20 filmes que vão fazer sua mente explodir
Alguns filmes mexem com regiões inóspitas da nossa mente. Quem nunca teve aquele clássica sensação de inquietude ao ver os créditos finais de um longa? Pois é. Existem roteiros malucos que provocam o famoso “mindfuck” na gente.
Estes trabalhos, criados especificamente para nos tirar da zona de conforto, costumam ter uma relação muito subjetiva com fãs da sétima arte. São aqueles filmes que muita gente não entende e, os que captam alguma mensagem, em geral divergem entre si. Interpretações diferentes para o mesmo fim, saca?
Todos esses títulos questionam valores ou obrigações impostos por nossa sociedade. A lista, claro, é extensa. Alguns diretores se consagraram construindo histórias que fogem do senso comum, que nos fazem clamar por respostas, que mudam nossos paradigmas.
Aí vão os “20 filmes que vão fazer sua mente explodir”! Ah… como todos os longas são especiais e representativos para esse que vos escreve, não dá pra escolher o melhor entre eles. Então, os listei em ordem cronológica. Boa Viagem!
O Anjo Exterminador
El Ángel Exterminador [1962]
Vale Pipoca Turbo: A trama gira em torno de um jantar. Vai te dar fome.
Uma das obras-primas do genial Luis Buñuel – parceiro de Salvador Dali na corrente surrealista -, “O Anjo Exterminador” é perturbador de tão simples. Filmado praticamente num único ambiente, o longa mostra um jantar realizado por uma típica família que faz parte da aristocracia mexicana da primeira metade do século XX. Ao longo do evento, os convidados simplesmente não conseguem deixar a mansão, sem que nenhuma explicação lógica sobre o impedimento seja dada. Situações inusitadas acontecem ao longo da noite e máscaras também caem, claro. “O Anjo Exterminador” critica de maneira sutil a burguesia e o capitalismo, que começava a ganhar força naquela época.
Os 12 Macacos
Twelve Monkeys [1995]
Vale Pipoca Média: Muita viagem. Melhor não exagerar na pipoca, separa uma breja ou vinho, combina mais.
Terry Gilliam é conhecido por seus filmes com roteiros malucos – o clássico “Brazil”, de 1985, talvez seja o mais famoso, além de “Medo e Delírio em Las Vegas”, que eu, particularmente, gosto muito -, mas “Os 12 Macacos” merece menção especial. O filme, concebido em 1995, se passa em 2035. James Cole (Bruce Willis) precisa voltar ao passado em busca da cura de um vírus mortal que dizimou boa parte da raça humana. Dado como louco no passado, o cara passa por vários apuros. O roteiro de “Os 12 Macacos” é extremamente complexo e exige atenção total. Destaque para o ótimo trabalho de Brad Pitt como o doidão Jeffrey Goines.
Gummo
Gummo [1997]
Vale Pipoca Turbo: “Eu vou comer pra esquecer meus problemas!”
“Gummo”, de 1997, é o primeiro trabalho do diretor freak Harmony Korine. Korine surgiu no cenário de filmes cult dois anos antes, quando foi responsável pelo roteiro do também perturbador “Kids”. O longa mostra o cotidiano bizarro de adolescentes que vivem numa pequena cidade norte-americana recém-devastada por um furacão. “Gummo” é indigesto, difícil de absorver e apreciar. É preciso paciência e disposição para entender a beleza e a mensagem do filme. Uma crítica ferrenha a sociedade norte-americana, mostra os valores distorcidos dos “Red Necks” e a situação calamitosa que vivem. É um documento que o “American Dream” pode, em muitos casos, se tornar um pesadelo.
Clube da Luta
Fight Club [1999]
Vale Pipoca Média: Melhor não exagerar na pipoca. Muito sangue, por isso nada de molhos.
“Clube da Luta” provavelmente é o “mindfuck” mais conhecido da lista. Queridinho de 10 entre 10 apreciadores de cinema que vai um pouco além dos “blockbusters”, a obra-prima do talentoso David Fincher é inspirada no romance homônimo escrito por Chuck Palahniuk. O longa não teve sucesso comercial na época de seu lançamento, em 1999, mas, ao longo dos anos, foi ganhando ares cult. E com total mérito.
“Clube da Luta” conta a história de um pacato funcionário de uma empresa de seguros (talvez um dos grandes papéis da vida de Edward Norton, e olha que o cara já esteve ótimo em diversos longas) que vê sua vida entrar em parafuso após conhecer o carismático Tyler Durden (Brad Pitt), um misterioso vendedor de sabão.
