15 Musicais “não-gays” para quebrar tabus
Há quem diga que para se fazer um bom musical, é necessário muitas plumas, brilho e um final feliz. Um dos personagens do musical “Os Produtores” diz que precisam ser “alegres” (keep it gay)!
Mas será mesmo, para fazer um musical precisamos disso? Todo um rococó e ainda a necessidade de ser fofo para contar uma boa história? Eu acho que não. Por isso, fiz uma lista de filmes que fogem dessa lógica. Musicais para macho! – brinks.
É uma lista em ordem cronológica de musicais feitos para o cinema, nos quais a linha do exagero ou de temas leves não é seguida à risca. Tentei fugir do estilo O Mágico de Oz, sabe? Hey ho, let´s go!
Feitiço Havaiano
Blue Hawaii – 1961
Pipocômetro:
Vale pipoca Grande: Muita pipoca e Mai Tais!
Rock-a-hula! Chad (Elvis Presley) é um jovem que está retornando para a casa dos pais, no Havaí, depois de dois anos de serviço militar. Diferente deles, Chad não quer ter uma vida regrada e caretinha. Ele adora passar o dia na praia, mergulhando, surfando, de boas e tals. E como continuar nessa “vida mansa”? Chad então começa a trabalhar como guia turístico em Honolulu, mostrando os pontos paradisíacos do Havaí. Logo no primeiro grupo de turistas, uma adolescente birrenta resolve criar caso com ele. O filme tem um roteiro simples, sem grandes reviravoltas. Elvis, como sempre, um grande garanhão! E a música, o que dizer, né? Clássico. Bem sábado. Bem rock anos 50. Bem bom!
Obs: É nesse filme que ele canta Can´t help falling in love. <3
Os Reis do Iê-iê-iê
A hard day´s night – 1964
Pipocômetro:
Vale pipoca Turbo: A pipoca é proporcional ao tamanho do sucesso dos Beatles.
Como não curtir os Beatles? Esse filme deve ser o mais besta ou o mais fraco de roteiro, mas ainda assim eu achei o máximo! Os Beatles interpretam eles mesmos numa viagem de trem para se apresentarem numa estação de TV. No caminho, são surpreendidos pela presença do avô do Paul McCartney, que por um motivo não explicado, irá acompanhá-los. O senhor McCartney é um mala sem alça de marca maior, se metendo em confusões, além de quase comprometer a apresentação do quarteto. O que não falta são beatlemaníacos correndo atrás do fab-four e músicas de sucesso como A hard day´s night, She loves you e Can´t buy me love. Para mim, o melhor foi ver a interação entre os 4 e como John Lennon consegue ser um palhaço!
Rock ‘n’ Roll High School
Rock ‘n’ Roll High School – 1979
Pipocômetro:
Vale pipoca Média: Punks não gostam de pipoca. Punks gostam de pizza.
Uma comédia musical punk. Esta é a melhor definição que se pode dar a este filme. Não apenas pela música, mas também pelo roteiro e piadas. A história começa com uma nova diretora sendo contratada para colocar ordem no colégio Vincenti Lombardi. Segundo ela, os alunos estão viciados num tipo de música que transforma suas personalidade e os fazem perder a audição, o rock ‘n’ roll. Para tentar conter a disciplina da nova diretora, Riff Randell, uma aluna que é fã nº1 dos Ramones, compra 100 ingressos do show dos roqueiros e distribui na escola. O que segue é uma série de piadas que beiram o nonsense, mostrando a força do rock contra a escola e o sistema antiquado da diretora. Os Ramones estão presentes durante todo o filme, causando alvoroço ao chegar na cidade, passeando pelos sonhos de Riff e claro, fazendo um show foda! Gabba gabba hey!
Hair
Hair – 1979
Pipocômetro:
Vale pipoca Turbo: Larica total. Risos.
