais de 2 milhões e 800 mil visualizações (até o momento dessa publicação).
Escolhemos “Chifrudo”, que conta com a participação da Mulher Pepita – hããÃ! Outro hit do Carnaval 2017, o refrão “ei, chifrudo, aceita eu sou gostosa!” bombou nos bloquinhos alternativos.
9. Lineker
Sim, é outro cara com nome parecido, com “E”. O boy magia mineiro Lineker também usa brincos, salto alto e maquiagem em suas apresentações. Além de cantor, ele é dançarino profissional. Suas principais referências são as cantoras Elis Regina, Maria Bethânia, Clara Nunes e Björk.
No clipe de “Gota por Gota” você pode ver Lineker pagando bundinha com um collant de estampa de oncinha enquanto corre, dança e sensualiza pelo pasto.
10. Jaloo
O cantor e produtor paraense Jaloo traz uma estética diferente para enriquecer essa lista. Utilizando diversos elementos para compor seu som e estilo, a palavra-chave para descrever Jaloo é “sincretismo”.
Sobre o álbum “#1”, Jaloo diz ao site Aos Cubos: “Tudo o que reflete a minha personalidade e todos os caminhos que percorri até chegar aqui. No Pará, a gente tem um sincretismo religioso gigantesco. Por exemplo, eu sou ateu. Mas me interesso muito pela festa do Sírio, que é linda e legal, pela história do Candomblé e Umbanda – que é fortíssima.”
Assista ao clipe da música “Ah! Dor!” que resume bastante essa energia queer do artista.
11. Verónica Decide Morrer
Para representar o rock and roll trouxemos a banda cearense Verónica Decide Morrer. O grupo queer é formado pelos vocalistas Jonaz Sampaio e Verónica Valenttino, em conjunto com o guitarrista Léo BreedLove, a baterista Vladya Mendes e o baixista Eric Lennon.
Com um som punk rock/new wave tropical, a banda clama por empoderamento. Em entrevista ao jornal O Povo Online, declara: “A principal motivação é a gente conseguir desmistificar a imagem marginal da travesti. Hoje a gente tem travestis doutoras, mestras. E aí a gente tem travesti no rock and roll. As nossas lutas são políticas”.
Destacamos a ótima música “Roxy Music”, que tem como pano de fundo o Teatro Municipal de São Paulo.
12. Aretuza Lovi
Segundo o site A Liga Gay, Aretuza Lovi é uma drag queen bastante conhecida por todo o Brasil e “uma das melhores performances musicais da boate Victoria Haus em Brasília-DF“.
Em sua nova música “Catuaba”, a diva performa sensualmente ao lado de Gloria Groove, com muito twerking e glam. O hit também bombou no último carnaval, já que fala da nossa querida Catuaba (depois de 3 doses a gente faz a Beyoncé, né?).
13. Mc Trans
Outra representante do funk, Mc Trans carrega no nome o orgulho de ser quem é. Ex cover de Anitta, Mc Trans hoje faz shows em todo o país, tem seus próprios hits e milhões de views no Youtube.
Segundo matéria do Extra, como muitas outras mulheres transexuais, Mc Trans foi expulsa de casa, viveu nas ruas e passou por muitas dificuldades. Mas ela deu a volta por cima! O vídeo “Lacração” é um hit da cantora, com mais de 1 milhão e 800 mil views (até a data dessa publicação).
14. Mc Xuxú
Se você frequenta a cena noturna LGBT da sua cidade, provavelmente já ouviu o verso “Um beijo pra quem é DJ, um beijo pra quem é MC, um beijo pra quem é do bem e um beijo pras travesti”. Mc Xuxu fez muito sucesso com a música “Um Beijo“, na sequência lançou outros hits.
Funkeira, trans e feminista, Mc Xuxu está na luta para combater o preconceito. Ela declarou para a Revista Fórum: “Eu gosto de cantar o que eu vivo, o que eu sou, e também acredito que todo mundo tem um propósito na carreira e o meu é esse: amenizar o preconceito.”
As gay, as bi, as trans e a sapatão formam “O Clã” da Mc Xuxu, que está prontinho para fazer revolução.
15. Danna Lisboa
Danna Lisboa já foi dançarina da diva Karol Conka e agora está explorando sua carreira solo, influenciada pela cultura do Hip Hop. A artista expressa sua identidade através de batidas envolventes e letras que jogam as críticas sociais na nossa cara. Maravilhosa!
Para essa lista, separamos o clipe da música “Cidade Neon”.
16. Não Recomendados
Essa é uma banda menos conhecida, mas não menos talentosa. Não Recomendados é um grupo de jazz que está despontando na cena underground da música popular brasileira.