O apartamento do personagem vivido por Norton explode misteriosamente e o cara se muda para a casa de Durden. Juntos, os caras criam um clube secreto de luta, onde o objetivo principal é se libertar de todo o estresse provocado pelo dia-a-dia massante do capitalismo tacando porrada na galera. Ao longo do filme, o simples clube ganha mais membros e mais complexidade e o grande alvo vira o sistema em si. Nada é o que parece. Tudo é confuso nesse clássico que precisa ser visto ao menos 10 vezes para ser completamente entendido.
Magnolia
Magnolia [1999]
Vale Pipoca Turbo: O filme é longo. É bom garantir suplementos.
O genial Paul Thomas Anderson concebeu o complexo “Magnolia” em 1999. O diretor, que tem em seu currículo ótimas obras como “Boogie Nights” “Sangue Negro” e mais recentemente “O Mestre”, é conhecido por seus roteiros muito bem amarrados, direção primorosa e por fazer atores chegarem a seu máximo em atuações extremamente intensas. “Magnolia” é exemplo. O sempre questionado Tom Cruise tem, em “Magnolia”, seu melhor trabalho. O longa mostra a vida de nove pessoas que, aparentemente, não se conhecem ou não têm nenhuma conexão. Mas, ao longo da trama, essas histórias vão se entrelaçando de um modo tão perfeito que só Anderson consegue amarrar. O filme traz a famosa cena da “chuva de sapos”. A interpretação da intenção do diretor é subjetiva, como todo o filme, que gera sensação de inquietude e questionamento todo tempo.
Quero Ser John Malkovich
Being John Malkovich [1999]
Vale Pipoca Grande: Faça bastante pipoca porque esse filme dá fome.
Direção de Spike Jonze e roteiro de Charlie Kaufman. O resultado não poderia ser menos insano que “Quero Ser John Malkovich” (a dupla ainda repetiria a dose no não menos inspirado “Adaptação”, de 2002). Com um dos enredos mais malucos da história, o longa conta a história de Craig (John Cusack), que arruma um inusitado emprego no 7º e 1/2 andar de um prédio. O pé direito é muito baixo, e os funcionários precisam andar curvados. Lá, Craig acha uma pequena porta que dá acesso direto a mente do ator John Malkovich (pra quem não sabe John Malkovich, é um ator real e pra lá de respeitado em Hollywood, e interpreta ele mesmo no longa). Após 15 minutos, Craig é enxotado da mente de Malkovich. Claro, o cara quer continuar controlando a mente e as ações do ator e também aproveita a descoberta para fazer uma grana levando algumas pessoas para um tour pela vida de um astro. Uma trama surreal bem ao estilo Kaufman, que nos faz viajar nas possibilidades apresentadas por seus roteiros malucos.
Réquiem para um Sonho
Requiem for a Dream [2000]
Vale Pipoca Média: Esse filme é meio perturbador, corta a fome um pouco.
Rompemos a barreira da década de 1990 com o espetacular “Réquiem para um Sonho”. Lançado em 2000, o longa do diretor norte-americano Darren Aronofsky é perturbador do início ao fim. O filme conta a história de Harry Goldfarb (Jared Leto), um jovem viciado em heroína. O cara namora com Marion (Jennifer Connelly), que também é viciada. Eles têm um sonho conjunto: montar seu próprio negócio e ter uma vida pacata de casal. Mas o vício, claro, impossibilita os planos dos dois. A mãe de Harry, Sara, tem um vício tão corrosivo quanto heroína: programas de tevê. A senhora é convidada para participar de seu show favorito, o Tappy Tibbons Show, e decide emagrecer a qualquer custo para ficar bonitona na tela. Resultado: Sara fica viciada em pilulas de emagrecimento. “Réquiem para um Sonho” mostra de maneira extremamente lúdica a paranoia causada pelo abuso do uso de drogas sintéticas, lícitas ou ilícitas. Visualmente chocante em diversos momentos, o filme gera diversos questionamentos.
Amnésia
Memento [2000]
Vale Pipoca Turbo: Nunca sofri de amnésia, mas acho que dá fome.