Quem diria que um musical com um bando de hippies seria um dos mais famosos e de maior sucesso já feito? Este filme foi inspirado no espetáculo de mesmo nome da Broadway de 1967, e teve como pano de fundo a Guerra do Vietnã. Tema que assombra os americanos em vários outros filmes. Eu sou suspeito para falar desse musical. As músicas são fodas, os atores são fora do comum e os cantores, sem palavras. O filme conta a história de um grupo hippie que luta contra a Guerra, prega o amor livre e gostam de tomar uns alucinógenos, de vez em quando. Um dos personagens principais, Claude, é um jovem que deveria se alistar e seguir para defender o país, mas acaba se identificando com esse grupo de pacifistas cabeludos. Ainda assim, ele acaba seguindo para um treinamento, e os amigos vão atrás dele para tentar impedi-lo de servir ao Tio Sam. Um final supreendente. Troféu joinha para as músicas Age of Aquarius(claro!), Easy to be hard, Hare krishna e Ain´t got no.
Os irmãos Cara de Pau
The Blues Brothers – 1980
Pipocômetro:
Vale pipoca Turbo: Tem que ser em grande quantidade para equiparar a elegância e cara de pau dos irmãos Blues.
Sabe aquela dupla humorística da TV, Os Caras de Pau? Super engraçada, só que não?! Eles são uma imitação barata dos irmãos Jake e Elwood Blues, os irmãos Cara de Pau. Eu assisti esse filme para poder incluí-lo na lista e foi um dos grandes acertos. Jake acaba de sair da prisão e a sua primeira parada foi o orfanato onde cresceu. O lugar precisa de 5 mil dólares para não ser fechado. Os dois embarcam numa saga para reunir a Blues Brothers Band, com o intuito de levantar grana para salvar o orfanato. No caminho encontram pérolas da música negra americana. Calibres pesados como James Brown, Ray Charles, Aretha Franklin e Cab Calloway. Cara. Muito bom. Muito engraçado e com atuações impagáveis dos irmãos Blues, interpretados por Dan Aykroyd e John Belushi.
Os Saltimbancos Trapalhões
Os Saltimbancos Trapalhões – 1981
Pipocômetro:
Vale pipoca Grande: Já faz muito. Vai dar vontade de ver outros filmes dos Trapalhões.
Para fazer esta lista procurei alguns filmes musicais brasileiros, e percebi que a nossa produção no estilo não é tão vasta. Graças aos deuses, temos Os Trapalhões! Este filme, que está em oitavo lugar na lista de filmes mais assistidos na história nacional, é uma adaptação do musical teatral infantil, Os Saltimbancos, e narra a história dos peões de um circo que passam de ladrões de galinhas à atrações principais. Isso por serem mestres em: fazer rir! O mágico Satã e o dono do circo, o Barão, vão tentar barrar o sucesso dos 4 amigos. Além do Didi, Dedé, Mussum e Zacarias cantando, temos números musicais com Lucinha Lins, que interpreta a mocinha. E adivinha de quem é a trilha sonora? Chico Buarque! Ele fez a adaptação do original italiano para o teatro, e também foi autor de algumas músicas especialmente para este filme.
The Wall
The Wall – 1982
Pipocômetro:
Vale pipoca Média: Um Muro divide a quantidade de pipoca.
Com roteiro de Roger Waters, baixista do Pink Floyd, The Wall traz a história de um rockstar desde a sua infância. A trajetória mostra os anos escolares, o pai lutando na 2ª Guerra Mundial, o seu casamento e o grave problema de depressão. Toda a história é costurada sobre as letras do álbum que leva o nome do filme. Quem conhece as músicas, sabe que não será um filme leve. The Wall é um álbum com letras bastante reflexivas, pesadas e ao mesmo tempo densas, traduzidas da mesma forma para a tela. Não é um filme fácil de se ver, pois tem pouquíssimos diálogos e algumas cenas são verdadeiras animações surrealistas. Isso mesmo. O filme intercala cenas com pessoas de verdade com outras produzidas em animação. Audacioso, pesado, mas vale muito para quem curte um bom e velho rock n´roll.