Os cantores Caio Prado, Daniel Chaudon e Diego Moraes se apresentam usando batom, vestidos e o que mais for necessários para quebrar estereótipos de gênero. Escolhemos a música “Não Recomendado”, que já foi interpretada por Maria Gadú e Liniker; preste atenção à letra, que tem um forte cunho político.
17. Lulu Monamour
A rapper goiana Lulu Monamour é uma representante trans no mundo do rap.
A artista manda um recado para as mulheres, na Revista Boa Vida Online: “Nunca deixe um homem dizer que você não é boa o suficiente para estar lá no palco, mandando suas ideias. Se estão tão incomodados é porque está fazendo a diferença.”
O clipe de “Autodefesa parte II” mostra a vingança de Lulu e sua gangue, ao pegar em armas para se defender da transfobia.
18. Sara e Nina
O que pode ser melhor do que uma marchinha de carnaval queer? A dupla Sara e Nina lançou a marchinha “Mamãe Passou Purpurina em Mim”. Assista ao vídeo, mas atenção: o refrão gruda na cabeça!
19. Banda Uó
A Banda Uó despontou em 2010, com o sucesso “Shake de Amor“ (paródia da música “Whip My Hair“, de Willow Smith). Formada pelos amigos goianos Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Candy Mel, a Banda Uó pode ser considerada precursora, já que foi uma das primeiras a fazer sucesso com uma mulher trans nos vocais.
Suas músicas são do gênero eletrobrega; as letras irônicas e escrachadas trazem humor para as produções. Histórias de amor, desilusões e críticas sociais disfarçadas fazem parte do repertório da Banda Uó. Em clipes e shows, os integrantes se vestem de forma excêntrica, com o melhor das referências kitsch.
Dentre tantos hits, escolhemos “Cremosa”. Assista ao clipe divertido, irônico e crítico, com o ritmo do eletrobrega típico da Banda Uó.
20. Daniel Peixoto
Daniel Peixoto é um nome de peso, não ficaria de fora dessa lista. Um dos precursores do movimento que exibe o orgulho queer na música, Daniel continua na ativa.
O artista já fez turnê na Europa, ganhou prêmio, abriu show para bandas gringas e uma de suas músicas até fez parte da trilha sonora de novela global. A presença de palco do moço é muito forte. Antes da carreira solo, Daniel fazia parte da banda Montage.
Escolhemos a música “CRUSH (Manda Nude)”, lançada em 2016, com parceria do DJ João Brasil.
21. Aíla
Aíla é uma artista paraense pra lá de empoderada. Com canções que abordam temas como feminismo, assédio, intolerância e alguns outros pontos que podem tirar o sono da “família tradicional brasileira” a cantora vem ganhando cada vez mais destaque na mídia.
Seu mais recente trabalho, o disco “Em Cada Verso um Contra-Ataque“, é marcado pelo ritmo dançante e letras reflexivas, características que definem o trampo dessa mulher poderosa.
“Desde que comecei a idealizar esse novo trabalho, em 2015, um pensamento que me movia muito era a possibilidade de fazer as pessoas dançarem, cantarem e refletirem ao mesmo tempo. Sempre imaginei aproximar canções pop, dançantes, desse discurso mais ‘artivista’.” – revela Aìla à reportagem da revista Contigo.
22. Triz
Triz é da cidade de São Paulo, se identifica como transgênero não-binário (que se enxerga nem tanto como homem, nem tanto como mulher) e utiliza o rap para passar sua mensagem, sempre carregada de algumas doses de ativismo LGBT (apesar de negar isso).
Ganhando muita popularidade através das redes sociais, com vídeos caseiros que publica mostrando sua arte, Triz gravou seu primeiro clipe a pouco tempo, quando um cineasta ouviu uma de suas canções e emocionado com o conteúdo inspirador de suas letras, produziu o vídeo do rap “Elevação Mental“, que já conta com mais de 5 milhões de visualizações no Youtube.
Com inspiração que vai de Cartola à Sabotage, Triz certamente é o tipo de artista que não poderia ficar de fora dessa nossa lista.
“O rap de fato é um estilo que é extremamente machista e intolerante, principalmente raps americanos, é muito difícil ver pessoas LGBT fazendo rap, e as poucas que existem que fazem esse tipo de conteúdo não tem tanta visibilidade nas grandes mídias. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de ousar, gosto de invadir espaços nos quais disseram que eu não poderia fazer parte, pra mostrar justamente que eu posso sim, tenho capacidade, inteligência e auto suficiência pra estar aonde eu quiser e fazer absolutamente tudo que um homem hétero cis pode fazer no cenário da música.” – desabafa Triz ao site Papel Pop.
– E aí, conhece outros artistas queers que ficaram de fora da lista? Conta pra gente!
Hunffington Post, G1, El País, El País, Época, Revista Trip, El País, Aos Cubos, O Povo Online, A Liga Gay, Revista Boa Vida Online, Buzzfeed, Revista Contigo, Época