Outro clássico. “Amnésia”, de 2000, é talvez a grande obra de Christopher Nolan, um dos diretores mais talentosos surgidos em Hollywood nos últimos anos. O filme conta a história de Leonard (Guy Percie), que busca vingar a morte de sua esposa. O grande problema é que o cara sofre de amnésia e não consegue lembrar com clareza do ocorrido e nem de qualquer memória recente. Sabendo disso, Leonard deixa pistas – como fotos e tatuagens espalhadas por sua pele – para desvendar esse complexo quebra-cabeças e conceber sua vingança. A trama se divide em duas partes: os frames em preto e branco mostram a narrativa em ordem cronológica; já as cenas coloridas são mostradas de maneira reversa. A princípio, tudo parece muito confuso, mas, ao longo de “Amésia”, tudo se encaixa. Filmaço. A lista não permite repetir diretores, mas o sensacional “A Origem”, de 2010, merece ao menos menção honrosa em nossa seleção. Outro trabalho espetacular de Nolan.
Donnie Darko
Donnie Darko [2001]
Vale Pipoca Grande: Coelhos macabros e imaginários devem curtir pipoca.
Assim como a maioria dos filmes desta bela lista, “Donnie Darko” aborda com maestria os diversos conflitos existentes em nossa mente. O protagonista que dá nome ao longa (vivido por Jake Gyllenhaal) é um jovem genial, porém extremamente confuso e sem o menor talento para socialização. Donnie não é dos mais populares no Ensino Médio e vive recluso. Após a turbina de um avião cair no seu quarto e ele se livrar da morte graças ao chamado de um coelho gigante sinistro – obra da mente perturbada de Donnie -, o jovem passa a ter experiências sinistras e é incitado a espalhar o caos pela cidade onde vive. Com roteiro complexo e cheio de quebra-cabeças, o longa do diretor Richard Kelly gera interpretações diversas em quem o vê. Precisa ser assistido diversas vezes e, ainda sim, alguns elementos ainda passarão desapercebidos.
Vanilla Sky
Vanilla Sky [2001]
Vale Pipoca Turbo: O protagonista é um playboy e pede ostentação.
“Vanilla Sky” é adaptação do diretor Cameron Crowe para o espanhol “Abre los Ojos”. A fixação de Crowe pelo longa e a consequente fuga de sua zona de conforto – romances com ótimos roteiros e cheios de referências à cultura pop – se justifica: “Vanilla Sky” é perturbador. O longa conta a história de David Aimes (Tom Cruise), um playboy herdeiro de um conglomerado do ramo das Comunicações em Nova York. Aimes é o típico bon vivant, dirige seu carro esportivo e é sempre visto na companhia de belas mulheres. Uma delas é Julie (Cameron Diaz), que não aceita o cargo de apenas mais uma para o playboy e, num ato de loucura, decide acabar com a vida de ambos ao provocar um acidente automobilístico. Julie morre, Aimes sobrevive, mas tem seu rosto completamente desfigurado. Pouco antes do acidente, Aimes havia conhecido Sofia (Penelope Cruz vive a personagem também na versão original do longa) e se apaixonado. Com a auto-confiança abalada por conta do problema com seu rosto, Aimes não sabe como se aproximar de Sofia da maneira correta. O cara busca reconstruir sua aparência, mas em meio a crises assustadoras de paranoia, ele já não sabe mais o que é real e o que é fantasia.
Waking Life
Waking Life [2001]
Vale Pipoca Média: Não coma muito. O filme exige atenção total.
Complexo e intenso do início ao fim, “Waking Life” tem linguagem completamente fora do comum do que costumamos ver em Hollywood. Dirigido por Richard Linklater – conhecido principalmente pela ótima trilogia “Antes do Amanhecer”, “Antes do Pôr-do-sol” e “Antes da Meia-noite”, lançados com intervalo de nove anos cada -, o longa traz a assinatura do diretor: ótimos diálogos, mas é bem mais complexo e tem temáticas mais profundas do que os três romances acima citados.
“Waking Life” foi filmado com atores reais, mas, na sua finalização, um rotoscópio foi usado para dar a impressão que o longa é, na verdade, uma animação em Flash. Tudo isso tem um propósito: simular o mundo dos sonhos. O filme conta a história de um jovem que não consegue acordar de um mundo de fantasias e passa por discussões e conversas alucinantes sobre o que é real e o que é fruto da nossa imaginação. “Waking Life” traz diálogos sensacionais sobre diversos pontos interessante da vida em sociedade, tudo sobre um prisma mental. Não é fácil assisti-lo, exige atenção redobrada em 100% do tempo. Mas gera um sentimento de questionamento em quem o vê.