Cry Baby
Cry Baby – 1990
Pipocômetro:
Vale pipoca Grande: É caricato. É exagerado. É demais, para pouca pipoca.
Quando se trata de deboche, John Waters é o cara. Diretor de outras pérolas do humor negro como Hairspray, Pink Flamingos e Mamãe é de Morte, neste filme ele não desaponta. Cry Baby (Johnny Depp) é o cabeça de uma gangue de adolescentes, os Farrapos, em uma cidadezinha dos Estados Unidos. Do outro lado temos os Quadrados, um grupo de “almofadinhas” de onde sai Alisson, a patricinha popular do grupo. Já no início do filme, eles se apaixonam e a mocinha deseja se aventurar no mundo dos deliquentes, mesmo com os protestos da sua avó. Comédia pastelão, mas inteligente (adoro!). Os Farrapos são maravilhosos, com destaque óbvio para Kim McGuire, a atriz que faz Hatchet-face. Muita piada boba, muito clichê proposital, embalado a muito rockabilly.
O Rei Leão
The Lion King – 1994
Pipocômetro:
Vale pipoca Super Turbo: Tem que ter muito o que comer e beber. Filme para ver com a família, com os amigos, a titia, a vovó, o vizinho…
Um dos filmes que mais assisti quando era pequeno. A história do leoãozinho Simba, herdeiro do reino “até onde a luz toca”. O tio e vilão da história, Scar, faz com que ele acredite que a morte do pai é culpa sua, o que provoca a fuga do jovem leão. Ele segue para a floresta, onde encontra dois companheiros de vida e personagens eternos da nossa infância, Timão e Pumba. Lá ele entende o que é viver, é aprender, HAKUNA MATATA. Gente, não preciso descrever muito. Acho que a grande maioria assistiu esse filme, mas se não viu, assista. É uma pequena alegria na vida, que vale a pena.
Todos dizem Eu Te Amo
Everyone says i love you – 1995
Pipocômetro:
Vale pipoca Grande: Pipoca é amor. E para um filme com esse título, só em grande quantidade.
Eu sempre achei engraçadas as cenas de canto e dança em musicais. Se não for um drama muito pesado, todas tem detalhes cômicos. Agora imagina uma comédia musical dirigido por Woody Allen? Apenas genial. Além de diálogos inteligentes, as cenas musicadas são tão debochadas que chegam a ficar cafonas. O amor paira. O roteiro mostra uma família nova iorquina muito rica, e logicamente, cheia de problemas de relacionamentos. Palmas para o elenco estelar: Woody Allen, Julia Roberts, Goldie Hawn, Edward Norton, Drew Barrymore, Natalie Portman (bem novinha), Natasha Lyone(também bem novinha) e Tim Roth. Todos cantam. Conclusão: incrível!
Dançando no Escuro
Dancer in the dark – 2000
Pipocômetro:
Vale pipoca Turbo: Separa muita pipoca e muito refri, sabe? É feliz, é triste, é bonito, é de cortar o coração e os pulsos. São muitas emoções.
Selma(Björk) é uma imigrante operária nos Estados Unidos. Ela tem um severo problema de visão congênito, que irá afetar o seu filho mais cedo ou mais tarde. O que faz de sua vida menos miserável parecem ser os musicais. A cada dia ela enxerga menos, mas não desiste de trabalhar para conseguir pagar um tratamento para o filho. Cenas do dia a dia a levam para uma realidade paralela onde todos cantam e dançam. Só que esta felicidade não dura muito tempo. Logo vem a realidade segundo Lars Von Trier. Quem já viu outros filmes do diretor, sabe o quanto ele consegue chocar com roteiros tristes. Destaque para a música I´ve seen it all, feita em parceria com o Thom Yorke, vocalista do Radiohead.
Interstellar 5555
Interstellar 5555 – The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem – 2003
Pipocômetro:
Vale pipoca Turbo: Faça muita pipoca, espalhe pela sala, chama a galera e comece a festa!
Este filme é uma criação de uma das duplas de música eletrônica mais importantes atualmente, o Daft Punk. O anime narra o rapto de uma banda alienígena de house music por um empresário terráqueo da música. Na Terra, eles passam por uma lavagem cerebral e são “humanizados”, mudando a aparência para que não pareçam alienígenas. Controlados pelo executivo da música inescrupuloso, trabalham incansavelmente e alcançam um enorme sucesso. Mas um dos soldados do seu planeta de origem é enviado para resgatá-los (em uma nave em forma de guitarra!). Essa foi uma grande sacada de marketing para o lançamento do álbum Discovery, já que o filme inteiro tem as faixas como trilha sonora. Grandes hits do Daft Punk como One more time, Aerodynamic, Digital love e Harder, better, faster, stronger estão lá para fazer a gente dançar enquanto assiste. Lindo. Foda.
O Sabor da Melancia
Tian bian yi duo yun – 2005
Pipocômetro:
Vale pipoca Média: Melancia e pipoca não combinam muito, né?
Quem acha que o cinema de arte não faz musicais, está enganado. O roteiro se passa em um prédio de Taiwan, no qual uma equipe de cinema pornô está fazendo um filme. Uma das moradoras estoca água, pois o país está passando por uma severa seca. Ela acaba se apaixonando pelo ator principal, mas não sabe que ele faz filmes pornográficos. O Sabor da Melancia é bem estranho, para não dizer corajoso. Praticamente mudo, o filme tem poucas falas (algo quase impensável para um musical) e um ritmo lento. Para dar uma levantada no astral do filme, cenas de canto e dança. Espalhafatosas, chamativas e kitsch. Com os personagens vestidos em fantasias mais do que curiosas, as cenas trazem um tom cômico. E é assim durante todo o filme. A paciência pelo que aguardam os personagens e cenas de um musical muito louco. Polêmico.
Os Produtores
The Producers – 2005
Pipocômetro:
Vale pipoca Pequena: Com tantas coreografias, não vai dar tempo para comer pipoca.
Esse filme deveria se chama Os Zueras. Do início ao fim. Zuera. Leo Bloom (Matthew Broderick) é contratado para fazer a contabilidade de Max Bialystock, (Nathan Lane), um falido produtor teatral. Analisando os seus gastos, Bloom solta a dica de que é possível ganhar muito dinheiro com um espetáculo que é um fiasco. Eles então começam a produzir um musical da Broadway que não teria como dar certo. Primavera para Hitler. Um musical que começa endeusando o líder nazista, mas que acaba por ridicularizá-lo, sendo Hitler uma versão escrachada mega gay. Enfim, claro que o plano dos produtores dá errado e o espetáculo se torna um grande sucesso! Tudo o que não poderia acontecer, pois assim sendo, eles seriam presos. O filme é o que mais se aproxima de um espetáculo da Broadway, com atuações, cenários, coreografias e músicas exageradas. Até as piadas às vezes passam do ponto.
Across the Universe
Across the universe – 2007
Pipocômetro:
Vale pipoca Grande: Para um musical com clássicos da música mundial, não se poderia pedir uma pipoca menor, né?
Muita gente não tem paciência ou acha que Beatles já deu. Eu por um tempo achava isso , mas no fundo sempre cantava as músicas com um sentimento bom. E é isso que este filme traz. Lindamente filmado e ótimos atores-cantores, Across the universe traz um grande repertório dos Beatles para uma narrativa bem construída. Jude embarca para os Estados Unidos em busca do pai. Lá, um mundo de oportunidades e aventuras se apresentam quando conhece Max e sua irmã Lucy. Os três seguem para Nova Iorque na tentativa de não caírem da caretice americana, com uma pegada um tanto quanto hippie. Max é convocado para a guerra do Vietnam e Lucy entra no movimento estudantil. As músicas parecem ter sido feitas para o filme. Ou o roteirista é foda mesmo? Bom demais.
Viu, não precisa ser alegre para curtir um musical, mas se for…