Irreversível
Irreversible [2002]
Vale Pipoca Média: Tenso! Melhor não comer muito, pega um “copo” com 2 litros de Coca, tá ótimo.
“Irreversível” é a obra-prima do franco-argentino Gaspar Noé. Lançado em 2002, o longa tem estrutura semelhante a “Amnésia”. A narrativa do filme acontece ao contrário, com cenas se desenvolvendo sem o entendimento real de quem assiste. Com a evolução (ou regressão) da história, conseguimos entender a real motivação das ações dos personagens a partir de novas informações mostradas ao longo do filme por Noé. Com enquadramento e fotografia que fogem do padrão, “Irreversível” mostra a sede de vingança de Marcus, que tenta encontrar o homem que estuprou sua namorada, interpretada por uma deslumbrante Monica Bellucci. Violento e desconcertante, o filme é conhecido por ter uma das cenas mais polêmicas da história do cinema: o extremamente realista e assustador estupro da personagem vivida por Monica Bellucci.
Oldboy
Oldboy [2003]
Vale Pipoca Turbo: O protagonista fica preso por 15 anos. Coma por ele.
Uma das peças da “Trilogia da Vingança” do sul-coreano Chan-wook Park, “Oldboy” é um clássico instantâneo. Lançado em 2003, o longa conta a história de Dae-su Oh, um pacato pai de família que, em 1988, é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. O cara acorda numa prisão fora do comum, com aparência de quarto de hotel barato. Sem saber o real motivo de sua reclusão, Dae-su só tem a companhia de uma tevê no cubículo. Sua distração é um treinamento físico que consiste em esmurrar uma parede. Quinze anos após o enclausuramento, o cara é libertado e ganha roupas, dinheiro e um celular. Uma ligação misteriosa revela: ele vai ter que descobrir o motivo de sua prisão e a identidade de seu torturador. Chan-wook Park vai nos dando as peças de seu complexo quebra-cabeças aos poucos, nos deixando mais inquietos a cada nova descoberta ao longo do filme. Violento e visceral, tem um dos planos-sequência mais incríveis que eu já vi. Ouso dizer que “Oldboy” tem o final mais surpreendente da história do cinema.
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
Eternal Sunshine of the Spotless Mind [2004]
Vale Pipoca Turbo: Histórias de amor merecem supercombos. Ou pote de sorvete. Você decide.
Charlie Kaufman assina o roteiro de outro longa da lista. Dirigido por Michel Gondry, “Brilho Eterno de uma Mense Sem Lembranças” conta a história de Joel (um dos papéis mais emblemáticos da carreira de Jim Carrey, que prova que ele pode ir muito além da comédia), que, após o término de seu relacionamento com Clementine (Kate Winslet), decide apagar completamente todas as memórias do namoro. No longa, este serviço está disponível (já imaginou que beleza?) e é oferecido pela Lacuna Inc. O experimento ainda passa por ajustes e a mente do personagem vivido por Carrey já não consegue diferenciar o que é memória real de ficção. “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” explora como poucos filmes os conflitos da mente de alguém com problemas psicológicos.
O Operário
The Machinist [2004]
Vale Pipoca Turbo: Christian Bale tá magricelo no longa. Coma por ele.
“O Operário” é o grande papel da carreira do regular Christian Bale, superior até a sua interpretação que rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em “O Vencedor”. O longa, dirigido por Brad Anderson, conta a história de Trevor, um operário que não dorme há um ano. O problema com o sono lhe provoca um destruidor cansaço físico e mental. O cara trabalha numa metalúrgica e, após um de seus companheiros de trabalho perder um braço no batente, Trevor tem convicção que estão armando para incriminá-lo. Para viver o personagem, Bale perdeu 29 quilos. Sua fisionomia esquelética mostra de maneira visceral o sofrimento vivido por Trevor, que cada vez mais é perseguido por incessantes paranoias.
O Cheiro do Ralo
O Cheiro do Ralo [2006]
Vale Pipoca Turbo: Único filme brasileiro da lista, merece muita pipoca, coca cola, balinha e o que vier.
Claro que a lista tem um representante nacional. E que representante! “O Cheiro do Ralo” tem direção de Heitor Dhalia e é inspirado no romance homônimo do genial Lourenço Mutarelli. Lourenço (Selton Mello) é dono de uma loja de objetos usados e vive de fazer escambos com quinquilharias que uma galera aparece oferecendo. Ranzinza e avesso a relações pessoais, o cara tem um prazer sádico em destratar qualquer um que apareça em seu galpão – que tem um incômodo cheiro de foça que vaza do ralo do banheiro – com algum produto. A única fixação do cara é a bunda da garçonete do boteco vizinho. “O Cheiro do Ralo” critica de maneira muito sólida nossos valores e a rotina massante que vivemos no dia-a-dia, escancarando a alienação nossa de cada dia.
Sinédoque, Nova York
Synecdoche, New York [2008]
Vale Pipoca Média: Muita viagem. Pega leve na pipoca.
“Sinédoque, Nova York” marca a estreia do maluco Charlie Kaufman como diretor. E o longa é protagonizado pelo já saudoso Philip Seymour Hoffman (BAITA ATOR, DIGA-SE DE PASSAGI), morto este ano. “Sinédoque, Nova York” mostra a vida de Caden Cotard, um diretor de teatro que planeja a produção de uma nova peça, que vai contar a história de sua vida.
Em paralelo a tudo isso, o diretor passa por graves problemas pessoais, com sua esposa se mudando para Berlim e levando a filha do casal junto. Completamente abalado, Cotard se dedica com mais afinco a seu projeto profissional. A peça é construída dentro de um gigantesco galpão, onde Cotard reconstrói Nova York e toda sua vida. A megalomania do diretor de teatro é tão assustadora que ele já não sabe o que é sua vida e o que é encenação. Quem já viu filmes com roteiros escritos por Kaufman que o cara tem a capacidade de viajar como poucos. Pois bem. Em “Sinédoque, Nova York” ele não tem barreiras, já que também dirige o longa. Ninguém chegou e disse: “Fera, você tá indo longe demais. Calma”. O resultado é esse.
Sr. Ninguém
Mr. Nobody [2009]
Vale Pipoca Turbo: Fome multiplicada por três vidas.
“Sr. Ninguém” provavelmente é o filme menos badalado desta lista. O longa, dirigido pelo belga Jaco Van Dormael, foi lançado em 2009. “Sr. Ninguém” fala sobre escolhas e suas consequências. Estamos em 2092 e Nemo Nobody (Jared Leto), com 118 anos, é o último ser humano mortal de uma Terra que agora é tomada por imortais. Em seu leito de morte, Nemo relembra momentos marcantes de sua vida. Vividos ou não. Eu explico: o longa mostra as memórias de três vidas de Nemo, vividas – ou não – a partir de escolhas feitas no passado. São dimensões diferentes, realidades diferentes. Mas, afinal, o que aconteceu realmente? Tudo? Nada? “Sr. Ninguém” explica sem explicar. Deixa aquela sensação de inquietude na gente.
A Pele que Habito
La Piel que Habito [2011]
Vale Pipoca Média: Menos é mais, coitadinha da Vera… assista, você vai entender.
O espanhol Pedro Almodovar é conhecido por construir histórias mirabolantes e nos presentear com tramas complexas, mas “A Pele que Habito”, de 2009, talvez represente o auge de sua loucura cinematográfica. O longa conta a história do cirurgião plástico Robert Ledgard (Antonio Banderas). O Dr. trabalha intensamente no desenvolvimento de uma pele artificial, mistura de humana e suína. Ledgard perdeu a esposa, queimada num grave acidente automobilístico. O médico ainda trama a vingança do estuprador de sua filha, a instável Norma. Em meio as duas tramas, Ledgard tem enclausurada em sua casa/laboratório a misteriosa Vera, cobaia das experiências bizarras orquestradas pelo personagem vivido por Banderas. Enigmático e assustador, o longa tem ares de um Frankstein moderno e muita piração.
Holy Motors
Holy Motors [2012]
Vale Pipoca Média: Pode dar (bastante) vertigem, melhor não exagerar.
“Holy Motors” marca a volta do diretor francês Leos Carax para detrás das câmeras após mais de uma década de hiato. O longa, de 2012, conta a história de Oscar (Denis Lavant), que percorre Paris numa luxuosa limousine branca. O cara interpreta diversos papeis reais: um mendigo, um pai de família, um monstro, um assassino… Oscar realmente vive essas vidas e, enquanto transita entre um ponto da cidade e outro, troca de figurino para se adaptar a nova realidade que se aproxima. Uma(s) história(s) completamente desconexa e fora dos padrões, um filme difícil de compreender e fácil de se encantar.